SP: para enxergar a batalha dos ônibus além do terrorismo da mídia

protesto

Fotos de Drago, do SelvaSP.

.

Na mídia comercial, editoriais propõem restringir o direito à manifestação e pedem “rigor” das autoridades. Mas leitura atenta do noticiário independente permite compreender o que de fato se passa

Por Bruna Bernacchio

A Folha e o Estado de S.Paulo levaram ainda mais longe, hoje, o esforço dos jornais comerciais para incitar a população contra o Movimento pelo Passe Livre (MPL) e os que denunciam, com veemência, as lógicas capitalistas. A opinião do primeiro sugere, na prática, banir o direito de manifestação, na Avenida Paulista. Lá, as passeatas precisariam ser anunciadas com um mês de antecedência, e as autoridades teriam o “direito” de vetá-las. Já o editorial do Estadão apoia a decisão dos governantes de “endurecer o jogo” para “conter a fúria dos baderneiros”. Ambos os jornais, e quase toda a velha mídia, têm procurado com insistência reduzir a “vândalos” as milhares de pessoas que reivindicarão hoje, pela quarta vez em dez dias, mobilidade urbana decente.

Não é fácil compreender em profundidade um movimento complexo e heterogêneo como o que se articula em torno dos protestos. Para fazê-lo, é preciso saltar sobre a verborragia ultra-conservadora dos editoriais e garimpar informação relevante. Mas ela existe.

Um excelente relato do jornalista Tadeu Breda, na Rede Brasil Atual, identifica o exato momento em que a manifestação da última terça-feira passou de pacífica para violenta — e permite compreender as causas da explosão. Os puxadores da passeata (que reuniu dez mil pessoas e manteve-se tranquila, por horas) queriam terminar o ato no Terminal Dom Pedro II. A polícia os impediu. A tensão foi aumentando até explodir: “pedras, paus e rojões voaram de um lado; bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e balas de borracha, de outro”. Eram cerca de 20h, quando a PM vetou o terminal. Os manifestantes — a grande maioria jovens — estavam a ponto de dispersar. Não parece óbvio que a proibição os atiçaria?

Num outro texto publicado no portal Ig, Wanderley Preite Seguro e Carolina Garcia, investigam com precisão a heterogenidade do MPL. Seus líderes, revelam os jornalistas, posicionam-se claramente em favor da não-violência. Percebem que as cenas de destruição jogam importantes parcelas da sociedade contra o movimento. Mas um grupo “de cerca de vinte pessoas, vestidas com a indumentária punk”, pratica costumeiramente atos de depredação. Na terça-feira, tais atos teriam começado antes da repressão policial — mas, é claro, generalizaram-se depois dela.

Na própria Folha, Jânio de Freitas é uma exceção à histeria contra os protestos. Algumas reflexões em sua coluna de hoje (“Arruaça policial”) ajudam a relacionar repressão com atos de vandalismo. “Aqui ou fora, as manifestações são sempre as mesmas, com dificuldade de variação maior. E as polícias são sempre as mesmas na estupidez inútil da sua violência armada e da irracionalidade. Logo, os oportunistas estarão sempre prontos, entre os manifestantes, para entrar em ação. E quem lhes dá a oportunidade é sempre a polícia”.

Além do debate sobre as manifestações, vale ler reportagem escrita por Gil Alessi, na UOL. Ele conta a história de algumas pessoas que já estão sofrendo com o aumento de R$0,20 da passagem – aquele que muitos estão ironizando como pífio para desqualificar os protestos. No bolso real dessas pessoas, R$50 a mais de despesa vai fazer, sim, muita diferença.

Leia Também:

11 comentários para "SP: para enxergar a batalha dos ônibus além do terrorismo da mídia"

  1. Aunque la aproximación mundobrana es su encarnación más refinada, las cosmologías cíclicas han gozado de una larga historia. La http://www.accesoriossurface.com http://www.accesoriossurface.com/

  2. MYLLA disse:

    DILMA VOCE VAI VER DO QUE O POVO E CAPAZ

  3. MYLLA disse:

    NAO VAI SER ESPREI DE PIMENTA QUE VAI DETER O POVO

  4. fabio rodrigues disse:

    A criminalização do direito de se manifestar está encobrindo a verdadeira intenção dos canais de manipulação pois eles estão tentando manchar os movimentos sociais devido aos interesses economicos que os financiam já que são submissos a uma escravidão economica que determina preços muitas vezes impraticáveis, mas que esses canais de alienação querem que a sociedade aceite esses preços como se fosse uma coisa normal, como se toda a populção tivesse condições de praticar os preços abusivos que só beneficiam os empresários defendidos pelos meios de comunação corporativistas.

  5. Cris disse:

    Quanta besteira escrita em um só site. Primeiro, aonde vocês vivem? Na lua?
    A esquerda no Brasil é burguesa. O PT é o partido mais rico do país. Lula e sua family estão com quase metade do estado do Pará em suas mãos. Quem é elite? Eike batista viaja junto com o Lula de jatinho todo mês! Quem é elite? Por que não protestam pela alta da inflação que está ocorrendo, em que o salário do trabalhador é deteriorado.
    Por que não protestam pela concorrência na área de combustíveis? Que poderia melhorar os preços e melhorar a eficiência da PeTrobras.
    O prefeito Haddad aumentou a passagem do ônibus e fica nesse empurra-empurra com o governo, não sendo homem para dizer que fez e que hoje não há como abaixar, sem uso do dinheiro público! (afinal, não é todo mundo que usa ônibus)
    Por que não lutam para que os mensaleiros sejam presos?
    Liberdade de imprensa é bom somente quando é favor de vocês!
    Vão produzir algo, trabalhar ou estudar um pouco, porque com certeza a liderança do grupo terrorista MPL são filhinhos de papai!

