Um percurso pela revolução brasileira

Em autobiografia, Wladimir Pomar — que nos deixou há uma semana — revisita três décadas que sacudiram o país. Da luta clandestina contra a ditadura às primeiras campanhas de Lula, uma crônica comprometida e empolgante. Sorteamos 2 exemplares

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Wladimir Pomar, o homem que parecia estar sempre sorrindo com os olhos – nas palavras de seu amigo, Valério Arcary –, nos deixou na última sexta-feira (9/6). No entanto, seu nome permanecerá sendo sinônimo de dedicação incansável e abnegada à luta por um mundo melhor.

Nascido em 1936, em Belém do Pará, Wladimir Ventura Torres Pomar, filho do também militante revolucionário Pedro Pomar, já muito novo – aos 12 anos de idade – tornou-se militante do Partido Comunista e, em 1962, participou da “reorganização” do Partido Comunista do Brasil.

Foi na prática que se formou enquanto “revolucionário profissional”. Do Rio de Janeiro ao Ceará, trabalhou nas mais diversas profissões, desde a agropecuária e o artesanato, até a manutenção de máquinas pesadas e locomotivas. Sem deixar de comentar seu exercício enquanto linotipista, repórter, redator, diretor editorial, tradutor, consultor e professor. Em todas exerceu o trabalho de base e buscou organizar a classe trabalhadora contra a exploração.

Do movimento estudantil ao movimento sindical metalúrgico, sua universidade foi a luta revolucionária e, mais tarde, em 1964: a prisão, logo após o golpe militar.

Por conta disso, viveu anos na clandestinidade e, após o inescrupuloso ato assassino dos militares, o Massacre da Lapa, perdeu seu pai e companheiro aguerrido de luta, além de ter sido preso novamente.

Como ele mesmo dizia: seu diploma foi obtido na cadeia. Porém, um fato que poucos sabem, é que no cárcere também desenvolveu habilidades de pintor. Por mais que pareça difícil acreditar, nunca havia pintado antes e nem haveria de pintar depois. Uma pena, pois são lindos e vibrantes retratos que só poderiam ter saído de um gênio sensível.

Fonte: Rede Brasil Atual

Pouco tempo depois de sair da prisão, em 1979, engajou-se na construção do Partido dos Trabalhadores. Não tardou a compor sua executiva nacional, na grande responsabilidade de secretário de formação política. Além disso, é conhecido por ter sido o coordenador-geral da campanha de Lula para presidência, em 1989.

Lutou bravamente nos mais variados campos, até mesmo contra a ditadura financeira que assalta o povo brasileiro há 40 anos. Em 1990, não recuou em sua defesa da necessidade de articular um movimento que protegesse os clientes dos bancos das dívidas e dos juros abusivos, além de seguir na denúncia das ilegalidade praticadas pelo sistema financeiro, como nos revela Antonio Martins, no artigo “O Discreto Mago“.

Sem dúvida alguma, alguém com uma história de vida tão repleta de acontecimentos teria muito para nos contar, por isso, escreveu – e não foi pouco! Desvendou o “enigma chinês” em mais de um livro, redigiu inúmeras análises políticas, duas biografias de seu pai e narrou parte da luta da esquerda brasileira durante a ditadura em sua autobiografia “O Nome da Vida” – autobiografia porque não há como separar a vida de Pomar da história de luta da esquerda brasileira.

Lançado pela primeira vez em 2017, pela Fundação Perseu Abramo, o livro com mais de 700 páginas, é um instigante relato autobiográfico onde parece que faltam páginas para expressar a imensidão da vida e da luta do revolucionário.

Wladimir Pomar exerceu todos esses feitos e, ainda assim, “continuava mantendo o mesmo espírito de modéstia e de luta”, como conta seu filho, Valter Pomar. Mantendo esse espírito, jamais desistiu de seguir dando “um empurrão na história”, como leninista que jamais deixou de ser. São exemplos assim, que em tempo algum irão fenecer – a história e a luta dos povos oprimidos irão tratar de seguir e enaltecer! Wladimir Pomar, presente, agora e sempre!

Outras Palavras irá sortear 2 exemplares de O Nome da Vida, de Wladimir Pomar, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 26/6, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui.


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