O Vermelho e o Verde

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O segundo turno oferece a oportunidade para o encontro entre a esquerda histórica e uma nova cultura política. Um gesto simbólico de Lula e Dilma poderia abrir caminho para tanto

Agora, quando o resultado das eleições de 3 de outubro está emergindo em seu conjunto, já é possível fazer balanços mais abrangentes, menos enevoados por manipulações da mídia ou expectativas frustradas. Distinguem-se, no panorama que se abre, duas tendências consolidadas: as “ondas” vermelha e verde. Enxerga-se, além delas, uma oportunidade histórica: a possibilidade de articulá-las – não num acordo eleitoral fugaz, mas num diálogo e possível construção de longo prazo.

A “onda vermelha” veio antes, cronologicamente. Atingiu seu ápice em meados de setembro, recuando em parte nas três semanas anteriores às urnas. Significou um vasto desafio a alguns dos fatores que marcam a submissão social no Brasil, no passado e no presente. Entusiasmadas pelo tímido – porém inédito – movimento de redistribuição de riqueza ensaiado no governo Lula, as maiorias questionaram o poder dos coronéis (locais e regionais); a ditadura da mídia piramidal (inclusive a TV Globo); a influência dos “formadores de opinião” da classe média conservadora; a força dos velhos preconceitos econômicos, segundo os quais investimento público é sinônimo de “gastança”.

Os efeitos deste grande movimento são generalizados. Na disputa presidencial, a diferença entre PT e PSDB – os partidos que expressam, no imaginário popular, democratização e elitismo – alargou-se de 7 pontos percentuais, no primeiro turno de 2006, para 14,3 agora1. No plano estadual, o PT obteve vitórias emblemáticas no Rio Grande do Sul e, quase certamente, Distrito Federal. Tanto no Senado quanto na Câmara os partidos que compõem a base de Dilma ultrapassaram os 60% necessários para mudanças constitucionais.

No Senado, aliás, o DEM, melhor expressão da velha direita, viu sua bancada eleita em 2002 reduzir-se de 14 integrantes para apenas dois, agora; enquanto a do PSDB encolheu de 8 para 5. PSOL e PCdoB, que não haviam elegido senadores2 em 2002, têm agora, respectivamente, dois e um representantes. A casa ficou livre, além disso, de alguns ícones sagrados do conservadorismo, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Marco Maciel (DEM-PE) e Heráclito Fortes (DEM-PI). Na Câmara dos Deputados também houve guinada à esquerda, embora menos pronunciada3.

Já a “onda verde” formou-se na reta final da campanha. Em menos de vinte dias, Marina Silva (PT) passou de cerca de 12% das intenções de voto para 19,3%, no cômputo final. É o triplo do percentual (6,85%) alcançado por Heloísa Helena no primeiro turno de 2006, quando a então candidata do PSOL também representou uma espécie de terceira força. Mas a evolução qualitativa é ainda mais importante que a numérica. Heloísa expressava essencialmente uma frustração e um protesto – contra Lula e o PT. Setores da esquerda e (principalmente) da classe média, que idealizavam um governo mais radical (ou mais puro) que o real, descarregaram sua decepção na figura da senadora, amarga e embrabecida.

Marina é o passo adiante. Ela emociona-se ao descrever a angústia que sentiu, ao separar-se do PT. Reconhece os grandes avanços sociais dos últimos oito anos e o papel democratizador desempenhado pela esquerda histórica. Mas pensa isso não basta. Embora a enxurrada de votos que recebeu nos últimos dias tenha origens diversas e até contraditórias (como se verá adiante), o sentido político e simbólico que deu a sua candidatura é inconteste. Ela sugere que não basta integrar as maiorias nos padrões de produção e consumo do capitalismo, livrando-as da “exclusão”. É possível discutir os sentidos do desenvolvimento.

Afinal, que projetamos, como futuro coletivo? O “direito” dos pobres a seguir a classe média e mofar horas enjaulados em seus automóveis, todos os dias? O aumento indefinido da produção de energia, para que o consumo de latinhas de alumínio continue se expandindo? Casas para todos, mesmo que em regiões remotas das metrópoles, onde a natureza foi agredida e a mobilidade é quase nula? O título de maiores exportadores mundiais de alimentos, às custas de nossas florestas e preservando os latifúndios?

