Contrariando evidências, São Paulo oferece CoronaVac para seus nonagenários

No primeiro dia de aplicação de terceiras doses, 99,2% das pessoas receberam esse imunizante

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Na segunda-feira, primeiro dia de aplicação de terceiras doses de vacina contra a covid-19 em São Paulo, 99,2% das pessoas receberam CoronaVac. São todas maiores de 90 anos, público que será o alvo da campanha até o fim desta semana.

Estadão visitou três unidades básicas de saúde e observou hesitação dos idosos quanto à CoronaVac. Não porque sejam negacionistas ou “sommeliers” – afinal, tomaram esse mesmo imunizante quando ele foi ofertado em primeiro lugar, há mais de seis meses – mas porque a decisão do governo do estado, apoiada pela direção do Instituto Butantan, vai contra não apenas a recomendação oficial do Ministério da Saúde como também a posição declarada de vários especialistas. Nesses mesmos locais de vacinação havia doses da Pfizer/BioNTech disponíveis, mas destinadas apenas a adolescentes.

Além de São Paulo, o único outro estado a incluir a CoronaVac como opção para a terceira dose foi o Rio de Janeiro. Por lá, a orientação máxima é a de que os municípios misturem vacinas: quem já tomou CoronaVac recebe Pfizer, Oxford/AstraZeneca ou Janssen, enquanto quem já tomou uma dessas três recebe agora a CoronaVac. Porém, ao menos a capital não pretende seguir o esquema: vai dar só Pfizer e AstraZeneca para todos.

Temos falado muito por aqui sobre as questões envolvendo o uso da CoronaVac em idosos. Esta ótima reportagem da Folha, publicada no sábado, resume os indícios que apontam a conveniência de escolher outro imunizante para proteger melhor essa população. E a Anvisa informou que o Butantan ainda não enviou dados de estudos sobre a terceira dose com essa vacina para sustentar sua indicação e posologia.

Em tempo: no sábado, a Anvisa interditou 25 lotes da CoronaVac, com ao todo 12 milhões de doses, por elas terem sido envasadas numa fábrica que não foi inspecionada pelo órgão, o que não é permitido. O Butantan criou uma força-tarefa para resolver as pendências – é preciso apresentar relatório de inspeção de outras autoridades ou a realização presencial da inspeção pela própria agência. Quatro milhões dessas doses chegaram a ser aplicadas. Quem as tomou deve ser monitorado por 30 dias para avaliação de efeitos adversos, de acordo com o Ministério da Saúde. Mas, segundo a Anvisa, a medida foi tomada por cautela e não há razão para pânico.

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