Pode a internet voltar a ser anticapitalista?

Redes bolsonaristas estão em refluxo. Pode ser a hora de retomar o ativismo irreverente e intenso que, há dez anos, zombava do sistema e construía um laboratório de outros mundos possíveis. O caminho é longo: esboço de um roteiro

Imagem: Zoran Svilar/TNI
.

Por Anastasia Kavada, Tina Askanius, Anne Kaun, Alice Mattoni e Julie Uldam, no TNI | Tradução: Maurício Ayer

O Transnational Institute (TNI) é um instituto internacional de pesquisa e proposição política, em atuação desde 1974, comprometido com a construção de um planeta justo, democrático e sustentável. O TNI tem a reputação de construir análises originais fundamentadas em pesquisas sobre as principais questões globais, muitas vezes de modo pioneiro em diversos temas. Como um instituto não sectário formado por pesquisadores, ativistas acadêmicos e de movimentos sociais, o TNI se esforça por combinar a análise de panorama geral com propostas e soluções que sejam justas e pragmáticas.

O TNI produziu uma série de análises reunidas no relatório State of Power: Digital Power 2023, publicadas em inglês no site do instituto. Em parceria exclusiva, as análises serão publicadas em traduções originais em português por Outras Palavras. Leia outros textos da série aqui.

A última década assistiu a uma mudança radical em nossa percepção das plataformas de mídia social e seu papel nos movimentos sociais. Na onda de protestos de 2011, da chamada Primavera Árabe às mobilizações do Occupy Wall Street, essas plataformas foram muitas vezes apresentadas como tecnologias de libertação. Dez anos depois, porém, as redes sociais passaram a ser vistas como espaços de vigilância e repressão que são capturados pelo capitalismo e governos autoritários. As revelações de Edward Snowden em 2013 foram um ponto de virada a esse respeito, quando o papel das plataformas comerciais de mídia social na vigilância de ativistas ficou bastante claro. Desde então, muitas plataformas de mídia social tradicionais foram saturadas por desinformação e discurso ofensivo. Muitas vezes, elas foram capturados por forças de extrema-direita que, sob a bandeira da “liberdade de expressão”, as usaram para atacar impiedosamente seus oponentes. Em 2022, talvez tenhamos presenciado outra virada nessa história, pois foi um ano em que o poder das redes sociais enfrentou intensos desafios. A caótica aquisição do Twitter por Elon Musk, as recentes perdas de valor da Meta (ex-Facebook) e os crescentes apelos para regular o conteúdo nessas plataformas foram acompanhados por um modesto êxodo das mídias sociais, e do Twitter em particular, e da migração para plataformas alternativas, como Mastodon, mesmo que esse movimento possa ser de curta duração.

Claro, as principais plataformas de mídia social ainda têm um poder significativo. Elas se tornaram importantes canais de notícias e informações; pesquisas nos EUA1 e no Reino Unido mostram que plataformas como Facebook e YouTube são cada vez mais locais onde os usuários obtêm notícias. O modelo de negócios dessas plataformas promove o “capitalismo de vigilância”, com a implacável coleta e venda de dados sobre o comportamento do usuário. As empresas por trás delas também se tornaram grandes demais para serem regulamentadas e controladas, pois vêm adquirindo empresas iniciantes menores e adicionando diversas plataformas e aplicativos à sua lista de produtos. Assim, embora as plataformas de mídia social possam ter oferecido mais oportunidades para os usuários expressarem sua voz, elas ainda reforçam a capacidade dos poderosos de moldar a opinião pública, pois estes têm recursos para pagar as taxas cobradas por algumas dessas plataformas, para fazer propaganda oculta por meio de bots e contas falsas, e investir em campanhas publicitárias digitais. Essas plataformas também têm uma relação ambivalente com regimes repressores ao redor do mundo, às vezes conspirando com eles – como as revelações de Snowden mostraram fartamente – e às vezes fornecendo um canal para a dissidência que não é controlada pelo governo, embora ainda seja moldada por complexos interesses geopolíticos.

Nesse cenário, os ativistas progressistas precisam desafiar, mas também aproveitar o poder das mídias sociais, em um esforço para construir o mundo que gostariam de ver. Mas como os movimentos sociais podem fazer isso? E quais são os obstáculos que eles enfrentam ao longo do caminho? Neste ensaio, exploramos algumas estratégias que os ativistas podem usar, focando no exemplo do movimento ambiental, e particularmente grupos e organizações que se mobilizam contra o colapso climático. Estes são diversos e heterogêneos, variando de organizações não governamentais (ONGs) tradicionais e instituições beneficentes a grupos mais recentes, como Extinction Rebellion (XR), que se concentram na ação direta, até mobilizações associadas a Greta Thunberg e ao movimento Fridays for Future.