Marina não recebeu, é claro, apenas os votos de quem faz estes questionamentos. Ela foi beneficiada pelos eleitores que a mídia, após uma campanha abjeta e prolongada de calúnias, conseguiu tirar de Dilma – mas não foi capaz de transferir a Serra. Em seu colo caíram, também, as adesões por preconceito: gente amedrontada, nos grotões, por ouvir dizer que a candidata de Lula promove o aborto, é ateia, flerta com seitas satânicas. O PT deveria compreender que são circunstâncias da política institucional. Também ele foi beneficiado, mais de uma vez, por balas perdidas, nas disputas entre seus adversários. Para ficar num único exemplo, basta citar Maria Luíza Fontenelle, primeira prefeita eleita pelo partido numa capital (Fortaleza, 1985). Ela consagrou-se nas urnas também porque o PDS, partido da ditadura que recém-terminara, viu-se incapaz de derrotar Paes de Andrade (do PMDB, inimigo histórico) e preferiu descarregar seus votos na petista.

II.

Seria fácil para Dilma, Lula ou os partidos de esquerda que os apoiam, apontar em Marina o bode expiatório a necessidade do segundo turno – mas seria vão. Em contrapartida, um exame mais atento do resultado eleitoral serviria – em especial ao presidente, cuja argúcia política é reconhecida até pelos maiores adversários – para aprofundar e atualizar sua visão sobre a sociedade brasileira.

A emergência tão abrupta da figura política de Marina é mais um sinal de que o Brasil está mudando. Mas ao mesmo tempo em que confirma a potência das políticas de Lula, este fenômeno convida a atualizá-las, para que não se tornem repetitivas e obsoletas. A inclusão social, a criação da “nova classe média”, a “emergência das classes C e D” são reais e benvindas. Mas tende a repetir-se rapidamente, no Brasil, o choque que se deu entre o “welfare state” europeu e seus filhos rebelados de 1968.

Superada a “exclusão”, conquistado um lugar ao sol no pátio do capitalismo, uma nova questão se apresenta. Como continuar reinventando a vida? Certas análises muito recentes, sobre o primeiro turno brasileiro de 2010, tendem a diagnosticar a tendência de parte dos “incluídos” ao conservadorismo. Vencida a condição de miserável, uma parcela se tornaria refratária às propostas que sugerem novas mudanças: ou por temer regressar à condição anterior ou por querer diferenciar-se da massa dos pobres, que votam à esquerda. Esta seria a razão para Dilma ter obtido, no Nordeste e Norte – as regiões mais beneficiadas pelos programas sociais – dianteira inferior à que se previa.

Para testar esta hipótese, será preciso examinar os resultados das eleições em regiões sociais homogêneas, comparando-os com os de pleitos anteriores. Um exame mais profundo do fenômeno talvez revele um bifurcação em Y. Ultrapassadas as condições de desigualdade mais dramáticas, parte da sociedade pode tender, de fato, ao conservadorismo. Mas um outro setor – especialmente entre a juventude, de todos os extratos sociais – passa a reivindicar mudanças ainda mais profundas.

Ele alegra-se com a superação da miséria, mas isso apenas aguça seu desejo de uma vida nova. A simples exaltação das conquistas alcançadas não o anima. E repele (talvez sem realismo, mas certamente com razão…) os “efeitos colaterais” do que foi obtido. Neste grupo, estão os eleitores que se chocam, por exemplo, com a ausência de uma política ambiental avançada; com a devastação contínua (ainda que decrescente) da Amazônia; com a lentidão da reforma agrária e a conivência com o agronegócio predatório; com a construção de grandes obras sem esclarecimento suficiente de seus impactos ambientais; com o envenenamento e congestão das metrópoles; com as alianças com certos coronéis da política.

