‘Guardiões do Crivella’: vereadores querem impeachment do prefeito

Reportagens apontam como verba pública é usada para atrapalhar deliberadamente trabalho da imprensa em hospitais do Rio

Imagem: Reprodução TV Globo
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Reportagens da TV Globo veiculadas ontem à noite denunciaram um esquema da prefeitura do Rio de Janeiro para atrapalhar deliberadamente o trabalho de jornalistas na porta de hospitais da cidade. Várias vezes, repórteres que entram ao vivo são interrompidos por gritos em defesa do prefeito ou do presidente Jair Bolsonaro. As gravações mostram entrevistas sendo ‘invadidas’ por pessoas que parecem aleatórias vindo bater boca com os entrevistados (usuários dos hospitais contando suas queixas) e com os próprios jornalistas.

Acontece que essas pessoas não são aleatórias, mas funcionários contratados pela prefeitura que dão expediente ao redor das unidades de saúde com esse objetivo específico. O RJ2 apurou que há toda uma organização via grupos de WhatsApp (um deles se chama “Guardiões do Crivella”) em que os funcionários são divididos em escalas diárias com horários estabelecidos. Um dos números de telefone nos grupos, aliás, aparece registrado como sendo do próprio prefeito.

Os funcionários precisam mandar selfies quando começam o ‘plantão’ e depois vão enviando mensagens sobre vitórias ou derrotas: “Quem está no Rocha [Hospital Municipal Rocha Faria]?? Gente, muito triste, não derrubamos a matéria (…) Não pode haver falta, nem atraso. Falhamos no Rocha Faria. Inaceitável”, diz, numa das mensagens, Marcos Paulo de Oliveira Luciano, assessor especial do gabinete do prefeito cujo salário, em julho, era de R$ 10,7 mil. Segundo um dos ex-membros do esquema, que não se identificou na matéria, Marcos Luciano é o “chefão geral”. E há ameaças de demissão para quem não cumpre os combinados. Procurada, a prefeitura não negou a existência dos grupos, mas disse que o esquema serve para “melhor informar a população”… 

Depois da denúncia, a bancada do PSOL na Câmara vai formalizar um pedido de impeachment de Crivella. A vereadora Teresa Bergher (Cidadania) vai pedir a instauração de uma CPI que investique a atuação dos funcionários.

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