Nossa análise baseia-se nas pesquisas do estudioso do movimento social Dieter Rucht sobre as estratégias adotadas por ativistas para lidar com a tendência da grande mídia (MSM) de deturpar, banalizar e marginalizar as causas ativistas. No início dos anos 2000, Rucht observou que, em resposta, muitos ativistas acabam decidindo deixar a visibilidade de lado e se abster da grande imprensa. Outros optam por atacar e culpar abertamente a grande imprensa, procurando responsabilizá-la ​​por suas reportagens tendenciosas a respeito dos protestos. Outros ainda optam por ignorar a grande imprensa e criam alternativas para chegar a seus apoiadores. Finalmente, alguns grupos se esforçam por obter uma boa cobertura da grande mídia, procurando entender como a mídia funciona e adaptando sua comunicação a ela. A estrutura de Rucht foi chamada de “Quádruplo A”, pois cada uma das quatro estratégias começa com a letra “A”: abstenção, ataque, alternativas, adaptação. Embora as estratégias de Rucht originalmente se referissem a uma era de domínio da grande imprensa, elas ainda ressoam hoje quando as plataformas de mídia social, assim como a imprensa, ocupam o centro das estratégias de comunicação de grupos ativistas.

Como a grande mídia segue um modelo capitalista, não é surpresa que essas quatro estratégias repercutam a discussão de Erik Olin Wright (2019) sobre as quatro lógicas que caracterizam as lutas anticapitalistas: esmagar, escapar, erodir e domar o capitalismo.2 Quando os ativistas se envolvem em ações coletivas com a lógica de esmagar o capitalismo, eles estão sintonizados com estratégias de comunicação que giram em torno do ataque às plataformas de mídia social. Da mesma forma, quando os ativistas promovem ações coletivas que permitiriam às pessoas escapar do capitalismo, eles são consistentes com a estratégia de abstenção das plataformas de mídia social. Quando os ativistas desenvolvem ações coletivas que não rejeitam totalmente o capitalismo, mas buscam domá-lo, podemos ver uma semelhança com a estratégia de adaptação. Por fim, as lutas anticapitalistas que visam corroer o capitalismo vinculam-se a ativistas que estão criando alternativas às plataformas de mídia social, construindo e organizando espaços de contenção que podem administrar diretamente.

Tendo em mente essas diferentes lógicas anticapitalistas e as quatro estratégias que os grupos ativistas podem empregar para abordar a questão da visibilidade, exploramos a seguir os modos como o movimento ambientalista usou as plataformas de mídia social.

Abstenção (fugir do capitalismo)

Estratégias de abstenção envolvem evitar completamente as principais mídias sociais como forma de protesto e proteção contra a ação de seus modelos de negócios e mecanismos de vigilância. Decidir não delegar a visibilidade do seu grupo à lógica do lucro das plataformas de mídia social é libertador. Liberta os ativistas da pressão constante para serem visíveis e produzirem conteúdo nessas plataformas. Também emancipa os grupos ativistas da opacidade que caracteriza os algoritmos das redes sociais – caixas pretas cujo funcionamento é difícil, se não impossível, de entender. A estratégia de abstenção pode promover formas mais sustentáveis ​​de manter a associação além dos grupos do Facebook ou tópicos do Twitter, desenvolvendo a própria mídia do grupo.

Ele também pode proteger ativistas de ataques e vigilância online. Como o caso de Greta Thunberg mostrou, ativistas proeminentes podem ser alvo de ataques contundentes nas mídias sociais, que variam de trollagem a ameaças de morte. Estar presente nas redes sociais também torna os grupos de ativistas vulneráveis ​​à vigilância das autoridades. Isso é particularmente perigoso para ativistas que usam táticas de desobediência civil ou forçam os limites da legalidade.3 Esses grupos geralmente se envolvem em planejamento face a face, em vez de coordenação online. Portanto, abster-se de plataformas de mídia social é crucial para melhorar a privacidade e a integridade dos dados da organização interna.

Juntamente com a abstenção, alguns grupos ativistas também lançaram campanhas pedindo às pessoas que se desconectem de tais plataformas ou se envolvam em práticas de “desintoxicação” digital ou de dados. Por exemplo, a Tactical Tech fornece um kit de ferramentas para conscientizar a todos dos rastros de dados que deixamos online e para desenvolver práticas alternativas para o que chamam de “uma relação mais segura com a tecnologia”.4 Desconectar-se das mídias sociais também pode ser feito por razões ambientais. Como observa a Tactical Tech, as estratégias de desintoxicação digital podem ajudar na luta contra as mudanças climáticas, já que as tecnologias digitais são agora responsáveis ​​por 3,7% das emissões globais de carbono do mundo, um número que pode aumentar para 8% até 2025. “Atualmente, isso é mais do que o setor de aviação civil e, em breve, deverá superar a indústria automobilística também.”5 Grupos ambientalistas podem, portanto, optar por se abster das mídias sociais para reduzir o lixo eletrônico e a pegada de carbono.

No entanto, as práticas de “desintoxicação digital” estão frequentemente relacionadas a políticas de estilo de vida individual, e não a esforços coletivos para alcançar mudanças sistêmicas. Participar de acampamentos de desintoxicação digital ou restringir nossas pegadas de dados digitais usando navegadores e configurações específicas envolve práticas individuais e formas de se relacionar com as mídias sociais. Eles podem, portanto, ter um impacto menor em desafiar o capitalismo e a Big Tech do que buscar promover mudanças estruturais por meio da regulamentação, por exemplo.

