Após invasão de Israel, mais um hospital deixa de funcionar

• Mais um hospital para em Gaza • Estados começam a vacinar contra dengue • Fecha o Hospital Psiquiátrico Santa Mônica • Jovens com transtornos mentais recorrem à polifarmácia • Cólera na África • Justiça vê covid como doença ocupacional •

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Há cerca de uma semana, Israel cercou e invadiu o hospital Nasser, localizado na cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza. As forças de ocupação alegam estar em busca de infiltrados do Hamas, pretexto já bastante desgastado após a destruição da maior parte dos hospitais ao norte. No domingo, 18/2, Tedros Adhanom, diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou que o Nasser está fora de operação, por falta de energia e de água potável. Ainda assim, Israel não permitia a entrada da Organização, para retirada dos pacientes mais graves. O hospital abriga cerca de 10 mil palestinos desabrigados; 200 pessoas estão em tratamento. Ontem, 19/2, as equipes da OMS receberam autorização de entrada e conseguiram resgatar 14 enfermos críticos e transferi-los para outros hospitais – um deles está entubado. A Organização também constatou falta de comida, fórmula alimentícia para bebês, insumos médicos básicos e oxigênio. 

Em vídeo publicado por Adhanon no twitter, vê-se a equipe de resgate percorrendo o interior do Nasser com a ajuda de uma lanterna. Segundo o diretor, há ainda 180 pacientes e 15 profissionais de saúde no hospital. Nesta nova fase da guerra, Israel ataca as cidades ao sul de Gaza, onde concentram-se milhões de palestinos que fugiram dos bombardeios do norte. A OMS também denuncia que as forças de ocupação israelenses continuam a dificultar e impedir a entrada da ajuda humanitária. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 28.985 palestinos morreram desde 7 de outubro, 85% da população está desabrigada; quase todos sofrem de insegurança alimentar grave.

Vacinação contra dengue começa em 6 estados

A imunização contra a dengue teve início em seis dos dez estados selecionados pelo Ministério da Saúde para receberem o lote inicial de 712 mil doses. A distribuição abrange 315 municípios e começou em 8 de fevereiro, com destaque para o Distrito Federal, Goiás, Campo Grande (MS), Salvador (BA), São Luís (MA), Rio Branco (AC), Natal (RN), João Pessoa (PB). Já Itaquaquecetuba foi a primeira cidade de São Paulo a aplicar o imunizante. O primeiro lote visa imunizar crianças de 10 a 11 anos em 60% dos 521 municípios selecionados, com previsão de cobertura total até a primeira quinzena de março. Paralelamente, pesquisadores da Universidade de Brasília buscam conter a propagação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya, no Distrito Federal, que enfrenta recorde de casos. Estratégias como estações disseminadoras de larvicidas e borrifação residual intradomiciliar têm mostrado resultados positivos em redução da infestação. O pico de contaminação é previsto para março e abril, e áreas sem saneamento básico chegam a ter até cinco vezes mais mosquitos que locais urbanizados.

O fim de mais um manicômio no Rio

O Hospital Psiquiátrico Santa Mônica, em Petrópolis, Rio de Janeiro, encerrou suas operações em 8 de fevereiro após uma Força-Tarefa do Ministério Público constatar violações dos direitos dos pacientes e a falta de serviços adequados de saúde mental. Os pacientes remanescentes foram transferidos para residências terapêuticas. O hospital, anteriormente conveniado ao SUS, não estava alinhado ao modelo antimanicomial e não atendia às normativas internacionais. O MP-RJ iniciou uma investigação sobre a morte de pelo menos 15 pacientes em 2023, relacionadas à situação precária na instituição. O SRT, sistema de moradia assistida, foi adotado para pacientes com histórico de longa internação psiquiátrica, promovendo a desospitalização e reintegração social. O MP-RJ destaca a incompatibilidade do hospital com as normas de proteção aos direitos das pessoas com transtornos mentais. O Hospital Psiquiátrico Santa Mônica reduziu gradualmente o número de pacientes, passando de 197 em 2014 para 154 em 2022. O relatório aponta que 97 estavam internados por mais de dois anos, sendo 47 por entre 10 e 25 anos.

Jovens que tomam mais de um remédio psiquiátrico

A informação se refere aos Estados Unidos, mas a tendência da ultramedicalização é forte também no Brasil. O aumento preocupante da prescrição de múltiplas drogas psiquiátricas para crianças e adolescentes norte-americanas foi destacado em um estudo publicado no JAMA Open Network. A pesquisa revela um aumento de 9,5% na prevalência da chamada “polifarmácia” entre pacientes de até 17 anos que estavam registrados no programa Medicaid, de 2015 a 2020. Esse fenômeno, definido como o uso simultâneo de três ou mais classes de medicamentos psiquiátricos, ocorre apesar de não haver testes de segurança ou estudos sobre os efeitos no cérebro em desenvolvimento das crianças e adolescentes. Especialistas enfatizam a necessidade de maior avaliação dos impactos a longo prazo no desenvolvimento cerebral.

África: surto de cólera e crise climática

O continente que menos tem responsabilidade pelo colapso climático é vítima de mais uma catástrofe gerada por sua aproximação. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da África atribui o mais recente e severo surto de cólera na região às mudanças no clima. Nos últimos meses, a doença causou centenas de mortes nos países no sul do continente, na maior crise dos últimos três anos. Tempestades, ciclones, inundações e outros eventos climáticos ajudam na proliferação da cólera, que é transmitida pela água e provoca desidratação grave. A escassez de vacinas no continente agrava a situação: a África precisa dispor de 80 milhões de doses de vacina para controlar a cólera, mas conta com apenas 15 a 18 milhões.

Covid, doença ocupacional

A Unimed de Ribeirão Preto terá de indenizar uma técnica de enfermagem que foi demitida após contrair covid durante a pandemia. Segundo a Jota, a profissional, que desempenhava suas funções no hospital, foi dispensada após retornar de licença previdenciária e entrou com um processo contra a empresa. A decisão judicial da 11ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região baseou-se na constatação de que a empresa não respeitou o direito à estabilidade provisória de um ano após o retorno ao trabalho. A compensação inclui salários, benefícios, 13º salário, férias, FGTS + 40%, e uma indenização por danos morais equivalente a três vezes o último salário da trabalhadora. O tribunal reconheceu o elevado risco enfrentado pelos profissionais de saúde durante a pandemia, considerando a covid como uma doença ocupacional devido ao contexto de trabalho da técnica de enfermagem. A Unimed de Ribeirão Preto avalia a possibilidade de recorrer da decisão.

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