A nova escolha de Pazuello

Médico veterinário é nomeado diretor de departamento que trata de imunizações. Cobertura vacinal cai no país desde 2016

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Eduardo Pazuello nomeou, para a direção do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis, o veterinário Laurício Monteiro Cruz. O departamento é responsável pelo Programa Nacional de Imunizações, e Cruz deve atuar inclusive nas discussões sobre a vacinação contra a covid-19. “Nada contra os veterinários, mas essa pessoa que colocaram para coordenar o Programa Nacional de Imunização é um veterinário sem experiência com imunização. É lamentável que estejamos vendo esse desmonte da SVS [Secretaria de Vigilância em Saúde]”, escreveu o ex-secretário Wanderson Oliveira, nas redes sociais. Questionado, o Ministério disse que Cruz tem experiência na área de vigilância ambiental, epidemiológica e de doenças emergentes.

O cargo ocupado agora por ele estava vago desde março, com a saída do médico infectologista Júlio Croda. O diretor interino, também veterinário, era o servidor de carreira Marcelo Wada, coordenador de Vigilância de Zoonoses.

Resultado pífio

Não é novidade que desde 2016 a cobertura vacinal no Brasil está ficando abaixo das metas, mesmo para crianças. No ano passado, nenhuma das 15 vacinas obrigatórias para menores de dois anos chegou ao nível necessário. Mesmo assim, os números da campanha de imunização nacional contra o sarampo da população de 20 a 49 anos surpreendem (negativamente): só 5,8% do público-alvo foi vacinado desde o início da ação, em março, até 17 de agosto. São apenas 5,29 milhões de pessoas, quando o objetivo era atingir 90 milhões. O governo decidiu estender a campanha até o fim de outubro. Segundo o Ministério da Saúde, no primeiro semestre foram registrados 7,2 mil casos da doença no Brasil, a maioria no Pará (64,6%). 

É claro que a pandemia tem seu papel na redução da vacinação, e desde o início a OMS alertava que essa seria uma consequência. Ontem, o organismo revelou dados de um relatório sobre 105 países indicando que em 90% deles houve suspensões em serviços de saúde essenciais de março a junho deste ano – os mais afetados foram paises de média e baixa renda. A vacinação de rotina foi a área mais interrompida (70% dos países registraram problemas), junto com o diagnóstico e tratamento de doenças não transmissíveis (69%), planejamento familiar e contracepção (68%) e tratamento para distúrbios de saúde mental (61%). Serviços de emergência foram interrompidos em quase 35% das nações entrevistadas, assim como transfusão de sangue urgente. Em um quinto deles, as cirurgias de emergência foram afetadas. 

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