Água em disputa

Créditos: Fama 2018

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O FMA é conhecido como ‘fórum das corporações’. Então, ao mesmo tempo e em oposição ao evento, começou no sábado o Fórum Alternativo Mundial da Água…

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ÁGUA EM DISPUTA

Começou ontem o 8º Fórum Mundial da Água, que vai até o dia 23. O coordenador temático, Jorge Werneck, diz na Agência Brasil que é importante construir uma política nacional de prevenção à escassez. Na Folha, tem dados sobre o acesso à água no mundo. O jornal também lembra que Brasília, onde acontece o encontro, passa por um racionamento de água há mais de um ano, mas o centro de convenções, hotéis e outros pontos da área do fórum vão ser excluídos do racionamento durante essa semana.

São esperadas 40 mil pessoas. E elas vão ter umas experiências high-tech, como colocar óculos de realidade virtual para ‘visitar’ certas áreas do país e ir ao fundo do oceano com uma simulação multimídia.

O FMA é muito criticado e chega a ser conhecido entre organizações e movimentos sociais como ‘fórum das corporações‘.  Então, ao mesmo tempo e em oposição ao evento, começou no sábado Fórum Alternativo Mundial da Água, organizado por movimentos populares e entidades socioambientais de 38 países. O lema: ter a água como direito, e não como mercadoria.

A violação de direitos, os crimes ambientais da Samarco e da Hydro e o avanço da privatização foram os destaques do primeiro dia do Fama. E uma das formas de privatização, muito significativa no Brasil, é a via do agronegócio. Apesar de o acesso à água ser reconhecido pela ONU como direito humano, “esse direito não teve real concretização em nenhum Estadodo mundo”, disse ontem o diretor do Comité Italiano para o Contrato Mundial da Água, Marco Iob.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, participou da abertura do Fama, mas foi vaiada.

E o plastico, hein? Depois que micropartículas foram encontradas na água engarrafada, a OMS vai começar uma análise sobre os potenciais riscos da ingestão.

QUARESMA ANTI-ABORTO

O grupo já atua há muito tempo. Com base nos EUA, o 40 days for life (’40 dias pela vida’) faz vigílias em frente a clínicas de aborto legal durante a quaresma – e isso há vários anos e em 25 países. A ideia é fazer com que as mulheres desistam dos procedimentos. Uma reportagem do jornal The Guardian mostra como as coisas têm acontecido. Segundo o movimento Back off, a estratégia dos manifestantes anti-aborto para constranger e intimidar mulheres inclui atirar água benta no caminho da porta da clínica, rezar alto e cantar hinos. O jornal diz que atualmente há vigílias em 12 pontos do Reino Unido e um pedido antigo de grupos de mulheres – a criação ‘zonas de amortecimento’ em torno das clínicas – é urgente.

Enquanto isso, na nossa vizinhança… Uma pesquisa divulgada no domingo diz que 59% da população argentina apoia a descriminalização e 63% acha que a Igreja Católica tem que ficar de fora da discussão (o catolicismo é a religião principal por lá). Nesse momento, o Congresso analisa um projeto para legalizar o aborto no país.

PARA HOMENS

O anticoncepcional oral masculino está mais perto de se tornar realidade. O resultado de testes iniciais foi apresentado em Chicago.

E fez 20 anos a famosa pílula azul:  o Viagra foi lançado em 1998 (e a impotência virou ‘disfunção erétil’).

BATE-BOCA

Em coluna na Folha, Marcelo Leite se opõe ao ministro do desenvolvimento social, Osmar Terra, no que diz respeito ao enfrentamento da dependência química. Enquanto o ministro defende abstinência e repressão, o colunista elenca os avanços portugueses desde a descriminalização naquele país, em 2001. Exemplo: a estimativa é de que o número de usuários de heroína hoje seja 25 mil, contra 100 mil em 2001. Ah, se você quiser entender melhor essa polêmica e a última vitória de Osmar Terra, leia esta reportagem especial do Outra Saúde.

E OS REMÉDIOS ESTÃO POR TRÁS…

Está cada vez mais evidente a relação entre a epidemia de overdoses por opiáceos nos EUA e o consumo de medicamentos. As mortes por overdose de heroína triplicaram entre 2010 e 2014, e 20% dos usuários dizem que, antes, usavam remédios contra a dor. Já faz um tempo que a atuação da indústria e de médicos vem sendo investigada, e o El País faz um bom resumo dessa história. Aliás, na sexta-feira, cinco médicos de Nova Iorque foram acusados de aceitar suborno para prescrever fentanil, um spray para a dor muito viciante (estamos falando de centenas de milhares de dólares pagos por uma empresa farmacêutica)

E, na Inglaterra, as prescrições desses remédios quase dobraram nos últimos dez anos. Em 2017, foram 23,8 milhões de remédios prescritos (2,7 mil por hora).

E O CIGARRO?

Também nos EUA, há planos para diminuir a quantidade de nicotina nos cigarros, para que estejam em níveis muito baixos ou insignificantes.

AINDA COMPLICADA

Segue complicadíssima a história das transações entre o Ministério da Saúde e a Global Gestão de Saúde em relação à compra de medicamentos para doenças raras. O MPF no Distrito Federal entrou com ação civil pública para garantir o fornecimento, e pediu rescisão de contrato entre o ministério e a empresa (que já recebeu antecipadamente R$ 19 milhões e não distribuiu os remédios). O texto da ação diz que a conduta do ministério é ilegal e “obviamente beneficiou indevidamente a empresa”.

E no Fórum Social Mundial, que terminou este fim de semana, teve debate sobre o acesso a medicamentos. Criticou-se o fato de que empresas se dedicam a aumentar os preços dos remédios para doenças raras e não tenham interesse em fabricar os mais baratos.

ESCRAVIDÃO DISFARÇADA DE MACRÔ

Depois de uma investigação que começou há cinco anos, a polícia italiana diz ter desmantelado uma espécie de seita em que as pessoas eram forçadas a fazer a dieta macrobiótica e se isolar do mundo exterior. Mas não era só isso: membros sofriam maus-tratos, tinham que fazer doações em dinheiro e ainda eram coagidos a trabalhar de graça.

INFECÇÕES PERIGOSAS

A OMS divulgou uma lista de doenças que devem estar no centro das prioridades. Algumas são já conhecidas – zika, febre hemorrágica da Crimeia-Congo, ebola, vírus de Marburg, febre de Lassa, coronavírus do Oriente Médio, SARS e febre do vale Rift. Mas uma delas é na verdade uma hipótese: a doença X “representa a consciência de que um agente patógeno atualmente desconhecido pode causar uma epidemia internacional grave”.

A campanha de vacinação contra febre amarela no estado de São Paulo terminou sem atingir a meta. Das 10 milhões de pessoas esperadas, só 7 milhões foram imunizadas. Na capital, a partir de hoje a vacina fica disponível em todas as unidades básicas de saúde.

Duas pessoas que morreram em fevereiro em Santo Antonio da Posse (interior de SP) tiveram agora a causa do óbito confirmada: foi dengue.

SOBRE FINANCIAMENTO

Foi apresentado na Câmara um projeto de lei (PL 472/18) para obrigar estados e municípios a aplicar mensalmente em serviços de saúde um percentual mínimo da sua arrecadação de tributos.

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