Marina seduziu, provavelmente, uma parte importante (talvez majoritária…) deste eleitorado. Ele não se confunde com a ultra-esquerda clássica. Por isso, não optou pelo PSOL (embora tenha, certamente, admirado sua participação irreverente e pedagógica de Plínio Sampaio nos debates). Nem presta atenção ao fato de a candidata do PV ter como vice um empresário cotado na lista Forbes dos bilionários globais; de voar a bordo do jatinho mais luxuoso da campanha; de ter, como assessor econômico, alguém mais neoliberal que o próprio Serra; de ter se filiado a um partido cujo passado é marcado pelo fisiologismo. Muito além da causa ambientalista, este eleitorado vê, no Verde de Marina, o símbolo de uma ideia-base: não basta matar a fome, nem incluir a todos na ordem atual; temos um mundo e um país a inventar.

III.

A existência de uma vasta parcela da sociedade que pensa assim é “algo nunca antes visto na história do Brasil”. Não vem ao caso, neste instante, debater os qualidades e limites da candidata, ou as inconsistências e contradições das forças em que seus planos se apoiaram. O importante, no momento, é perceber que Marina ajudou a expressar um fenômeno que Lula, Dilma e a esquerda que os apoia deveriam festejar, em vez de lamentar. Este setor, que se ampliará cada vez mais à medida em que ficar para trás a fase da mera “inclusão”, será contraponto aos “novos conservadores” e a seu peso imobilizante.

Promover o encontro entre o Vermelho e o Verde – ou seja, entre a esquerda histórica e os desejos de pós-capitalismo que emergem – é algo cuja importância vai muito além das eleições. Desta sintonia, difícil e delicada, porém necessária, dependerá a possibilidade de o Brasil continuar a ser, nas próximas décadas, um símbolo de criação política – muito mais que de “inclusão”.

Será excelente se surgirem, já na caminhada para o segundo turno, sinais de que tal confluência é possível. Eles terão de vir na forma de acenos de Lula, Dilma e partidos aliados a Marina e seu eleitorado. Cabe a quem exerce o governo sinalizar que pretende fazê-lo incorporando novas agendas, projetos e métodos – ou seja, revendo parte de sua prática. Não se deve esperar, em contrapartida, o apoio formal de Marina a Dilma. Se forem fortes e transmitirem sinceridade, estes gestos dialogarão diretamente com a sensibilidade do eleitorado Verde. Também servirão de contraponto a Serra; sua lógica puramente mercantil; seu governo enodoado pelo declínio da Educação paulista, repressão permanente aos sem-teto, sequência de incêndios suspeitos em favelas, maltrato aos moradores de rua, atos extremos como inundar a várzea pobre do rio Tietê, para preservar o trânsito de automóveis nas vias marginais.

Lula conhece como poucos a importância e força dos atos simbólicos. Terá diversas oportunidades para promovê-los. Narrada recentemente pelas novas mídias4, talvez a luta da Costa do Cacau baiana por um novo projeto de desenvolvimento é um dos terrenos em que a nova aliança poderia ser possível. Lá, a sociedade civil já está gestando, num esforço inédito, a sintonia entre o social, o ambiental e o pós-capitalista.

Situada no Sul da Bahia, estendendo-se das margens do oceano ao coração da Serra do Mar, a Costa do Cacau abriga um dos maiores remanescentes da Floresta Atlântica no Brasil. Empobrecida pelo declínio da lavoura cacaueira, parcialmente socorrida pelo Bolsa-Família (em Ilheus, um de seus polos, 47% dos moradores vivem graças a este direito; 52% vivem abaixo da linha da pobreza e a metade destes é considerada economicamente “miserável”), a região é agora ameaçada por um projeto extrativista-exportador – que tem, até o momento, o apoio dos governos nacional e baiano. Uma transnacional casaquistanesa pretende construir, em área de proteção ambiental, um porto para escoar importantes jazidas de ferro descobertas a cerca de 500 quilômetros, no interior. Fala-se ainda no chamado Complexo Porto Sul, que incluiria uma siderúrgica (a ser implantada em parceria entre a Votorantim e sócios chineses), um aeroporto internacional e um segundo terminal portuário, para exportação de grãos.

Dezenas de organizações sociais mobilizam-se para evitar a concretização do projeto. Mas, à diferença do que ocorreu com outras lutas ambientais recentes, elas têm uma alternativa concreta, formulada em detalhes. Não são anti-desenvolvimentistas: querem outro desenvolvimento. Seu projeto prevê transformar a região num polo de produção agrícola agro-industrial (cacau e chocolates) fortemente cooperativada – incentivando-se, em especial, os assentamentos de sem-terra; de difusão de conhecimento e novas tecnologias; de turismo ambiental e histórico.

