Uma contradição marca o mandato de Lula, agora em seu quinto mês. Presidente mantém promessa de enfrentar desigualdade e regressão do país. Não parece se dar conta de que “arcabouço” preparado pela Fazenda impedirá cumprimento da promessa
Desde meados da década de 1990 está em curso um projeto para reduzir a capacidade de investimento do Estado brasileiro e manter a captura da riqueza social pelos rentistas. Proposta do ministério da Fazenda segue a mesma linha
Francisco Funcia, da ABrES, reflete sobre como o “arcabouço fiscal” afetará o SUS. E sustenta: flexibilizar as amarras que restringem o gasto público pode, além de tudo, fazer com que a economia cresça
Relatório Depois do Desmonte, recém-lançado pelo Inesc, retrata a face neoliberal do governo Bolsonaro. Em nome dos “superávits fiscais”, houve vastos cortes de verbas para políticas públicas. A dúvida: Haddad estará disposto a virar a página?
Em seu início, governo entra num labirinto de juros elevados e “austeridade suave”, quando precisaria elevar despesa pública para a reconstrução do país. É preciso enfrentar o financismo, que tenta capturar a política econômica através da monetária
Manter EC 95 seria a morte súbita do governo. Porém, ao impor uma dieta ao Estado, proposta de Haddad capitula à mesma lógica de “austeridade” em um momento político decisivo. Sem perceber, Lula pode ser cozinhado em fogo brando…
Novas vozes apontam problemas estruturais do ajuste fiscal proposto pelo ministério da Fazenda. Um deles: manter a captura de riqueza coletiva pelos rentistas, que cria mais desigualdade e desestimula o investimento produtivo
“Arcabouço fiscal” proposto pelo ministério da da Fazenda restringe o investimento público e não toca na transferência aos rentistas. Se aprovado, pode apequenar o governo Lula, ao manter as lógicas que condenam país à regressão
Politica econômica deveria buscar o emprego e o crescimento. Para isso, o gasto público é decisivo. Optar pelo resultado fiscal pode custar caro. Regra pode ser mais um freio na economia (além dos juros) e alimentar a extrema direita
Por trás da proposta que Haddad prepara, há três séculos de debate filosófico e econômico. Ministro e sua equipe serão sensíveis aos novos ventos teóricos? Ou, de costas para o futuro, aprisionarão o país na masmorra de mitos do liberalismo?