Photofagia: estridentes mordaças urbanas

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Pensou gritar. Desistiu da ideia e entrou no vagão, como os outros, como tantos, repetindo simbolicamente o gesto de sempre”

Por Leticia Freire, editora de Photofagia

Há tempos pensava mais para dentro que para fora, interrompendo as palavras. Diante do silêncio do mundo, que parecia hipnotizado pelos fetichismos contemporâneos, não transformava mais o vazio em verbos. Mas ela queria mesmo era falar, dizer, questionar.

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Entre suas infinitas perguntas, queria saber quem mandou o mundo correr daquele tanto. E se corre assim, corre para quê, para onde?

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Pensou em gritar. Talvez isso acordasse a si mesma, aos outros. Será que além de mudos, perdemos a capacidade de enxergar?

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Desistiu da ideia e entrou no vagão, como os outros, como tantos, repetindo simbolicamente o mesmo ato de sempre.

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Não falou durante todo o trajeto. Havia pouco, quase nada para ser dito. Seu mundo (extra)interior era uma provocação explicita por si só.

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Leticia Freire, pesquisadora, retratista e autora do blog Photofagia inaugura nova coluna em Outras Palavras. Nela, vai expor suas fotografias, textos, viagens, personagens, devaneios e afins.

Formada pelo Cavendish College London, sob orientação de Rod Morris, Leticia começou a fotografar em 2005. Durante os anos de 2006 e 2007, percorreu diversas áreas do Brasil e do mundo, reportando visualmente os elos entre pessoas e cadeias produtivas.

Aportou em Santos em 2008, mudou-se para São Paulo em 2009, e desde então vem exercitando o olhar de forma livre e plural.

As imagens aqui apresentadas compõem parte de seu acervo.

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4 comentários para "Photofagia: estridentes mordaças urbanas"

  1. Eliana disse:

    Adorei a matéria! Excelentes photofagias…

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