Inspirada pelo conceito de eco-sócio-desenvolvimento, de Ignacy Sachs, a proposta preserva a natureza – mas gera, na ponta do lápis, ocupações muito mais numerosas e qualificadas que as oferecidas pelas mega-obras. As organizações que assumem a alternativa frisam que o Brasil é rico demais, cultural e ambientalmente, para reduzir-se à condição de exportador primário.

O licenciamento ambiental, ainda não concluído, sairá em breve, se prevalecerem os trâmites atuais. Para quebrar a rotina e sugerir uma mudança de rumos que enriqueceria seu legado, o Presidente poderia, por meio do ministério do Meio Ambiente, determinar a abertura de audiências públicas sobre o caso. Como novidade, bastaria determinar que, ao invés de ter como pauta a mera aprovação ou rejeição do projeto minero-exportador, elas se dedicassem ao exame comparativo das duas propostas.

É um exemplo, entre tantos outros possíveis. Em gestos singelos como este pode estar a chave para que o Vermelho e o Verde estabeleçam, no Brasil, uma sintonia estratégica que, além de mudar a face do país, teria imensa repercussão mundial

Antonio Martins é jornalista e votou em Dilma já no primeiro turno

1Em 2006, Lula teve 48,6%, contra 41,6% de Geraldo Alckmin. Em 2010, Dilma teve 46,9% contra 32,6% de José Serra. Note-se que a ampliação da diferença ocorreu apesar de Lula, com seu enorme carisma e poder de comunicação ter passado de candidato a apoiador.

2José Nery (PA), atual senador pelo PSOL, foi eleito em 2002 pelo PT, na condição de suplente de Ana Júlia, que assumiu em 2006 o governo do Estado. Heloísa Helena (AL), agora derrotada, também foi eleita (no mesmo ano) pelo PT.

3PT, PCdoB e PSB, somados, passaram de 113 para 137 deputados; enquanto a bancada do DEM mingou de 84 para 43 e a do PSDB, de 70 para 53.

4Além de Outras Palavras, dedicaram-se ao tema a revista Fórum e a agência Envolverde

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20 comentários para "O Vermelho e o Verde"

  1. Tory disse:

    Inormfation is power and now I’m a !@#$ing dictator.

  2. anencéfala disse:

    Nossa, nem sabia que o PMDB hoje se faz parte da esquerda histórica..aliás nem percebia que hoje tinha essa diferença de direita e esquerda neste país e nem que partido político tinha diferença um do outro. No meu raciocínio acéfalo a esquerda depois que subiu ao poder se tornou direita e adora viajar de jatinhos milionários.
    Que tal se o vice da Marina fosse alguem do naipe de Michel Temer…aí sim seria tudo a ver não?
    Me poupe de baboseiras.

  3. Paulo disse:

    Caríssimo Antonio,
    Parabéns pela exatidão e amplitude de sua análise.
    Todavia, permita-me discordar.
    Infelizmente, o povo brasileiro não é tão atilado quanto possa parecer. Ele somente, mais uma vez, transferiu a responsabilidade, uma vez mais, ao destino.

  4. moroni disse:

    Caríssimo Antonio,
    Parabéns pela exatidão e amplitude de sua análise.
    Todavia, permita-me discordar.
    Infelizmente, o povo brasileiro não é tão atilado quanto possa parecer. Ele somente, mais uma vez, transferiu a responsabilidade, uma vez mais, ao destino.

  5. Justin Munduala disse:

    Bom dia, Antônio!
    Parabenizo pelo artigo, independentemente da escolha que faz!
    Considero o conteúdo de uma boa análise que procede de alguém muito esclarecido, como jornalista e analita político.
    Espero que possa esse artigo iluminar a opinião de tantos brasileiros e brasileiras que vão para definir o rumo político do país daqui três semanas!
    Parabens mais uma vez…

  6. Danilo Vilaça disse:

    Não vejo esta eleição com otimismo. A opção pelo voto em Marina, na minha opniao, reflete a inocencia do brasileiro para as questoes politicas, deixam-se guiar por modismos (a tal “onda verde”) e pela mídia reacionária.
    Acredito que o PT, com a popularidade do governo Lula, perdeu a oportunidade de aprofundar o processo transformaçao social do país, nao fiquei satirfeito por isso nao votei na Dilma. Nao vejo mais no PT um interesse tao grande em resolver definitivamente a questao da desigualdade social.
    outra coisa, a Marina defendeu a questao ambiental como primordial apenas como estrategia de marketing, porque falar de proteção ambiental, sem falar em peitar grandes empresas e sem falar em reforma agraria é balela.

