Fim da emergência de covid não significa fim da pandemia
• Está chegando o fim da pandemia? • Denúncia de assédio na OMS • A irresponsabilidade de não imunizar crianças • STF confirma piso salarial dos ACS • Análises clínicas na farmácia • Campanha contra dengue, zika e chicungunha •
Publicado 05/05/2023 às 12:07 - Atualizado 05/05/2023 às 14:12
A semana termina com uma declaração oficial da Organização Mundial da Saúde de que a pandemia de coronavírus perde seu status de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), o alerta máximo para surtos endêmicos de determinada doença ou problema sanitário. Mesmo com divergências entre seu corpo de especialistas, a decisão leva em conta o avanço da vacina mundo afora e a estabilização das atividades normais das sociedades, além da queda vertiginosa do número de infecções e internações. No entanto, a pandemia continua a existir, como deixou claro Tedros Adhanom Ghebreyesus, presidente da OMS. “Ontem, o Comitê de Emergência se reuniu pela 15ª vez e me recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de importância internacional. Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro a Covid-19 como uma emergência de saúde global. No entanto, isso não significa que a Covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, a Covid ceifou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos”, disse.
Entidade demite cientista por assédio
Um dos principais pesquisadores da OMS, o dinamarquês Peter Ben Embarek foi demitido após o fim de um processo interno de apuração de denúncias de assédio em sua conduta entre os anos de 2015 e 2017. Embarek diz acreditar nos termos de sua defesa, mas Marcia Poole, diretora da OMS, manteve a decisão com base na investigação interna. O dinamarquês ficou conhecido por chefiar a delegação da entidade que visitou a China em 2021 para investigar as origens do coronavírus. Pressionado pela tese de que a pandemia poderia ter se iniciado a partir de um vazamento do vírus por laboratório, manteve a afirmativa de que o patógeno passou de morcegos para humanos a partir dos mercados de Wuhan. O caso é mais para a lista de condutas masculinas abusivas que balançaram o noticiário nas últimas semanas a envolver celebridades de diferentes áreas de atuação.
Covid: A irresponsabilidade de não vacinar as crianças
Um boletim epidemiológico do ministério da Saúde mostra que mais de 20 mil crianças e adolescentes foram hospitalizados por covid-19 em 2022. Este foi o ano em que Laura Bolsonaro, filha do ex-presidente, poderia ter sido vacinada – ela completou 11 anos em outubro de 2021, três meses antes da inclusão das crianças de 5 a 11 anos na campanha de vacinação, em janeiro de 2022. Bolsonaro afirmou que nem ele nem sua filha foram imunizados, e alega que não houve adulteração nos cartões de vacinação da família. A Fiocruz alertou que as crianças não vacinadas eram o grupo mais vulnerável à covid-19 em 2022, especialmente com o surgimento da variante ômicron. Um estudo também mostrou que crianças não vacinadas são mais propensas a desenvolver sintomas graves da doença. Na quarta-feira (3/5), o deputado distrital Fabio Felix (PSOL-DF) solicitou ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) que tome medidas legais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por não ter levado sua filha para receber a vacina.
STF confirma validade do piso dos agentes comunitários de saúde
Fundamentais na promoção da atenção primária e seu conceito de longitudinalidade, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) conseguiram em 2022 uma vitória histórica, quando o Congresso promulgou seu piso salarial, estabelecido em dois salários mínimos. No entanto, o município de Salvador recorreu da decisão, com a tradicional justificativa de falta de recursos usada para qualquer política pública de bem estar social. Na semana passada, a vitória da categoria foi confirmada quando o STF decidiu pela validade do piso dos ACS, com jurisprudência de repercussão geral, o que significa que a interpretação do judiciário brasileiro será a mesma em qualquer outro caso similar de contestação judicial do piso. Já no início do ano, o governo Lula sancionou lei que reconhece os agentes comunitários como profissionais de saúde. Trata-se de importante avanço na assimilação da democracia brasileira de sua importância no tecido social.
Oferta de testes de análises clínicas em farmácias
A Anvisa aprovou uma nova regra que permite que as farmácias realizem exames de análises clínicas (CAE) no país. Anteriormente, apenas testes de covid e de concentração de glicose no sangue podiam ser realizados nessas unidades. Com a nova regra, que entra em vigor em 1º de agosto, as farmácias e os consultórios isolados agora podem realizar testes rápidos, como os de dengue, HIV e níveis de vitamina D, entre outros – estima-se cerca de 40 tipos. No entanto, a agência ressalta que os testes realizados nas farmácias devem ser usados como processo de triagem e não devem ser usados isoladamente para tomada de decisão clínica. “O resultado de um teste rápido necessita da interpretação de profissionais de saúde, que devem associá-lo aos dados clínicos do indivíduo e à realização de outros exames laboratoriais confirmatórios”, diz nota da agência. Desde que foi autorizada a realização de testes rápidos de covid em farmácias, de forma emergencial durante a pandemia, 20,7 milhões foram feitos pelo Brasil, segundo a Abrafarma.
Doenças do mosquito na mira do ministério
O ministério da Saúde lançou uma campanha nacional de combate às doenças dengue, zika e chicungunha, que são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. O Brasil tem registrado epidemias sucessivas de dengue, com intervalos cada vez mais curtos entre os surtos, enquanto zika e chicungunha também se mantêm com taxas endêmicas ao longo dos anos. Houve aumento de 30% no número de casos de dengue de janeiro a abril deste ano em comparação com o mesmo período de 2022, além de aumento no número de casos de chikungunya e zika. A campanha visa alertar para sinais, sintomas, prevenção e controle das doenças. A população deve procurar o serviço de saúde mais próximo assim que surgirem os primeiros sinais de qualquer uma das três arboviroses e a prevenção é a melhor forma de combater a doença.
