A fome assola Gaza

• Palestinos com fome • SUS terá vacina contra dengue • ANS registra aumento de queixas contra planos de saúde • Recordes de aquecimento dos oceanos • Mata Atlântica tem 70% de árvores ameaçadas • Gulnar Azevedo reitora da UERJ •

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Mais de dois milhões de pessoas que vivem em Gaza – 93% de sua população – estão, hoje, em situação de insegurança alimentar aguda. O alerta foi dado pela IPC Global Initiative, associada à ONU. 17% destes palestinos enfrentam um nível “catastrófico” de fome, quando o risco de morte é iminente. Uma particularidade dessa situação é que ela não é causada pelo ambiente, mas pelos próprios humanos – no caso, pelo massacre das forças de ocupação israelenses. A ajuda humanitária, de que Gaza precisa para manter seus habitantes, está sendo amplamente dificultada por Israel, seja dificultando a entrada de caminhões ou oferecendo perigo às organizações que manejam os suprimentos. As crianças, principais vítimas dos recentes ataques, são quem corre maior risco de morrer de fome – bem como gestantes e lactantes, pessoas doentes e idosos. Assusta os pesquisadores o fato de que a situação tenha se agravado tão rapidamente. “O rigor, a escala e a velocidade da destruição das estruturas necessárias à sobrevivência e à aplicação do cerco superam qualquer outro caso de fome provocada pelo homem nos últimos 75 anos”, afirmou Alex de Waal, especialista em crises humanitárias e lei internacional na Universidade norte-americana de Tufts, em entrevista ao NY Times.

Em fevereiro, chega vacina contra dengue no SUS

O Brasil comemorou, antes da virada do ano, a incorporação de vacina que combate a dengue no SUS – tornando o primeiro país a oferecê-la no sistema público de saúde. O imunizante é chamado de Qdenga, e produzido pela farmacêutica japonesa Takeda. Será oferecido a partir de fevereiro, a pessoas com idade entre 4 e 60 anos – uma arma importante para combater o aumento progressivo da doença no país. A Qdenga contém o sorotipo 2 do vírus atenuado, e tem proteção variável para os demais: 69,8% contra o DENV-1 e 95,1% para o DENV-2. Para os sorotipos 3 e 4 da doença, menos comuns no país, a proteção fica abaixo de 50%. Nos próximos dias, será definida a estratégia de utilização das doses disponíveis – a quantidade é baixa e por isso devem ser utilizadas principalmente em regiões prioritárias. Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5.082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. O esquema vacinal é composto por duas doses.

Ainda mais reclamações contra planos de saúde

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as reclamações de usuários de planos de saúde aumentaram 49,7% nos primeiros dez meses de 2023. O número de protestos superou os três anos anteriores em todos os meses, atingindo o pico em agosto, com 36.799 notificações. Cerca de 82,7% das reclamações referem-se à assistência dos planos. O boletim da ANS revela também que os planos de saúde tinham 50,9 milhões de usuários de assistência médica em outubro de 2023, representando um aumento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2022. A agência destaca ainda que, nos últimos cinco anos, aproximadamente 1,6% das mais de 11 milhões de internações anuais no SUS foram de pacientes cobertos por planos privados de saúde com assistência médica. Como tem tratado Outra Saúde ao longo dos últimos meses, há um forte debate na saúde suplementar a respeito de uma suposta crise financeira, marcada por reajustes considerados abusivos e uma relação cada dia mais conturbada entre empresas e usuários.

Os oceanos também estão aquecendo

Um artigo publicado na revista Nature revela que os oceanos do mundo absorveram mais calor em 2023 do que em qualquer outro ano registrado, e o recorde tem sido batido seguidamente nos últimos cinco anos. Os dados foram apontados por um estudo anual liderado pelo Instituto de Física Atmosférica (IAP) da Academia Chinesa de Ciências. Cheng Lijing, oceanógrafo do IAP, destaca que o aumento reflete o crescente volume de gases de efeito estufa gerados pela atividade humana na atmosfera. Ele enfatiza que os oceanos, responsáveis por armazenar 90% do calor excedente, vão continuar a absorver energia enquanto os níveis de gases de efeito estufa permanecerem elevados. O calor oceânico é considerado um indicador robusto das mudanças climáticas globais, menos afetado por flutuações naturais do sistema terrestre do que as temperaturas do ar e da superfície do mar. Especialistas advertem que o aquecimento oceânico contínuo pode ter impactos como a intensificação de eventos climáticos extremos e alterações no comportamento da vida marinha.

Árvores da Mata Atlântica ameaçadas

Um estudo publicado na revista Science revela que mais de 80% das mais de 2 mil espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica estão ameaçadas de extinção, de acordo com critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Se forem considerados todos os 4.950 tipos de árvores no bioma, 65% enfrentam ameaça. Espécies como o pau-brasil, a araucária, o palmito-juçara e a erva-mate foram classificados como “Em Perigo”. O estudo, liderado por pesquisadores brasileiros, foi o primeiro a classificar o grau de ameaça de todas as espécies da Mata Atlântica. “O número [de 82% de espécies endêmicas ameaçadas] foi um susto para nós, porque usamos uma abordagem conservadora. Levamos em conta se as espécies tinham ou não floresta disponível, independentemente de ser ou não uma floresta saudável, por exemplo. Mas nem todas as espécies conseguem se manter em fragmentos degradados. É possível, portanto, que a realidade seja ainda mais preocupante”, conta Renato Lima, coordenador do estudo.

A nova reitora da UERJ

Gulnar Azevedo, professora do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (IMS) e membro da Frente pela Vida, assumiu o cargo de reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em uma cerimônia no Palácio Guanabara, em 10/1. Sua chapa foi eleita pela comunidade acadêmica para liderar a universidade até 2027. Em entrevista à EBC, Gulnar afirmou que a nova gestão tem como principal objetivo garantir autonomia financeira, administrativa e acadêmica à UERJ, buscando sustentabilidade para manter os cursos existentes e expandir a universidade. Entre as metas, estão a ampliação da política de assistência estudantil, a melhoria nas condições salariais e a promoção da saúde mental. A nova reitora também pretende intensificar convênios com países como Japão e China, além de explorar áreas tecnológicas, de saúde, biomédica, geologia, química, letras e ciências sociais em parceria com universidades estrangeiras. Gulnar Azevedo, a segunda mulher a assumir a reitoria da UERJ em 73 anos, enfatiza a necessidade de uma presença feminina marcante e planeja criar a Superintendência de Igualdade Racial e de Gênero.

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