Operadoras de saúde projetam reajuste de 25%

• Novos aumentos na saúde privada • Reclamações contra Hapvida NotreDame • Remédio para covid leve • Como lidar com a doença, em 2024 • Novo abuso contra mulheres que buscam aborto legal • Greve da Enfermagem no Marrocos •

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Os professores e especialistas em saúde suplementar, Ligia Bahia (UFRJ) e Mário Scheffer (USP), em artigo na Folha, alertam para os prenúncios de aumentos exorbitantes nas mensalidades dos seguros de saúde em 2024. Consultorias ligadas às operadoras projetam reajustes médios de 25%, afetando cerca de 41,9 milhões de beneficiários – já os seguros individuais devem ter novos aumentos em torno de 15%. A situação afeta tanto os trabalhadores com seguros corporativos quanto os autônomos e pequenos empresários – que também sofrem com rescisões imotivadas e aumentos além do permitido. Os índices sempre superiores à inflação tornam o pagamento dos planos uma grande preocupação, levando à frequente troca de seguros e aumento das reclamações sobre atendimentos negados e mensalidades impagáveis. Os pesquisadores chamam a atenção à falta de transparência do setor e a necessidade de parâmetros confiáveis para regulamentação, assim como o impacto dos seguros de saúde no índice de preços ao consumidor. Os autores criticam a postura das operadoras, que, ao inflacionarem os números, prejudicam os esforços colaborativos para equilibrar os gastos e promover a saúde no país.

Explosão de reclamações contra Hapvida NotreDame

Após a fusão das operadoras de plano de saúde Hapvida e NotreDame em 2022, o número de reclamações e processos judiciais disparou, conta o Estadão. Investigado pelo Ministério Público de São Paulo por descumprimento sistemático de decisões judiciais, o grupo, que tornou-se o maior do ramo, enfrenta críticas crescentes sobre a piora na assistência oferecida aos beneficiários. As ações judiciais contra a NotreDame no Estado de São Paulo também subiram 56,9% entre 2022 e 2023, e as reclamações na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) cresceram substancialmente. O promotor responsável pela investigação destaca a apuração de negativas de cobertura fora da esfera judicial. A reportagem destaca que o aumento das reclamações ocorre em meio às reclamações da empresa por uma suposta situação financeira desfavorável.

Um medicamento para tratar a covid leve

Um novo medicamento, chamado simnotrelvir, apresenta esperança para o alívio da covid-19 em pessoas com casos leves a moderados, segundo a revista Nature. Administrado em forma de comprimidos, o simnotrelvir acelera a recuperação em cerca de 1,5 dias, aliviando sintomas como febre, tosse e coriza. Os resultados de um ensaio clínico foram publicados no New England Journal of Medicine. O medicamento foi testado em pessoas de risco padrão, combinando simnotrelvir com ritonavir, componente do Paxlovid. Embora eficaz, o simnotrelvir possui desvantagens semelhantes ao Paxlovid, como sabor desagradável e incompatibilidade com alguns medicamentos. Aprovado na China, o medicamento é mais acessível e essa nova pesquisa pode motivar aprovações em outros países. No entanto, alguns especialistas destacam a necessidade de mais informações sobre sua eficácia em prevenir hospitalizações e mortes em pessoas de alto risco.

Os desafios da covid em 2024

Três anos após a vacinação da primeira brasileira contra a covid-19, especialistas destacam a importância de atualizar o calendário vacinal, especialmente para grupos de risco. Em entrevista à Agência Brasil, o médico infectologista Gonzalo Vecina Neto elogia a atuação da rede periférica de serviços de saúde pública na expansão da vacinação, mas alerta sobre a baixa cobertura em crianças, que enfrentam maior mortalidade devido à falta de imunização. As variantes em circulação têm alta capacidade de disseminação, mas menor mortalidade. Vecina destaca a fragilidade imunológica de idosos, crianças, gestantes e portadores de comorbidades. A infectologista Rosana Richtmann propõe a vacinação anual, especialmente para grupos de maior risco, utilizando vacinas atualizadas contra novas variantes. Ela também destaca o desafio de vacinar crianças pequenas, considerando-as um grupo virgem de proteção, e sugere a aquisição da vacina monovalente mais atualizada disponível nos Estados Unidos para reforçar a imunização no Brasil. A inclusão da vacinação de crianças no Programa Nacional de Imunizações é enfatizada como medida preventiva diante do registro de 135 mortes de crianças  em 2023.

Goiás quer tortura para mulheres que buscam aborto legal

Em Goiás, foi sancionada a uma lei estadual que propõe a realização de ultrassom para que mulheres que precisam interromper a gestação escutem os batimentos cardíacos do feto, como parte de uma “campanha de conscientização contra o aborto”, segundo o Mídia Ninja. A lei, de autoria do ex-deputado estadual Fred Rodrigues, aliado de Jair Bolsonaro, enfrenta críticas da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da Ordem dos Advogados do Brasil de Goiânia, que a considera inconstitucional e uma forma de tortura. É bom lembrar que os casos em que o aborto é legal, no Brasil, são gravidez fruto de estupro, feto com anencefalia e risco à vida da mulher – todas situações que já deixam a gestante em estado muito fragilizado. A CMA recomenda uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a legislação. Essa iniciativa em Goiás segue um padrão semelhante a uma lei em Maceió, sancionada em dezembro de 2023, também objeto de uma ação direta de inconstitucionalidade da Defensoria Pública de Alagoas. Ambas as leis são contestadas por violarem direitos fundamentais das mulheres, incluindo o direito à saúde mental e a dignidade em situações de extrema vulnerabilidade, como em casos de estupro. Essas medidas locais ocorrem em meio a um debate nacional no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a descriminalização do aborto para gestações de até doze semanas.

Enfermagem em greve no Marrocos

Os trabalhadores da saúde continuam a se manifestar, mundo afora. No Marrocos, enfermeiros e técnicos têm protestado por melhorias, em especial remuneração adequada, melhores condições de trabalho e reconhecimento profissional. As negociações com o Ministério da Saúde por um aumento de salário não atenderam às demandas, resultando em uma nova onda de greves – a última aconteceu entre terça e quinta desta semana. Os profissionais buscam aumento, equiparando o adicional de risco ao dos médicos, que recebem significativamente mais. A desigualdade salarial, aliada aos altos custos de vida, leva os trabalhadores a uma situação precária. A mercantilização no setor de saúde e reformas que abrem espaço ao setor privado aumentaram a insatisfação. Há uma grande preocupação com a emigração de enfermeiros, especialmente para o Canadá, que cresce devido às condições adversas no Marrocos. O país da América do Norte, por enfrentar escassez de mão de obra, recruta profissionais de saúde marroquinos, exacerbando a falta de pessoal no país de origem. E está previsto um aumento nos limites de imigração canadenses para 2024-2025, o que deve ampliar a escassez de profissionais no país africano, caso as condições de trabalho não se alterem.

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