Além disso, a abstenção total das plataformas digitais parece praticamente impossível, especialmente para causas políticas de caráter transnacional ou que visam mobilizar grande número de simpatizantes. Em um mundo onde a visibilidade nas mídias sociais tornou-se crucial quando se busca expandir a comunidade de um movimento, abster-se dessas plataformas significa desligar-se de uma densa rede de relacionamentos que deu sustentação a inúmeros protestos em todo o mundo na última década. O movimento ambiental não é exceção, como evidenciado pelo uso extensivo de mídia social por organizações como Greenpeace e Extinction Rebellion ou movimentos como Fridays for Future. Em vez disso, e como observamos nas seções sobre as estratégias de adaptação e alternativas, os grupos ativistas muitas vezes optam por usar plataformas convencionais para promover sua causa para um público mais amplo, mesmo que se abstenham de usá-las para organização interna.

Ataque (esmagar o capitalismo)

Ativistas e movimentos sociais também podem atacar plataformas de mídia social e fazer campanha para que reformem suas práticas corporativas ou os regulamentos que regem sua operação. As “estratégias de ataque” incluem ações antitruste que desafiam o tamanho e a concentração das empresas de mídia social, bem como campanhas de direitos digitais que foquem no uso indevido ou apropriação indevida de dados por empresas e governos nacionais.

Também existem muitas campanhas contra a desinformação nas mídias sociais, um problema que também está afetando enormemente as campanhas sobre mudanças climáticas. Grandes poluidores, como as empresas de petróleo, se envolvem em elaboradas campanhas de lavagem verde nas mídias sociais. Declarações falsas sobre a mudança climática proliferaram, muitas vezes divulgadas por contas falsas e campanhas de “astroturf” [prática de esconder e mascarar patrocinadores para fazer parecer que são iniciativas populares independentes]. O negacionismo da mudança climática está aumentando nas plataformas de mídia social, também como resultado do fortalecimento de contas de extrema-direita e da falta de moderação efetiva. Em fevereiro de 2022, a Reuters informou que o Facebook “falhou em sinalizar metade das postagens que promovem a negação das mudanças climáticas”.6 A pesquisa realizada pela Global Witness descobriu que o algoritmo do Facebook não apenas fecha os usuários céticos em relação ao clima em câmaras de eco do negacionismo climático, como também os direciona “para piores informações, de modo que aquilo que começava como uma página cheia de narrativas distraídas e defasadas, terminava como uma página que defende o negacionismo climático e conspiração”.7 No Twitter, a situação parece ter piorado após a aquisição por Elon Musk, que levou à demissão de equipes de gerenciamento de conteúdo, ao desmantelamento do braço de sustentabilidade da plataforma e ao retorno de usuários banidos à plataforma, alguns dos quais com um histórico significativo de negacionismo climático.8 Consequentemente, a hashtag #ClimateScam subiu no ranking e é “agora regularmente o primeiro resultado que aparece quando se pesquisa ‘clima’ no site”.9

As campanhas contra a desinformação nas mídias sociais incluíram a campanha #StopHateForProfit em 2020, na qual vários grupos e organizações da sociedade civil apelaram aos anunciantes para boicotar o Facebook por esse motivo. A campanha foi iniciada por uma coalizão de grupos ativistas, incluindo a Anti-Defamation League [Liga Anti-Difamação], Free Press [Imprensa Livre] e GLAAD.10 Em fevereiro de 2020, a Avaaz veiculou uma campanha especificamente sobre o negacionismo das mudanças climáticas no YouTube e em outras plataformas, baseada em um relatório detalhado elaborado pela organização.11 A Avaaz convocou “todas as plataformas de mídia social para desintoxicar seus algoritmos, acabando com a amplificação e monetização da desinformação e do discurso de ódio”. Também exortou os “reguladores a transformar isso em uma exigência legal” e exigiu queplataformas trabalhem com especialistas independentes para rastrear e rebaixar criadores de desinformação deliberada e reiterada”.12 Vale notar que o grupo alterou o texto inicial da petição para remover a “demanda de ‘exclusão da plataforma’ dos criadores de desinformação deliberada e reiterada”.13 Embora nenhuma razão tenha sido alegada para esta alteração, suspeitamos que tenha a ver com o terreno escorregadio que se encontra quando as demandas para excluir das plataformas indivíduos ou grupos que vendem desinformação possam se voltar contra atores progressistas e ser usadas para restringir suas vozes nas mídias sociais. Os clamores por boicote e exclusão das plataformas devem, portanto, estar alertas para as consequências para a liberdade de expressão em todo o espectro político. Além disso, para que tais ações sejam eficazes, elas precisam conquistar o apoio de grupos de ativistas e anunciantes proeminentes, de modo a serem consideradas suficientemente eficazes, outros se somem e se tornem capazes de obter cobertura jornalística suficiente.

Os ataques também podem ocorrer de forma mais direta, como por meio de hackers. Por exemplo, o Twitter e o Facebook foram alvo de ataques de negação de serviço, nos quais os computadores impedem os usuários de acessar a plataforma ou retardam seu uso. Tais ataques nem sempre foram claramente ligados a críticas às próprias plataformas, mas a protestos contra o papel de tais plataformas em dar voz a determinadas visões políticas, por exemplo em relação aos conflitos da Rússia com países vizinhos.14 No entanto, o “hacktivismo” requer habilidades técnicas sofisticadas e traz o risco de prisão e outras consequências. Provavelmente é por isso que não há casos registrados de hacktivismo ambiental, mesmo por grupos como o Extinction Rebellion, que se concentram em ações disruptivas (pelo menos até sua recente mudança de estratégia), embora o grupo tenha se envolvido em discussões internas sobre hacktivismo durante a pandemia.15 Para a pesquisadora Gabriella Coleman, que realizou uma extensa pesquisa sobre o Anonymous, isso pode ocorrer porque há pouca intersecção entre hackers hardcore e ambientalistas hardcore,16 o que significa que o movimento ambiental carece das habilidades e experiência necessárias para se engajar em tal ativismo. Pelo contrário, são os ativistas ambientais que foram vítimas de ataques de hackers. Por exemplo, em 2017, grupos ambientalistas que realizaram uma campanha de mudança climática contra a Exxon Mobil receberam e-mails de phishing de contas que se passavam por seus colegas e advogados, como parte de “uma extensa operação de hacking de aluguel que durante anos teve como alvo as contas de e-mail oficiais do governo, jornalistas, bancos, ativistas ambientais e outros indivíduos”.17

