Autodefesa diante de Trump
Em manobra visando proteção comercial, farmacêuticas planejam manifesto contra a tentativa de Trump apressar a vacina antes das eleições nos EUA
Publicado 08/09/2020 às 08:50 - Atualizado 08/09/2020 às 08:56
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Temos visto nas últimas semanas a pressão política do presidente dos EUA para que o país aprove alguma vacina antes das eleições. E uma resposta a isso – ainda que não cite o nome de Donald Trump – está a caminho, vinda da própria indústria farmacêutica. Nove empresas –. Pfizer, Merck, AstraZeneca, Sanofi, GlaxoSmithKline, BioNTech, Johnson & Johnson, Moderna e Novavax – avisaram que vão publicar, esta semana, uma declaração prometendo não buscar a aprovação do governo sem extensos dados de segurança e eficácia. Junto a isso, na semana passada o grupo comercial BIO (que representa a indústria de biotecnologia) divulgou uma carta aberta dizedo que qualquer vacina ou tratamento só deveria se tornar disponível com o mesmo tipo de dados “rigorosamente considerados”.
Pode soar estranho, considerando que os lucros que a indústria farmacêutica vai ter com o início da distribuição em massa. Não à toa, essas empresas estão correndo mais do que nunca para terminar seus testes clínicos.
Só que, como aponta a matéria do STAT, qualquer movimento da FDA (a Anvisa americana) de aprovar uma vacina antes dos resultados finais vai ser obviamente encarado como uma estratégia eleitoral – algo que minaria (aliás, já está minando) a confiança geral não só na FDA como também nas empresas.
“As empresas estão cientes de que, em um dia bom, têm dificuldade em vender vacinas para 25% do país, que desconfia da segurança. Portanto, a última coisa que eles precisam é que Trump faça uma manobra para ter uma vacina antes da hora”, diz Ira Loss, da Washington Analysis, que monitora questões regulatórias e legislativas farmacêuticas para investidores.