A quem interessa privatizar os parques públicos
Como S.Paulo reagiu à proposta de entregar o Ibirapuera, alguns argumentaram: seria o mesmo modelo que faz bem ao Central Park. Veja como este pensamento é tolo
Publicado 15/10/2016 às 18:27
Como S.Paulo reagiu à proposta de entregar o Ibirapuera a empresas, alguns argumentaram: seria o mesmo modelo que faz bem ao Central Park. Veja como este pensamento é tolo
Por Raquel Rolnik, em seu blog
O prefeito eleito de São Paulo, João Doria Jr., propôs vender ou privatizar vários bens públicos da capital. Entre eles, o Parque do Ibirapuera, um dos maiores e mais frequentados do município. Se a proposta é privatizar, isso significa que uma empresa com fins lucrativos vai explorar comercialmente aquele lugar, e, em contrapartida investir na manutenção do parque. A polêmica toda começa aí. O que essa empresa vai vender? Como ela vai vender? E como isso pode afetar o uso público e gratuito do parque?
Ao longo da semana, pós-anúncio da privatização, ouvi argumentos do tipo “o Central Park, em Nova York, tem gestão privada e presta um bom serviço à comunidade, por que não seguir o mesmo modelo?”. Na minha coluna dessa semana na Rádio USP, expliquei para a repórter Sandra Capomaccio que esse argumento não é verdadeiro.
Na verdade, cerca de 75% dos 76 milhões de dólares anuais necessários para a manutenção e pequenos restauros do Central Park são cobertos por uma entidade sem fins lucrativos criada no final dos anos 1980 por moradores da cidade, usuários do parque e pessoas preocupadas com seu mau estado de conservação naquele momento. Os recursos dessa entidade são provenientes de doações de pessoas e empresas que acreditam na importância de manter o parque aberto à comunidade. Além desses recursos, o parque opera também com campanhas específicas, sempre baseadas em doações. Ou seja, sem retorno, sem negócio, sem lucro.
Isso nada tem a ver com “privatização”. É muito mais uma gestão compartilhada.
Ouça o comentário completo aqui, no site do Jornal da USP.
Concordo.
O que essa quadrilha ultraneoliberal que tomou de assalto os governos em níveis federal, estaduais e municipais pretende fazer é privatizar até o ar que a população respira.
Caramba. Excelente análise de modelo de negócio. Super profunda…