Ações coletivas que seguem uma estratégia de ataque são normalmente vistas como intervenções espetaculares e, portanto, provavelmente atrairão a atenção da mídia de massa. No entanto, as reportagens da mídia tendem a se concentrar no ataque em si, e não na mensagem que ele tenta transmitir, dificultando a ressonância entre o público em geral e os formuladores de políticas. Ao mesmo tempo, ataques que atrapalham o uso diário das mídias sociais pelos usuários e correm o risco de gerar incômodo, o que novamente pode restringir o impacto da mensagem.

Alternativas (erodir o capitalismo)

A estratégia de alternativas (ou erosão do capitalismo) envolve ativistas construindo suas próprias plataformas de mídia social ou propriedades digitais onde eles podem interagir sobre questões sociais e disseminar informações alternativas para o público. Essas plataformas operam com regras diferentes: muitas vezes são projetadas por defensores do Software Livre e do Código Aberto (FOSS), o que significa que o código é aberto para todos usarem, adaptarem e alterarem, desde que não o façam por motivos comerciais. Tais plataformas também operam com diferentes políticas de anonimato e privacidade, visando garantir a segurança de seus usuários. Exemplos incluem a plataforma N-1 desenvolvida por ativistas na Espanha logo antes da primeira fase do movimento Indignados em 2011, bem como RiseUp!,18 Crabgrass,19 e Occupii, a alternativa ativista ao Facebook criada pelo Occupy Wall Street em 2011. Outros exemplos incluem plataformas de streaming de vídeo como BitChute (anteriormente também Vine ou Periscope) ou canais de podcast hospedados fora das plataformas comerciais dominantes para contornar a moderação. Os ativistas podem ainda usar plataformas como o Mastodon, que agora está surgindo como uma alternativa ao Twitter, que, embora não explicitamente desenvolvido por movimentos sociais, ainda opera de maneira que esteja de acordo com valores progressistas.

Existem também alternativas para mensagens instantâneas ou e-mail que facilitam processos de organização interna mais seguros para os movimentos sociais. Por exemplo, Riseup.net, uma rede social independente sediada em Seattle, fornece serviços de gerenciamento de listas de e-mail criptografados e seguros para movimentos sociais desde sua criação em 1999-2000. Mais recentemente, plataformas como Signal, Telegram ou GroupMe também foram usadas para coordenação, com o Telegram em particular facilitando a comunicação interpessoal e de transmissão. Esses canais também são usados ​​por ativistas ambientais que se envolvem em táticas mais disruptivas.

Os movimentos sociais também criaram suas próprias plataformas para disseminar informações sobre suas causas e relatar suas mobilizações em um esforço para combater a marginalização e a desinformação propagadas pela maioria dos principais veículos de notícias e plataformas de mídia social. Um exemplo é o Unicorn Riot, um coletivo de notícias on-line sem fins lucrativos, fundado em 2015 por ativistas envolvidos em mídia alternativa em torno do movimento Occupy, as mobilizações das areias betuminosas,20 e os protestos de Ferguson.21 O Unicorn Riot fez reportagem in loco em Dakota do Norte durante os protestos #NODAPL ou Dakota Access Pipeline em 2016, quando diferentes povos nativos americanos se opuseram à construção de um oleoduto transportando petróleo bruto de Dakota para Illinois. Os manifestantes consideraram o oleoduto, que passaria pela reserva indígena de Standing Rock, como um sério risco de poluição da água. Chamando a si mesmos de “protetores da água”, os ativistas estabeleceram um acampamento de protesto na área e tentaram impedir a construção do oleoduto. A grande mídia forneceu pouca cobertura jornalística, enquanto proeminentes jornalistas investigativos, como Amy Goodman, co-fundadora e apresentadora do Democracy Now!, foram presos sob a acusação de tumulto.22 Por contraste, a Unicorn Riot foi capaz de fornecer cobertura independente dos protestos, com jornalistas permanecendo no acampamento e entrevistando os manifestantes.23 A plataforma online descentralizada é, portanto, um bom exemplo do tipo de mídia comunitária construída a serviço dos movimentos sociais e da importância contínua do jornalismo produzido a partir de dentro das comunidades ativistas.