  7. Marco Antonio disse:

    Maria Célia que bom que pelo menos o PV não tem a hipocrisia e defende a legalização da Bendita. Nunca ouvi nenhum partido defender a proibição do alcool, uma droga muuuuuuiiiiiiito mais nociva.
    Legalização Já!
    Ps. alguêm tem uma seda ai?

  8. Prezado Antônio,
    Sigo seu trabalho a um bom tempo. Admiro-o, sinceramente. Contudo, creio que há um pequeno problema em sua análise:
    Apesar de afirmar a oportunidade histórica de se articular as “ondas” vermelha e verde, “não num acordo eleitoral fugaz, mas num diálogo e possível construção de longo prazo”, você não leva em conta justamente a diferença entre o apelo eleitoral representado pela candidatura de Marina e as dificuldades das relações entre essa militante e o partido que a acolheu (para as eleições) se consolidarem programaticamente para além do meramente eleitoral.
    Além disso, a estrutura do PV continua marcadamente fisiológica; algo que dificilmente poderá ser o caso numa continuidade de Marina Silva nesse partido. Essa continuidade dependerá que um dos dois mude…
    Quanto a uma articulação das “ondas” vermelha e verde, a questão primordial será a da natureza da “onda verde”. Está é Pró Marina ou Pró PV?
    Pode ser que a mesma seja apenas um afloramento da consciência ecológica há muito limitada a certos programas governamentais e a certas ONG’s ou mesmo aos prgramas de ensino de escolas de ensino fundamental e médio. A manutenção e o desenvolvimento disso implica numa maturidade excepcional tanto de Marina Silva quanto do PV, assim como, a partir disso, num diálogo realmente aberto entre aqueles que estão á frente das referidas “ondas”…
    A questão é saber até que ponto os líderes de uma e outra poderão manter aberto esse diálogo para além dos interesses tipicamente eleitorais ou simplesmente estratégicos (no sentido de uma ação com referência a fins)…

  9. Arlindo Freire disse:

    Antes mesmo do 2° Turno, o PT+PV poderiam fazer uma análise da situação atual do Brasil e sua perspectiva de futuro, deixando de lado o ranço e a raiva do passado, dando prosseguimento ao que tem sido recomendado pela Comunicação Social nas áreas da coerência, justiça, dignidade e solidariedade – visando ao bem-estar pelo desenvolvimento
    social, econômico e político da coletividade brasileira.
    Esta consideração resulta da leitura do artigo de Antonio Martins, sobre este assunto, o qual deveria ser conhecido e examinado pelos grupos sociais e políticos que pretendem ter um país consciente e responsável no plano estrutural.

  10. Geraldo Lucchese disse:

    Lúcida a análise do Antonio Martins – embora concorde com alguns leitores de que outros fatores também foram responsáveis pela ‘onda verde’. Apesar dos 20% dos votos, o PV não teve força semelhante para eleger representantes nos parlamentos. Em Brasília, onde Marina teve a maior votação entre os três candidatos, o PV não elegeu nenhum deputado distrital e nenhum federal. Não sei como foi seu desempenho em outros estados. O fato reforça a idéia de que a questão ambiental não foi a força principal da onda verde. Mas concordo completamente com a idéia de que Dilma deve ter humildade suficiente para reconhecer que é necessário um foco a mais em seu programa – baseado principalmente na idéia da inclusão dos grupos mais pobres à produção e ao consumo. É sim necessário, e estratégico, adicionar o debate sobre a sustentabilidade (seja lá o que for essa idéia) do modelo de desenvolvimento.

