Resenha Semanal
6 a 13 de dezembro 2019. Desastre eleitoral para a esquerda no Reino Unido. No Brasil, mobilização força o governador Doria a recuar no caso de Paraisópolis. Sérgio Moro cresce como perigo à democracia.
Publicado 13/12/2019 às 14:54 - Atualizado 13/12/2019 às 15:18
O centro político foi esmagado nas eleições gerais do Reino Unido – e a esquerda também. O Partido Trabalhista vinha vivendo uma renovação por dentro, uma guinada à esquerda bem interessante, impulsionada pela juventude que se organizou fora do partido. A plataforma eleitoral previa reestatizar 3 áreas da economia, conexão G5 gratuita e universal, perdão imediato de todas as dívidas estudantis (não tinha mais bolsa, virou empréstimo), semana laboral de 4 dias sem perda de renda…
Mas agora eles entraram na Era Trump, com um primeiro ministro mentiroso, preconceituoso e aventureiro. Como aqui. A esquerda não percebeu, como um todo, que mudou o palco da política lá, as baixarias de campanha serão o novo normal, como aqui.
A Escócia já vai pedir referendo para a independência, a Irlanda do Norte foi rifada e a reunificação da ilha deve ocorrer breve. Seria muito louco ver uma Inglaterra diminuída, isolacionista e extremista de direita cercada de países progressistas.
O centro liberal também foi varrido do mapa. Os Liberal Democrats perderam assentos no Parlamento e sua líder perdeu sua vaga. Eles tinham apostado tudo no Remain.
Também no Brasil o dito centro no Brasil continua perdido e continua incapaz de desmamar de do culpado-de-tudo Lula. A jornalista Eliane Cantanhede escreveu: “Bolsonaro encarnou o anti-Lula. Para enfrentá-lo, só uma cara e uma voz tanto anti-Lula quanto anti-Bolsonaro.” O problema é que Bolsonaro está passando a pauta de quem é anti-Lula, e está cavando sua fatia no espectro político. Ele foi chamado de “Senhor da direita”.
Aliás, uma dissertação de mestrado em Políticas Públicas da Univali, em Itajaí, teve o título vetado pela coordenação do programa e pela procuradoria jurídica da universidade, pois citava o presidente: ““Bolsonaro no Divã: A erótica do poder, o desejo e a metástase do gozo nos entremeios das políticas públicas no Brasil””. Foi para evitar “possíveis implicações jurídicas”.
O ministro Sérgio Moro aparece cavando seu próprio espaço na política, movimentando-se para concorrer com Bolsonaro. O Podemos (brasileiro…) quer atraí-lo, assim como ao vice-presidente Mourão.
Reinaldo Azevedo alerta que Sergio Moro “representa um risco real ao sistema de garantias individuais e públicas. Seu autoritarismo é mais instruído, vai além da bolha da extrema direita e ambiciona ser um método“.
E a difundida exclusão de várias categorias de trabalho cultural do sistema MEI (que simplifica a abertura e gestão de microempresas) foi revogada. Mas deu um sustão na galera….
O ministro da Educação, A. Weintraub saiu de férias, e os boatos de sua demissão estão fortíssimos…
Já Débora Duarte, a namoradinha do capitão, lamentou a polarização na área da cultura. Engraçado, eu acho que sei a razão…
O preço da carne subiu muito, e a semana ficou marcada pela imagem do, saque ao caminhão frigorífico no Rio. Parecia a Venezuela.
Continuam as repercussões do massacre de Paraisópolis. O governador Doria fez as contas de seu cálculo político e recebeu os familiares das vítimas. Ele afastou mais 32 policiais militares que atuaram na ocorrência; seis agentes já haviam sido afastados no dia seguinte ao caso. Sabe-se hoje que a operação não tinha oficial no comando. As PMs estão fora de controle e não vão obedecer a seus governadores. Na Bolívia, foi o levante das polícias que desencadeou o golpe.
Mobilização e pressão funcionam.
Mais mortes de indígenas guajajara.
Saiu que no Brasil, o 1% dos mais ricos concentram 28,3% da riqueza do país, segundo a ONU É a segunda maior concentração do mundo.
A Petrobrás escreveu a seus funcionários pedindo desculpas a quem foi punido injustamente pela Lava Jato:
“Em vez de investigar e punir as pessoas que realmente cometiam atos dolosos, inocentes foram perseguidos. Resultado disso é que estamos entregando cerca de duas mil cartas pedindo desculpas às pessoas envolvidas e a seus familiares pelos danos causados. Por isso, aproveito esta oportunidade para pedir desculpas pessoalmente, como presidente da companhia, em nome da Petrobras a todos aqueles que foram injustiçados e seus familiares”.
Além disso, Marcelo Odebrecht, em entrevista na semana, refutou que BNDES ou Lula tenha beneficiado a empresa. Não tem caixa-preta do BNDES.
Quem vai reparar esse estrago todo?
O Podemos expulsou o pastor evangélico e deputado Marco Feliciano do partido, por gastos de R$ 157 mil em um tratamento odontológico reembolsados pela Câmara, o apoio irrestrito a Jair Bolsonaro, acusações de assédio sexual no gabinete, recebimento de propina, pagamento a supostos funcionários fantasmas.
A central de factóides faiscou com os desaforos de Bolsonaro contra a ativista ambiental Greta Thunberg.
Sai na imprensa de novo que há setores milicianos e do tráfico que são evangélicos e que reprimem outras religiões. A polícia do Rio de Janeiro prendeu membros do chamado Bonde de Jesus. Alguns grupos portam bandeiras de Israel em suas ações.
Um dos hackers presos no imbróglio da Vaza Jato, o Vermelho, foi entrevistado pela revista Veja e envolveu um general da ativa em execução de prisioneiro no Rio de Janeiro. Disse também que há mais material hackeado do que foi divulgado, e que envolve ministros do STF.
Soluções de todos os enigmas:
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