Doação milionária para testes de covid-19 foi parar em programa de Michelle Bolsonaro

Jornal diz que R$ 7,5 milhões doados por Marfrig foram para ‘Arrecadação Solidária’ – que repassou, sem licitação, recursos para instituições aliadas de Damares Alves

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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Bem no início da epidemia brasileira, em março, o governo federal recebeu a notícia de que o frigorífico Marfrig estava interessado em doar R$ 7,5 milhões para que o Ministério da Saúde comprasse cem mil testes sorológicos. Agora, a Folha revela que, na verdade, esse dinheiro foi direcionado para uma finalidade bem diferente: o programa Pátria Voluntária, da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

À empresa, a Casa Civil primeiro garantiu que a doação seria usada exclusivamente para “aquisição e aplicação” dos testes. Depois, prometeu que os recursos seriam usados para “auxílio a pequenos negócios de pessoas em situação de vulnerabilidade”. Assim que o dinheiro bateu na conta do governo, em julho, foi parar em uma ação chamada “Arrecadação Solidária”. E o jornal conta que justamente essa perna do programa da primeira-dama repassou, sem licitação, recursos para instituições missionárias evangélicas aliadas da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). 

Uma delas é a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), que tem o mesmo endereço fiscal da ONG Atini, fundada por Damares em 2006 e onde a ministra atuou até 2015. Segundo a Casa Civil, o dinheiro foi usado para a compra e distribuição de cestas básicas. A assessoria do ministério de Damares respondeu que a AMTB “é uma entidade que reúne mais de 50 instituições com capilaridade em todo o território nacional” e comparou esse tipo de “parceria” com o que ocorre no SUS, em relação às Santas Casas…

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