  11. Lima disse:

    O articulista tem memória curta. Esqueceu do ufanismo exagerado e a condenação à mídia por parte do Governo. A mída, na maioria, só revelou os escândalos acontecidos.

  12. sidney de rosa disse:

    Mesmo concordando integralmente com o artigo, há de se salientar que, não fosse a enxurrada de votos evagelicos e a dissimulada midia brasileira, Marina continuaria patinando nos 10/11% de intenção de votos, esses sim, ideologicamente impregnados pela candidata. Só para citar meu exemplo: convivo em uma familia 100% evangelica cujos votos se dividiram entre Serra (os mais ricos) e Marina (por ser evangelica). A unica excessão foi minha mulher que enxerga o Brasil como um todo e que votou na Dilma. Para que possamos unir o “verde” (se esse realmente existisse) com o vermelho, necessário seria, que o PV se torne um partido de verdade e não essa “praga” ambigua, unida aos mais retrógados partidos brasileiros (vide RJ,SP, para citar apenas dois). O presidente desse pseudo partido, faz politica nos barzinhos de Pinheiros e Villa Madalena e é um instrumento dos tucanos de São Paulo há muitos anos. Dessa forma não há como unir algo existente, a onda vermelha, com algo inusitado, tal qual a eleição do palhaço Tiririca. Marina é muito maior que o PV, da mesma forma que Lula o é com relação ao PT.

  13. maria celia disse:

    É uma pena que os evangelicos e os catolicos não sabe que o partido verde defende a liberação da maconha!
    Então foi preferivel alimentar a ideia do aborto e esconder isso e
    protejer a Marina, esquecendo que todos os dia as mulheres faz aborto em clinicas clandestinas que geralmente sai de lar com infecções que levam a morte ou a sterilização permanente, sou contra o aborto,mas está na hora de resolverem este dilema pois vejo todas as vezes que estou de plantão mulheres doentes porque cometeu aborto em clinicas clandestinas ou porque tomou remedios que obteram de forma ilegal.
    É preciso deixar de hipocrisia e encarar a realidade!

  14. Genovan de Morais disse:

    Muito razoável e pertinente a sua análise sobre o desenpenho de Marina Silva nas eleições e sobre as possibilidades colocadas por ele de avançar nas concepções de desenvolvimento e de inclusão social. Também votei em Dilma no primeiro turno, mas acredito e torço para que o capital de quase vinte milhões de votos dos verdes não seja desperdiçado. Pelo contrário, propicie negociações programáticas com o projeto em curso do Presidente Lula e permita compromissos e ações que avancem numa percpectiva além do modelo de mera genaralização de uma sociedade de consumo.

  15. werner henrique tönjes disse:

    Há a lei da alternância,mais cedo ou mais tarde.E é ambígua.

  16. Emilia de Morais disse:

    O autor parece que se esqueceu da enorme onda evangélica que também carregou muitos votos para Marina (Silva) Vaz de Lima, e de sua súbita e nada inocente adoção pela grande mídia!!!

  17. sofia disse:

    ótima idéia! dá vontade de fazer chegar no governo.

  18. Antonio Menezes disse:

    Acho extremamente ambígua o tipo de afirmação que se segue em algumas passagens do artigo: “Afinal, que projetamos, como futuro coletivo? O “direito” dos pobres a seguir a classe média e mofar horas enjaulados em seus automóveis, todos os dias? O aumento indefinido da produção de energia, para que o consumo de latinhas de alumínio continue se expandindo? Casas para todos, mesmo que em regiões remotas das metrópoles, onde a natureza foi agredida e a mobilidade é quase nula? O título de maiores exportadores mundiais de alimentos, às custas de nossas florestas e preservando os latifúndios? […] Não vem ao caso, neste instante, debater os qualidades e limites da candidata (Marina), ou as inconsistências e contradições das forças em que seus planos se apoiaram.” autor esquece ou faz questão de omitir que numa democracia o que define a força política é justamente a adesão das grandes parcelas e as alianças políticas consideradas em torno dos projetos. Sem isso não há política. Assim, entre aspas e reticencias a visão de uma terceira via parece a eclosão de um neo conservadorismo de cunho eco-conservacionista, não fosse uma profissão de fé salvar o mundo com uma política pós-capitalista de horizontes obscuros.

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