A Delta à espreita dos planos de festa no Rio
Variante já atinge um em cada quatro infectados no estado. Capital planeja reabertura completa em setembro
Publicado 04/08/2021 às 07:55 - Atualizado 04/08/2021 às 07:56

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No estado do Rio, a variante Delta cresceu 50% em apenas dez dias e já atinge um em cada quatro infectados. Em 23 de julho, o boletim da secretaria de Saúde mostrava que ela respondia por 16% dos registros, contra 78% da Gama. No de ontem, os números eram 26% e 66%, respectivamente.
O percentual de vacinados no estado está próximo ao do país como um todo: cerca de 48% da população tomou alguma dose de vacina e 20% estão com o esquema completo. Isso é muito pouco para controlar uma forte onda da Delta, como os Estados Unidos vêm demonstrando dia após dia. Sabemos que o boom de casos e hospitalizações por lá é impulsionado por quem ainda não foi imunizado – o epidemiologista Anthoni Faucy, conselheiro da Casa Branca, chegou a chamar a situação atual de ‘pandemia dos não-vacinados‘. E, mesmo que o país esteja com uma cobertura muito acima da brasileira, o estrago está sendo grande, com estados voltando a enfrentar falta de leitos.
Olhando para o Rio, parece que o plano de reabertura completa da capital não poderia vir em pior hora. O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou um ano de festas começando agora em setembro, quando serão liberados eventos em espaços abertos e, para vacinados, a presença em boates e similares. A expectativa é eliminar a obrigatoriedade de máscaras já em novembro (exceto no transporte público e em estabelecimentos de saúde), caso a vacinação esteja avançada.
Mesmo que mais adiante seja preciso voltar atrás nesses planos, a mensagem dada agora, no anúncio, é a de já estamos quase no fim do pesadelo – o que não é necessariamente verdade. Essa mensagem, por si só, já tem potencial para mudar comportamentos e, de quebra, gerar danos.
“É algo completamente especulativo e contraproducente. É desestimulante para as pessoas se protegerem. A comunicação tem que ser adequada com a população. Fazer a comunicação informando que em breve vamos estar livres de máscara e tudo vai voltar ao normal é uma mensagem errada. Estamos ganhando algumas batalhas, mas a guerra está longe de ser vencida”, diz Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, no UOL.
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