Em obra pioneira e de imensa coragem intelectual, historiador cearense transcriou, em 1914, um livro do Gênesis dos Huni-Kuin. Dessa experiência radical, pesquisadores indígenas descobrem, hoje, novas possibilidades de diálogo e tradução
Ao estudar os Marubo, um antropólogo percebe-se imerso em uma cultura fundada na multiplicidade e na mediação. Nela, o humano é uma entre muitas pessoas – espirituais, animais, etc. O que ensina essa poética xamânica do traduzir?
Transmitida oralmente por milênios, a cosmogonia dos Guarani Mbya chega à quinta tradução escrita. O primeiro ser, o Colibri, nutre de seiva o criador. A palavra é sinônimo de alma e sua enunciação, ato político, que semeia novos mundos
Em textos poéticos, a angústia frente ao eterno retorno da tragédia dos povos da Amazônia. O Criador vislumbra o impasse da destinação de suas criaturas. Tudo em nome da “poeira brilhante na lama”, como definiu Davi Kopenawa
Fruto de 40 anos de diálogo entre um xamã e um antropólogo, o livro é de atualidade atroz. E revela, sobretudo, o impasse civilizatório do país dos “comedores de terra”, que aposta na devastação ao invés da riqueza da floresta e da diferença