Com crítica à Constituição, Barros revive tempos de Ministério

Ex-chefe da Saúde critica direitos garantidos na Carta Magna: defende ‘ṕlebiscito’

Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil
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Quem acompanhou a passagem de Ricardo Barros pelo Ministério da Saúde teve uma sensação de déjà-vu ontem. Ficou famosa a entrevista que ele concedeu à jornalista Claudia Collucci logo que tomou posse como ministro do governo Temer. Nela, o político usava o exemplo grego para defender uma nova Carta Magna. “A Constituição Cidadã, quando o Sarney promulgou, o que ele falou? Que o Brasil iria ficar ingovernável. Por quê? Porque só tem direitos lá, não tem deveres. Nós não vamos conseguir sustentar o nível de direitos que a Constituição determina. Vamos ter que repactuar, como aconteceu na Grécia, que cortou as aposentadorias, e em outros países que tiveram que repactuar as obrigações do Estado porque ele não tinha mais capacidade de sustentá-las”, disse na época.

Ontem, inspirado pelo plebiscito chileno – que, aliás, deve resultar em diretrizes constitucionais que ampliem o direito à saúde –, Barros voltou a advogar a ideia. “Acho que devemos fazer um plebiscito, como fez o Chile, para que possamos refazer a Carta Magna e escrever muitas vezes nela a palavra deveres, porque a nossa Carta só tem direitos e é preciso que o cidadão tenha deveres com a nação”, disse, completando depois que o governo não dá conta de “entregar todos os direitos que a Constituição decidiu em favor de nossos cidadãos”.

Barros, mais uma vez, ocupa uma posição de poder e é líder do governo na Câmara dos Deputados. Quando tinha a caneta no ministério, tentou emplacar na ANS uma resolução que buscava contornar a legislação dos convênios médicos para criar ‘planos de saúde populares’, cortando financiamento público e empurrando a população para o mercado nos moldes do Chile de Pinochet.

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