Com algumas exceções notáveis, no entanto, os esforços para construir alternativas anticapitalistas tendem a ser efêmeros, subfinanciados e incapazes de substituir totalmente os serviços oferecidos pelas mídias sociais corporativas. O que também falta a essas plataformas são “efeitos de rede”, um termo que aponta para uma dinâmica crucial das redes sociais: quanto mais membros elas adquirem, mais úteis se tornam, pois podem ser usadas ​​para se comunicar com uma gama maior de participantes. Na realidade, muitas plataformas alternativas são usadas apenas por ativistas convertidos – experientes e já familiarizados com as mobilizações em questão. Assim, ao se comunicar apenas dentro desses espaços, os ativistas podem efetivamente permanecer invisíveis e restritos ao seu nicho comunicativo.

Adaptação (domar o capitalismo)

As limitações das plataformas alternativas de pequena escala muitas vezes levam os ativistas a usar aplicativos corporativos como Facebook, Twitter e Instagram para atrair um público mais amplo. Os ativistas, portanto, se engajam em uma estratégia de adaptação, o que significa que eles se adaptam às regras das plataformas corporativas, tentando aproveitar seu poder para aumentar a visibilidade de seu movimento.

As plataformas corporativas de mídia social agora se tornaram canais importantes para a publicação de informações sobre mudanças climáticas. A maioria dos principais grupos e movimentos ativistas está usando suas contas de mídia social para disseminar informações sobre sua causa. As mídias sociais também facilitaram o surgimento de “influenciadores verdes” – ativistas ambientais que comandam muitos seguidores nas mídias sociais.24 Ao lado deles, encontramos coletivos como o EcoTok, que relatam questões ambientais no TikTok.25 De acordo com o Instituto da Reuters para o Estudo do Jornalismo, esses canais são particularmente importantes para usuários com menos de 35 anos, que “têm duas ou três vezes mais chances de dizer que prestam atenção a celebridades, personalidades de mídia social ou ativistas pela mudança climática notícias do que pessoas com mais de 35 anos”.26

Há também casos em que os canais de mídia social permitiram que vozes marginalizadas ganhassem destaque. Um exemplo é a página Digital Smoke Signals no Facebook, fundada pelo falecido jornalista nativo americano Myron Dewey, que forneceu cobertura importante dos protestos #NODAPL. A página foi um dos veículos mais seguidos para notícias sobre os protestos e alguns de seus vídeos acumularam mais de 2,5 milhões de visualizações.27 O Facebook ao vivo também foi usado para reportar ao vivo dos locais dos protestos, permitindo que os ativistas fizessem reportagens não filtradas e sem censura local. Nos anos que se seguiram à Primavera Árabe, a transmissão ao vivo tornou-se uma aplicação importante nas mãos dos repórteres cidadãos. Enquanto na onda de mobilizações de 2011, a transmissão ao vivo era fornecida por empresas iniciantes menores, em meados de 2010 as principais plataformas de mídia social, incluindo Instagram e Facebook, começaram a oferecer essa funcionalidade, eclipsando assim os players menores no campo.

As estratégias de adaptação também incluem o desenvolvimento de novas abordagens para engajar-se com os públicos-alvo da campanha ou para demonstrar o apoio a uma causa, adaptando-se ao ambiente de mídia social. Isso pode incluir ações relativamente “sem esforço”, como adicionar um banner na foto de perfil das mídias sociais para mostrar apoio a uma causa ambiental. Embora essas táticas sejam úteis para ganhar visibilidade em um cenário de mídia saturado, elas são frequentemente ridicularizadas como “cliquetivismo” – uma palavra-valise que combina “clique” com “ativismo”. Os críticos ressaltam o limitado compromisso que é necessário para se envolver nesse gênero de ativismo e seu alto potencial de criar uma sensação enganosa de eficácia e conexão. No entanto, isso depende do contexto político, pois em países mais restritivos e autoritários, um tweet ou uma postagem no Facebook pode facilmente levá-lo à prisão ou até mesmo a uma sentença de morte. O “cliquetivismo”, em outras palavras, depende do olhar de quem vê.

As estratégias de adaptação também estão associadas ao surgimento de novas táticas ativistas, como as “tempestades” do Twitter, em que os usuários bombardeiam uma hashtag com tweets para torná-la um trending topic. O sequestro de hashtag é uma variante dessa tática, em que ativistas assumem o controle da hashtag de um alvo. Os ativistas ambientais também foram pioneiros na tática de “greentrolling” das contas de mídia social que vendem desinformação sobre o clima ou se envolvem em “greenwashing”. “Greentrolling” é uma estratégia de adaptação, pois se baseia na adoção de “uma forma de refutação mais associada aos ne’er-do-wells [preguiçosos e irresponsáveis] da Internet – trollagem – misturada com voz, entusiasmo e humor mordaz”.28 Ao visar as mídias sociais de grandes corporações, os ativistas climáticos obtêm um alcance mais amplo para suas mensagens e atraem o interesse da grande mídia. Um exemplo famoso ocorreu em novembro de 2020, quando a Shell fez uma pesquisa de mídia social perguntando aos usuários “o que você está disposto a fazer para reduzir as emissões [de gases de efeito estufa]?”. A pesquisa recebeu muitas respostas irônicas de ativistas ambientais, políticos e usuários comuns, incluindo personalidades como Greta Thunberg e Alexandria Ocasio-Cortez, que usaram a pesquisa para denunciar o papel da Shell no aumento das emissões.29

No entanto, para buscar estratégias de adaptação, os ativistas precisam desenvolver um conhecimento íntimo de como as plataformas comerciais de mídia social operam. Isso pode exigir uma maior profissionalização das comunicações ativistas, levando os movimentos a empregar profissionais de mídia social ou fornecer treinamento para administradores de mídia social, bem como desenvolver diretrizes e protocolos específicos.

