Casos de dengue explodem no Brasil
• Escalada da dengue no Brasil • Austrália receita MDMA e psilocibina • Amil muda de dono • Mais médicos da família no Rio de Janeiro • Uganda persegue homossexuais com HIV • Ultraprocessados em Davos e no G20 •
Publicado 22/01/2024 às 09:22 - Atualizado 22/01/2024 às 09:24
No final do ano passado, especialistas já alertavam que o Brasil poderia registrar um número recorde de casos de dengue em 2024, por razões que vão das mudanças climáticas às lacunas no trabalho de vigilância. Dados do Ministério da Saúde (MS) sugerem que o cenário previsto já está se tornando realidade – no Sul do país, houve 1000% de aumento nos diagnósticos em relação a 2023 só nas primeiras duas semanas do ano. Menos explosivo mas também expressivo foi o crescimento da doença em outras regiões: de mais de 100% no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. E a alta, embora menor, é também relevante em estados como São Paulo e Pernambuco. Na soma nacional, passamos de 27 mil para 55 mil registros de casos. No último ano, o MS criou a Sala Nacional de Arboviroses e liberou R$256 milhões para o enfrentamento dessas doenças. Agora, chega o momento do tira-teima da efetividade das medidas.
Psicodélicos do outro lado do mundo
Na Austrália, momento histórico para a utilização de psicodélicos com finalidades clínicas. Psiquiatras da cidade de Melbourne receitaram MDMA e psilocibina, respectivamente, a pacientes com transtorno de estresse pós-traumático e depressão. São os primeiros a fazê-lo: antes disso, as substâncias só haviam sido utilizadas em pesquisas acadêmicas. O país foi o primeiro a legalizar seu uso médico. Os profissionais de saúde australianos, na verdade, já estavam autorizados a prescrever essas substâncias desde o início do ano passado – nenhum, contudo, havia se arriscado até aqui. Para receitá-los, eles devem obter um Certificado em Terapias Assistidas por Psicodélicos ofertado por uma organização filantrópica que também cede os medicamentos. Uma parcela dos ativistas considera o processo burocrático – outros, comemoram a novidade e esperam pelos resultados do uso.
ANS aprova transferência do controle da Amil
Novo capítulo das intrincadas transformações na saúde privada brasileira: a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a venda da Amil para José Seripieri Filho, investidor que já comandou as empresas Qualicorp e QSaúde no mesmo ramo econômico. Poucos dias antes, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também deu seu aval à operação. Assim, a Amil sai das mãos da UnitedHealth Group (UHG), gigante estadunidense que é a maior corporação do mundo da área da saúde. Nota do Cade relata que a UHG argumentou que a Amil era uma “subsidiária de baixa representatividade nas operações globais do grupo” – e que sua transferência para Seripieri, que já não controlava nenhum de seus empreendimentos anteriores, não representaria maior concentração no setor. A operadora de saúde foi vendida por R$11 bilhões, dívidas incluídas.
70% dos cariocas cobertos pela atenção básica
Cerimônia com a presença de autoridades federais e municipais comemorou a retomada do patamar de 70% de cobertura da atenção primária em saúde no Rio de Janeiro. No evento, foram recebidos 218 profissionais recém-contratados pelo programa Mais Médicos – uma das estratégias do governo para acelerar a reconstrução da Saúde na cidade. Em março, mais 100 médicos do programa se somarão aos esforços na capital fluminense. Por conta de disputas entre o poder público e Organizações Sociais (OSs) durante a gestão Crivella, a cobertura da atenção básica no Rio de Janeiro chegou a cair para 46% da população. Em fala, a ministra Nísia Trindade afirmou que a Saúde da Família, chave para essa reampliação da cobertura, terá “papel muito importante no apoio às emergências climáticas e sanitárias, que a gente sabe que são os grandes desafios de hoje”.
Legislação homofóbica de Uganda arrisca criar nova crise com HIV
Há cerca de 30 anos, Uganda possuía uma das maiores taxas de HIV/aids no mundo. Contudo, programas implementados com o apoio das Nações Unidas e outras organizações multilaterais garantiram importantes êxitos na redução da crise sanitária: entre 1990 e 2019, as mortes ligadas a essa condição de saúde caíram em 90%. Por outro lado, uma lei homofóbica recentemente implementada pelo presidente Yoweri Museveni com o tenebroso título de Anti-Homosexuality Act arrisca pôr tudo a perder. No país, manter uma relação com uma pessoa do mesmo sexo pode agora resultar na aplicação da pena de morte. Por receio da repressão, pessoas com HIV estão fugindo de clínicas de tratamento e abrigos e centros de cuidado especializado estão fechando. A busca por testes já caiu pela metade desde a aprovação da legislação. Militantes e defensores de direitos humanos alertam: caso as perseguições não cessem, uma crise ligada ao HIV/aids pode não estar distante do cenário de Uganda.
Os novos passos da luta contra os ultraprocessados
Encerrado na última sexta-feira, o Fórum Econômico Mundial debateu, entre outros temas, as transformações da alimentação humana nas últimas décadas – em especial, pela presença agora ubíqua dos ultraprocessados. Em entrevista ao Jornal da USP, o professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo Ricardo Abramovay relata que o espaço tem um papel decisivo para “ligar o sinal vermelho” para o “descompromisso das gigantes do setor agropecuário” com uma posição responsável. Abramovay conta ainda que um dos próximos momentos decisivos da agenda internacional para avanços na pauta alimentar pode ser a Conferência do G20, que o Brasil sediará em setembro. “Vamos insistir nesse tema da urgência de superar a monotonia do sistema agroalimentar global como uma premissa para que a gente possa avançar na luta contra a fome e as desigualdades, pelo bem-estar animal e pelo desenvolvimento sustentável”, ele explica.