Brasil tem novo salto em número de casos

Com 40 mil registros em 24 horas, país tem um quarto das infecções diários confirmados em todo o mundo. Total de mortes chega a 52,7 mil

Foto: Alex Pazuello
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Dos 164,8 mil novos casos de covid-19 registrados no mundo entre segunda e terça-feira, 25% vieram de um único país – o Brasil. O número aqui foi de 40.131 segundo o consórcio de veículos de imprensa, ou 39.436 segundo o Ministério da Saúde, de modo que o total chegou a 1,16 milhão. Foi o segundo maior registro diário de infecções desde a sexta-feira. Naquela ocasião, quando se divulgou o montante de mais de 50 mil novos casos, havia uma justificativa: nos dois dias anteriores, nove secretarias estaduais não haviam conseguido submeter seus dados completos devido a erros na plataforma e-SUS. Como consequência, os registros se acumularam. Agora, não sabemos. Não houve coletiva de imprensa ontem para responder às dúvidas dos repórteres. Tem sido comum uma alta nos registros às terças-feiras por conta da entrada tardia de algumas informações do fim de semana, mas 40 mil é um número extraordinário. 

Não se sabe direito quantos testes o país já realizou. Se tivesse aumentado substancialmente a quantidade, isso explicaria em parte a explosão no número de casos, mas não parece ser essa a questão. Na segunda-feira, o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan alertou para o fato de que cerca de 31% dos testes no Brasil dão resultado positivo, o que indica uma baixa testagem (quanto mais gente é testada, menos positivos são encontrados). Para se ter uma ideia, nos países que testam em massa essa taxa fica em 5%.

Já ouvimos mais de uma vez a promessa do governo brasileiro de expandir a testagem à casa dos 40 milhões. Ontem, o ministro interino Eduardo Pazuello informou que a pasta pretende testar quase um quinto da população, ou 50 milhões de pessoas, sabe-se lá como e quando. Metade desses testes serão do tipo PCR, e a outra metade, sorológicos.

Aliás, vários estados brasileiros estão juntando os resultados dos dois tipos de testes nos seus indicadores, o que cria um caos generalizado, pois o percentual de erro dos sorológicos é muito alto. Mas pode ser que mais um fator de confusão entre na conta brasileira.

De acordo com Pazuello, o diagnóstico clínico também vai passar a compor a base de dados de casos de covid-19. “O diagnóstico médico, o diagnóstico clínico é soberano. Nossos médicos têm, sim, capacidade e direito de diagnosticar os pacientes, dando o protocolo e o tratamento que achar que devam fazer. Então, o diagnóstico clínico passa a ser base de dados também para que possamos compreender a evolução da doença, e não ficar apenas imaginando se aquele teste tem 30% de erro, ou se foi feito na hora errada”. Resta saber se o governo também vai aceitar diagnósticos clínicos para contabilizar as mortes…

O fato é que o Brasil já lidera a média semanal de novos casos desde maio, quando ultrapassou os Estados Unidos. Se o boom dos últimos dias não se dever a atrasos nem a aumento nas testagens, mas sim representar um brusco aumento real das infecções, podemos esperar mortes em disparada dentro em breve. O registro diário divulgado ontem pela imprensa foi de 1.364, elevando o total a 52.771. No Centro-Oeste, os óbitos mais que dobraram desde o início do mês – foram de 568 para 1.308. No mesmo período, eles cresceram 67,2% no Sul, 37,2% no Sudeste, 38,5% no Nordeste e 23% no Norte.

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