A estratégia de adaptação apresenta vários riscos para os ativistas progressistas. Obriga-os a abrir mão da gestão direta de seus espaços de visibilidade, pois podem exercer um controle muito limitado sobre os materiais que publicam em plataformas comerciais ou a infraestrutura que permite sua publicação. Isso torna sua visibilidade particularmente frágil: se uma mídia social decidir excluir o perfil de um grupo, provavelmente todo o arquivo de conteúdo publicado até aquele momento desaparecerá, juntamente com a rede de contatos construída pelo uso contínuo da plataforma.

As plataformas comerciais de mídia social estão constantemente aprimorando seus algoritmos para impedir que os criadores de conteúdo atraiam públicos mais amplos com base no alcance orgânico. Isso permite que eles cobrem dinheiro dos criadores para alcançar seus próprios seguidores com preços que às vezes são exorbitantes para a maioria dos grupos ativistas. Também cria assimetrias de poder nos esforços dos ativistas para combater a desinformação. Grupos que espalham informações falsas sobre, por exemplo, o papel dos poluidores na desaceleração da adoção de políticas sobre mudanças climáticas são frequentemente financiados por esses mesmos poluidores, capital que lhes permite pagar por um alcance maior. As mídias sociais também estão explorando os dados do usuário criados pela atividade dos movimentos sociais na plataforma. Quanto mais polarizada a causa, mais lucro ela gera para a empresa, pois alimenta o tráfego e a atividade do usuário. Portanto, não é surpresa que a estratégia de adaptação tenda a estar em desacordo com os valores centrais das comunidades ativistas de esquerda, como sua aversão ao capitalismo. Na verdade, o uso de plataformas proprietárias costuma estar no centro de conflitos internos dentro de grupos ativistas, entre aqueles que apoiam seu uso por razões pragmáticas e aqueles que se recusam a se envolver com eles.

A vigilância corporativa nas principais mídias sociais também alimenta os sistemas de vigilância do Estado. Esta é a faca de dois gumes da visibilidade, em que tornar-se mais visível nas redes sociais também torna os grupos ativistas mais vulneráveis ​​às autoridades. Uma estratégia-chave a esse respeito é usar plataformas comerciais para promover eventos públicos, mas manter toda a organização interna em plataformas alternativas que tenham comunicação criptografada ou totalmente fora da mídia digital, empregando os métodos desgastados pelo tempo de reuniões presenciais secretas. Em outras palavras, os grupos ativistas precisam combinar diferentes estratégias e plataformas, dependendo das tarefas que precisam realizar e da privacidade ou necessidade de maior visibilidade associadas.

Avançar: colaboração, interconectividade e curadoria

Movimentos sociais progressistas, e ativistas ambientais em particular, podem usar diferentes estratégias tanto para desafiar quanto para aproveitar o poder da mídia social comercial. Eles podem se abster, construir alternativas, partir para o ataque e se adaptar. Cada estratégia tem vantagens e desvantagens em termos de eficácia e impacto, e depende do contexto. Na prática, os ativistas muitas vezes utilizam mais de uma ou mesmo todas as formas.

Em outras palavras, os quatro tipos de estratégias descritas no “Quádruplo A” de Rucht funcionam melhor em combinação do que separadamente. No entanto, é exatamente essa arte de perseguir diferentes estratégias simultaneamente que é a mais formidável. Qual deve ser o equilíbrio entre desafiar as plataformas corporativas, mas ao mesmo tempo aproveitar o seu poder? E um grupo pode fazer tudo isso sozinho ou deve trabalhar em coalizão, para se especializar em estratégias específicas?

Nesse caso, trabalhar de forma colaborativa parece ser o caminho a seguir. Isso pode assumir a forma de coalizões mais formais e plataformas guarda-chuva ou acontecer mais informalmente por meio do desenvolvimento de temas comuns em campanhas, troca de recursos, bem como compartilhamento de conteúdo uns dos outros e criação de propriedades de comunicação mais densas por meio de hiperlinks. Grupos ambientalistas, por exemplo, também começaram a trabalhar de maneira mais interseccional, considerando as questões sobre as quais fazem campanha a partir das perspectivas de diferentes partes interessadas e mapeando os sistemas interligados de poder que precisam ser enfrentados.30 Essa colaboração e formação de coalizões precisam se materializar mais fortemente no mundo digital, com mais hiperlinks e interconectividade entre grupos ambientalistas, seja por meio de contas de mídia social em plataformas comerciais ou meios de comunicação alternativos. A esse respeito, estudos sobre ativismo em vídeo em torno da justiça climática e movimentos de justiça social no início dos anos 2010 tinham conexões muito fracas entre os atores no YouTube.31 As ações e os atores dentro dos movimentos de justiça social foram muito desconectados – ou pelo menos não estavam se unindo de maneira significativa naquela plataforma específica. Assim, como um potencial local de resistência, o YouTube falhou em fornecer um espaço para práticas de mídia sustentáveis, horizontais e radicais.32

Isso parece ainda mais verdadeiro hoje – uma década depois e em um contexto em que o YouTube é discutido principalmente em termos de “tocas de coelho”, radicalização e desinformação, em vez de transmissão democrática, evidência visual e testemunho ocular radical. Quando há evidências que sugerem que uma rede de ações conectivas está de fato se materializando, o processo é liderado por forças reacionárias antidemocráticas e de extrema-direita. Eles tiveram grande sucesso em estabelecer conexões transversais entre as linhas partidárias e diferenças dentro dos movimentos, construindo um público considerável e formando uma rede coerente de canais e conteúdos relacionados que se estendem a uma ecologia de mídia mais ampla de mídia alternativa de extrema-direita. Eles fazem isso por meio de uma série interligada de práticas de conexão, incluindo participações especiais nos canais uns dos outros no YouTube, transmissão ao vivo conjunta, bem como várias práticas de referência e hiperlinks.