  6. Rosa Bernachio disse:

    Bruna
    Este foi um texto que coloquei no começo da semana no face. Como acho que você não viu, quero que vc também saiba a minha forma de pensar:
    “20 centavinhos”
    Este é o título do meu depoimento….o que me dá nojo.
    Mas vou começar em outra parte.
    O Sr Alkimin conseguiu uma coisa que há muito tempo não se via. Ele conseguiu que uma parte da população, se juntasse em torno de uma luta.
    Acho que desde a época dos “caras pintadas” não via os jovens se unirem em torno de algo. Aliás, acho que esses jovens que estão aí nas ruas de SP hj, nunca viveram experiência semelhante, e o nosso governador, conseguiu esse feito.
    É muito interessante também ver a reação das pessoas, da mídia… Realmente as pessoas não sabem viver em uma democracia.
    Voltando aos “20 centavinhos”, ontem assistindo ao jornal da globo, e faço questão de escrever globo com letras minúsculas, ouvi o depoimento do jornalista Arnaldo Jabor, e fiquei enojada.
    Ele disse que esse juventude estava lutando por “20 centavinhos”. Acho que além de tudo ele demonstrou ser um péssimo jornalista, pois 40 centavos por dia no bolso de quem vive com um salário mínimo, é muito. Será que ele não sabe como é dura a vida da maioria dos trabalhadores?
    Depois, ele falou que os jovens que estavam na passeata, eram jovens da classe média, e que não tinham nada que estar naquela luta, como se os jovens de qualquer classe , não tivessem o direito de lutar pelo que acham justo.
    Quando o tomate ficou caro, a classe alta, a media e a baixa, tinham a opção de não comprar tomates, por achar o preço injusto. Agora em relação ao transporte público, não existe essa opção de escolha. Não importa se você acha o preço injusto. Tem que pegar o transporte todos os dias
    Eu, se estivesse no lugar desses jovens daria o exemplo, e faria uma luta limpa…uma luta sem quebra quebra, sem bandalheira. Ensinaria para esses Senhores do poder, o país que queremos ter, e onde queremos viver.
    Façam valer a sua voz, mas de forma inteligente.
    Lembrem daquele grande Homem que fez uma revolução sem agressões. Gandhi.

  7. O responsável por isso é Geraldo Alckmin
    O governo demotucano paulista permite que os cossacos espanquem e aterrorizem cidadãos desarmados e pacíficos. As promessas de investigação dos abusos são mentirosas e produzirão as mesmas evasivas que acompanham a longa e assustadora história de absurdos impunes propagados pela Polícia Militar.
    A imprensa local só reagiu quando seus profissionais foram atingidos, e mesmo assim para reverberar as cínicas desculpas dos ogros fardados e de seus chefetes civis. Na verdade, até os próprios manifestantes e seus apoiadores na internet parecem reticentes quanto a nomear o grande culpado por tudo isso. O fato é que Alckmin jamais foi constrangido publicamente a explicar as ações dos subordinados, cujos salários pagamos, para receber um serviço excrementício feito de medo e revolta.
    O Ministério Público e a Assembléia Legislativa, apaniguados do regime de exceção que dilapida as finanças do estado há vinte anos, fazem vistas grossas e continuam a administrar as frivolidades de hábito. Seus membros também prometem averiguar. Mas, sabe como é, ninguém arriscaria perder aquela cadeira para o paletó do cunhado na autarquia estadual que titio Geraldo loteou entre os mais fiéis.
    Se fosse um governador petista, já haveria uma campanha aberta por sua renúncia. Ou melhor, ela estaria acontecendo há meses, desde que o primeiro PM chacinou inocentes em qualquer bar da periferia. O espetáculo de selvageria institucionalizada que acabamos de presenciar serviria apenas para selar a deposição.
    Ano que vem, Geraldo Alckmin tentará a reeleição para governador.
    http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/2012/11/perdeu-governador.html

  8. Elza Ibrahim disse:

    Parabéns pela coragem!

  9. Mauricio disse:

    A população se aperta e sofre no transporte público e no transito também. Quem nunca teve vontade de largar o carro e sair andando? O que você pensa dos salários dos professores e médicos da rede pública?
    Quando a gente reclama eles mandam a polícia! Quem protesta, quem faz manifestação pública e coletiva apanha. Professor apanha, médico apanha, funcionário público, metalúrgico, maconheiro, gls, todo mundo apanha. A nossa polícia ainda reprime e oprime, o povo revida. Toda ação tem uma reação e todos estão cometendo exageros.
    Os únicos que não exageram são os políticos, esses não fazem nada além de mandar a polícia oprimir e manter a ordem. Nada além de garantir suas próprias reeleições.
    Nós, os que são contra e os que são a favor, todos, estamos sendo enrolados, recebendo migalhas no transporte, saúde e educação. Quem anda de ônibus e metro está fod***, quem anda de carro está fod***. Os policias também estão fod***s e sendo cassados pelos verdadeiros bandidos. Será que lá do alto de suas salas de ar condicionado, esses políticos são os únicos que estão certos?
    Experimente, escreve no google : “polícia reprime manifestação” – 67.700 resultados em 23 segundos. Sem aspas: polícia reprime manifestação – 585.000 resultados em 20 segundos. Para mim foi assim, chocante e revelador!
    É um fenômeno mundial, o mundo está mudando. O mundo está lutando por mudanças.
    Os políticos tem que mudar, ou nós mudamos eles!

  10. ivan disse:

    todas as manifestações públicas que ocorrem nesse país não tem iniciativa popular, pois o povo brasileiro só entende de : sexo; bolsa família ; e futebol. é claro que há e sempre haverá envolvimento partidarista nos movimentos no brasil!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *