Yanomami concentraram 10% dos casos de malária em 2022

• A explosão de malária entre os yanomami em números • Hospitais de campanha e compra de medicamentos para a terra indígena • Militares e a tragédia • Desigualdade em São Paulo • Nísia se reúne com secretários estaduais • A fome na América Latina •

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Dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Malária informam que dos 123 mil casos de malária registrados no Brasil em 2022, 11.530 ocorreram no território yanomami. Em entrevista à Folha, Rodrigo Souza, doutor em ciências da saúde, não tem dúvida em apontar a responsabilidade do garimpo ilegal na introdução do protozoário causador da doença em território indígena. “Quando falamos de garimpo ilegal, pode ter certeza que está associado à malária. Ela passeia ali dentro”. Isso porque a atividade do garimpo é feita sob forte insalubridade e ausência de serviços de saúde, o que deixa o combate à sua proliferação fora de qualquer controle sanitário. Curiosamente, a cloroquina é um remédio usado para tal enfermidade, mas, apesar da produção em grande escala em laboratórios do exército como fins de propagandear um falso tratamento de covid, não foi enviada aos yanomami, como publica meses atrás o Portal Amazônia Real.

Weibe Tapeba anuncia hospitais de campanha

O secretário de Saúde Indígena Weibe Tapeba está na Terra Indígena Yanomami (TIY) e declarou ter encontrado um cenário de guerra. “Pudemos presenciar realmente o estado de calamidade que o território vive. É um cenário de guerra. A nossa unidade de Saúde Indígena, nosso povo lá de Surucucu, assim como a nossa casa aqui em Boa Vista são praticamente campos de concentração”. Como publicado em matéria do Amazônia Real, o secretário afirmou que a construção de um hospital de campanha foi iniciada e mais de mil yanomami em péssimas condições de saúde já foram levados de avião para hospitais. Além disso, anunciou que contratos de compra de medicamentos e nos voos contratados para serviços de assistência de saúde na aldeia, cujo acesso é extremamente difícil por terra, estão sendo analisados pelo ministério, sob fortes suspeitas de corrupção.

Militares envolvidos em corrupção na terra indígena

A Folha de S. Paulo teve acesso a documentos da operação Ágata, que investigava a atuação do crime organizado na terra indígena yanomami em 2019. Segundo depoimentos colhidos pela Funai, “os relatos dão conta de que garimpeiros tinham relação de parentesco com militares do Sétimo Batalhão de Infantaria da Selva (BIS), que por sua vez vazavam informações sobre operações de combate à atividade ilegal e permitiam a circulação de ouro ou drogas mediante pagamento de propina”. A apuração ainda reforça os vínculos da militarização da Funai com o avanço do crime organizado, pois teria se intensificado a partir da nomeação do policial militar Marcelo Xavier à presidência da Fundação, em decisão tomada por Sérgio Moro, então ministro da Justiça.

O Mapa da Desigualdade em São Paulo

A Rede Nossa São Paulo, ONG que promove pesquisas e estudos sobre a gestão pública, lançou sua nova edição do Mapa da Desigualdade, trabalho anual que mede índices das principais áreas da vida social. O estudo divide a cidade em 96 distritos, onde se pode ver dados sobre gravidez precoce, média de idade ao morrer, mortalidade por covid-19, mortes maternas, mortalidade infantil e tempo médio para obtenção de uma consulta médica. Como se pode supor, as disparidades dos números por regiões são fiéis ao nível de desenvolvimento e IDH de cada bairro e região da cidade. “O combate às desigualdades não avança na mesma proporção de sua importância e complexidade”, enfatiza o Mapa, que também destaca um aumento das desigualdade a partir do início da pandemia de covid-19. Além da saúde, há outros 11 temas que foram avaliados pelo estudo.

Nísia se reúne com secretários estaduais de saúde e traça metas

Nesta quarta, 25/1, foi realizada a primeira reunião do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), que reúne os responsáveis pelas pastas estaduais do setor. “Temos problemas que vão desde a retomada da atenção à população vítima da covid-19, passando pela superação das filas de atendimentos que ficaram represados, especialmente as cirurgias eletivas, até à retomada da vacinação. São inúmeros desafios nesse processo de construção permanente do SUS que precisam ser enfrentados no início da gestão”, disse Cipriano Maia, presidente do Conass e secretário de Saúde do RN, em matéria publicada no site do Conselho. A ministra Nísia Trindade esteve presente e aproveitou o encontro para falar com alguns representantes de governos estaduais, inclusive Fátima Bezerra, a governadora do RN. O encontro debateu estratégias para reduzir a fila de procedimentos no SUS, a exemplo de exames e cirurgias, a ideia de alinhar de forma conjunta a publicação de portarias e a retomada do Programa Farmácia Popular.

Quase um quarto da América Latina e Caribe não pode comer bem

Fome e desnutrição crônica atingem 22% da população da América Latina e América Central, informa estudo o Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2022, publicado pela ONU. Como mostra matéria do site da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), as razões para a crise são variadas, algumas estruturais, outras transitórias, como a guerra da Ucrânia. Mas, de acordo com especialistas, fica evidente que uma políticas mais igualitaristas em áreas diversas, como economia e meio ambiente, são chave para alterar a situação. “Para contribuir para a acessibilidade de dietas saudáveis, é necessário criar incentivos para a diversificação da produção de alimentos nutritivos destinados principalmente à agricultura familiar e aos pequenos produtores, tomar medidas para a transparência dos preços desses alimentos nos mercados e no comércio, e ações como transferências de dinheiro e melhoria dos cardápios escolares”, disse Mario Lubktin, diretor assistente da FAO.

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