Mesmo quando a direita foi excluída de plataformas, por exemplo, na sequência do comício The Unite the Right em Charlottesville em 2017, grupos de extrema-direita migraram para plataformas Alt-Tech que são mais difíceis de controlar, incluindo Gab, Parler, Gettr, BitChute, Rumble, PewTube, Odysee, Hatreon e muitos outros. Eles foram projetados seguindo os modelos das plataformas das Big Techs e imitam seus recursos, além de oferecer anonimato e muito menos restrições quanto ao nível de material ofensivo e prejudicial que pode ser postado.

A extrema-direita tem sido muito capaz de se engajar em uma ampla gama de plataformas ao mesmo tempo e para diferentes propósitos – combinando as alternativas e mainstream – ao mesmo tempo em que adota deliberadamente um tom diferente para diferentes plataformas com algum grau de sucesso. Ajuda, claro, que em comparação com os movimentos progressistas, os ativistas de extrema-direita tenham menos escrúpulos em usar um tom mais ofensivo, irreverente e populista, que se sai bem nas redes sociais em termos de viralidade e otimização algorítmica. A extrema-direita também é menos relutante em usar plataformas comerciais e lucrativas e encontrou maneiras de monetizar seu conteúdo intercalando estratégias de negócios com técnicas de propaganda política.

Ativistas de extrema-direita construíram, assim, um ecossistema de plataformas Alt-Tech que superou a mídia alternativa progressista em termos de crowdsourcing e arrecadação de fundos bem-sucedida para startups de tecnologia. É claro que o sucesso recente da extrema-direita resultou não apenas de estratégias inteligentes de mídia social, mas também de um contexto político mais amplo que conduz a esses objetivos. Após a repressão – e, em alguns setores, fracasso percebido – dos movimentos progressistas de 2011, parte da mesma raiva contra o establishment foi aproveitada por atores reacionários e conservadores. Os ativistas de extrema-direita aproveitaram ao máximo as oportunidades que surgem com o alinhamento com correntes políticas mais amplas e, particularmente, com o aumento da política do medo que acompanha a incerteza e o aumento da desigualdade. No entanto, a tempestade perfeita de crises econômicas, sociais e climáticas que enfrentamos atualmente também apresenta uma abertura para mudanças radicais no lado progressista do espectro político. Desenvolver maior conectividade entre grupos, problemas e propriedades de mídia digital é fundamental nesse contexto.

Além dos hiperlinks e da interconectividade, a consistência e a continuidade também serão úteis para grupos progressistas, e o movimento ambiental em particular, tirar proveito do poder digital. Laços duradouros de colaboração podem aliviar os imensos esforços do trabalho voluntário para estabelecer e operar plataformas alternativas por meio do desenvolvimento de rotinas e um repositório de conhecimento e experiência. Esse trabalho também é necessário para atacar a mídia social comercial, que geralmente se baseia na coleta meticulosa de informações sobre a lógica voltada para o lucro das Big Techs. A colaboração sustentada durante um período de tempo torna esse trabalho voluntário possível, pois permite a transferência de conhecimento entre diferentes grupos e gerações de ativistas, reunindo percepções de experiências passadas, do que funciona e do que não funciona e garantindo que essas lições sejam transmitidas e combinadas com novos insights para novas gerações de ativismo.

Conforme demonstrado pelo exemplo da extrema-direita, a curadoria de conteúdo digital é outro aspecto crucial da interconectividade e colaboração. Curadoria refere-se ao processo de encontrar, selecionar, organizar e interligar mensagens adequadas. Assim, ajuda a criar uma rede colaborativa de atores e comunicações interconectados que fornece uma mensagem rica e consistente e oferece aos usuários diferentes pontos de entrada para o “espaço de mensagem” dos movimentos progressistas. Em sua essência, a curadoria tem tudo a ver com o cultivo da comunidade, conectividade e participação, uma lógica que vai contra os modelos de negócios das mídias sociais que fomentam o individualismo e a personalização da ação política.

Obviamente, tais estratégias de colaboração muitas vezes encontram muitos obstáculos. Diferenças doutrinárias e ideológicas, por menores que possam parecer para quem está de fora, podem dividir os movimentos progressistas e aumentar o partidarismo. Uma maior colaboração pode representar riscos à legitimidade, pois os grupos podem ter medo de se alinhar mais estreitamente com, por exemplo, um ator mais radical, uma vez que podem ser contaminados pela associação. Ou o motivo pode ser mais de interesse próprio, já que os grupos podem querer manter o público em suas próprias propriedades de mídia social, em vez de compartilhá-los com atores relacionados. A falta de financiamento e recursos para políticas progressistas pode levar à competição por audiências e à falta de conectividade entre grupos ativistas online.

Assim, para que a colaboração funcione, os ativistas precisam estar comprometidos em trabalhar juntos para criar alternativas. Seguindo em frente, é essa crença no valor de construir mais amplas redes de redes que pode ajudar os ativistas a aproveitar o poder da mídia digital, resistindo às Big Techs e mudando o mundo.

Notas

  1. https://www.pewresearch.org/fact-tank/2021/01/12/more-than-eight-in-ten-americans-get-news-from-digital- devices/
  2. https://www.datadetoxkit.org/en/wellbeing/environment/
  3. https://www.reuters.com/business/cop/facebook-climate-change-can-falsehoods-be-reined-2022-02-23/
  4. https://www.globalwitness.org/en/campaigns/digital-threats/climate-divide-how-facebooks-algorithm-amplifies- climate-disinformation/
  5. https://www.theguardian.com/technology/2022/dec/02/climate-change-denialism-flooding-twitter-scientists
  6. https://www.theguardian.com/technology/2022/dec/02/climate-change-denialism-flooding-twitter-scientists
  7. https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2021/how-and-why-do-consumers-access-news- social-media ; https://www.freepress.net/sites/default/files/2022-11/stop_toxic_twitter_coalition_open_letter_to_ twitter_final.pdf
  8. https://secure.avaaz.org/campaign/en/youtube_climate_misinformation/
  9. https://secure.avaaz.org/campaign/en/detox_the_algorithm_loc/
  10. https://secure.avaaz.org/campaign/en/detox_the_algorithm_loc/
  11. https://www.theguardian.com/books/2019/oct/04/shoshana-zuboff-surveillance-capitalism-assault-human- automomy-digital-privacy ; https://www.live5news.com/story/10860187/hackers-attack-twitter-facebook-also- slows-down/
  12. https://techmonitor.ai/technology/cybersecurity/the-return-of-hacktivists
  13. https://techmonitor.ai/technology/cybersecurity/the-return-of-hacktivists
  14. https://www.nytimes.com/2020/06/09/nyregion/exxon-mobil-hackers-greenpeace.html
  15. https://riseup.net/
  16. Rucht D. (2004). ‘“The quadruple ‘A’: mMedia strategies of protest movements since the 1960s’, in.” In W.Van De Donk, B. D. Loader, P. G. Nixon and D. Rucht (eds) Cyberprotest: New media, citizens and social movements, pp.eds. Van De Donk Wim, Loader Brian D., Nixon Paul G., Rucht Dieter, 25–48. London, England: Routledge.
  17. https://techcrunch.com/2016/10/15/multi-media-journalists-face-jail-time-for-reporting-on-north-dakota- pipeline-protest/?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_

sig=AQAAAGHZ8r3PFUD0h5BYi7TYQ-_-A8TMriPAiEkmwNz0SI6xv_VXjtIRjXOPfQkeQi9NZaotuw4g9LDe5fzkwPoHO7 qGa-JtJqcDcPvfmeAs1TvoX40QrO_9HJyE0tulIkIgRO3IH5SIGKNUChzcBfk0fGhbZZHs9jmxOp00H60aUANV

  1. https://unicornriot.ninja/tag/standing-rock/
  2. https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2022/how-people-access-and-think-about-climate- change-news
  3. As mobilizações das areias betuminosas foram protestos contra a construção de oleodutos transportando areias betuminosas no Canadá em 2014. As areias betuminosas são petróleo de baixa qualidade cuja extração e processamento tendem a ser mais perigosos para o meio ambiente. Nas mobilizações das areias betuminosas, grupos ambientalistas se juntaram a manifestantes das Primeiras Nações. Idle No More foi um grupo chave na organização de protestos.
  4. Os protestos de Ferguson foram um evento chave no movimento Black Lives Matter. Eles surgiram em Ferguson, Misouri, após o assassinato de Michael Brown pela polícia em agosto de 2014.
  5. https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2022/how-people-access-and-think-about-climate- change-news
  6. https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2022/how-people-access-and-think-about-climate- change-news
  7. Martini, M. (2018) ‘Online distant witnessing and live-streaming activism: emerging differences in the activation of networked publics’. New Media & Society, 20(11): 4035–4055.
  8. Kavada, A. and Specht, D. (2022) ‘Environmental movements and digital media’, in M. Grasso and M. Guigni (eds) Routledge Handbook of Environmental Movements. New York: Routledge.
  1. https://www.washingtonpost.com/business/2021/07/30/greentrolling-big-oil-greenwashing/
  2. https://www.washingtonpost.com/business/2021/07/30/greentrolling-big-oil-greenwashing/
  3. https://juststopoil.org/background/
  4. Askanius, T. (2012) Radical online video: YouTube, video activism and social movement media practices, Doctoral thesis, Lund Studies in Media and Communication 17, Lund University.
  5. Wright, E. O. (2019) How to be an anti-capitalist in the 21st century. London: Verso. Books
  6. Uldam, J. (2018). ‘Social media visibility: challenges to activism’. Media, Culture & Society, 40(1): 41–58. https://doi. org/10.1177/0163443717704997
  7. https://tacticaltech.org/projects/data-detox-kit/
Leia Também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *