BRICS: novo passo rumo a outra ordem financeira?

Em reunião paralela ao encontro do Banco Mundial, países da antiga “periferia” podem criar Banco de Desenvolvimento próprio e agência de avaliação de riscos independente

Por Mauro Santaya, em seu blog

Reunião dos Brics em Chongqing, em 26 de setembro

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Em reunião paralela ao encontro do Banco Mundial, países da antiga “periferia” podem criar Banco de Desenvolvimento próprio e agência de avaliação de riscos independente

Por Mauro Santaya, em seu blog

Ignorado e desvalorizado pela mídia “ocidental”, que só noticia sua existência quando das cúpulas presidenciais, o grupo BRICS, que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, se prepara para promover verdadeira revolução no mercado financeiro internacional.

Reunindo alguns dos maiores credores dos EUA – com 378 bilhões de dólares em reservas internacionais, o Brasil é o seu terceiro maior credor – o grupo se organiza para criar o seu próprio banco mundial e a sua própria agência de qualificação de riscos.

Eles se cansaram de esperar pelas reformas do FMI e do Banco Mundial, que lhes dariam mais poder e cotas dentro daquelas organizações, e decidiram atuar em conjunto para superar a crise. Na semana que vem, será realizada em Tóquio mais uma reunião dos países membros do Fundo Monetário Internacional. Mas os países do BRICS não esperam qualquer avanço nos debates pela reforma da instituição, já que os Estados Unidos a isso se opõem.

Em ano eleitoral, o Presidente Barack Obama não quer dar pretextos à crítica dos republicanos, dando a impressão que os EUA estariam dispostos a ceder mais espaço de poder para os BRICS na mais conhecida – até agora – organização financeira do planeta.

Nada disso, no entanto, muda o fato de que o apego ao poder dos Estados Unidos e da Europa nos organismos internacionais está cada vez mais distante da situação geopolítica real.

Para o “mercado”, manda quem tem dinheiro, e, se os EUA e a Europa estão cheios de dívidas, por causa de guerras como as do Iraque e do Afeganistão, e de anos de hedonismo e de consumo irresponsável, o dinheiro agora está nas mãos da China e do BRICS como um todo. Os membros do grupo tem um perfil de dívida baixo e não devem quase nada ao exterior, comparando-se aos países do G-7, (Brasil, 13% de dívida externa, 35% de dívida líquida total – contra 55,5% em 2002) e já detêm, com pouco mais de 4.3 trilhões de dólares, quase 50% das reservas internacionais do planeta.

No dia 15 de agosto realizou-se na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, a primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS.

No dia 26 de setembro, um fórum de especialistas do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul, se reuniu em Chongqing, na China e ali foi discutida a idéia de se criar uma agência de qualificação do grupo, como alternativa às agências de classificação ocidentais, que não souberam prever a crise de 2008, nem a que eclodiu este ano.

Nesta semana, em Tóquio, os ministros das finanças do BRICS voltarão a reunir-se, à margem do encontro do FMI. Da pauta deverá constar a troca de reservas, em caso de eventual necessidade de financiamento externo, e a criação do Banco do BRICS, cujo capital inicial, segundo anuncia a imprensa internacional, poderá chegar a 50 bilhões de dólares.

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4 comentários para "BRICS: novo passo rumo a outra ordem financeira?"

  1. Mic disse:

    Verdade, Misael, capitalismo é mesmo uma merda, na qual estamos atolados até o pescoço. O Império ainda não ruiu e Dart Vader ainda tem o mais mortífero exército da galaxia. Nesse cenário, há de concordar, é melhor ser credor que devedor, né não?. E o pior, caro companheiro, é que nem o velho Marx soube dizer se o que vem após o capitalismo será melhor ou pior. Assusta um pouco a idéia de uma teocracia internacional, com os caras de turbante (o crucifixo já digerimos) dizendo o que você ver, ler, ouvir, pensar. Mas que a casa está caindo — capitalismo é autofágico, já dizia o Velho barbudo — está mesmo.

  2. Misael disse:

    Melhor desconsiderar a análise moral. Nos termos da matéria, trata-se de mera disputa econômica intrínseca ao sistema capitalista.
    Historicamente, não basta ter poder econômico para ter poder político. Este último deve ser conquistado, a força, diga-se de passagem. Mesmo que não se trate de revolução.
    Acumulando capital desde o Mercantilismo, a burguesia só conseguiu o poder político após a Revolução Francesa, podendo assim fixar as raízes do capitalismo.
    Sejam os Estados Unidos, a União Europeia ou os BRICS, ainda assim será capitalismo (e o capitalismo não ajuda ninguém).

  3. Oi amiga…pelo que tenho acompanhado ahá alguns anos, é a independência dos paises emergentes como o Brasil, China, etc… nós somos a esperança para o planeta, pode acreditar ide comentário que segue:
    " Para o “mercado”, manda quem tem dinheiro, e, se os EUA e a Europa estão cheios de dívidas, por causa de guerras como as do Iraque e do Afeganistão, e de anos de hedonismo e de consumo irresponsável, o dinheiro agora está nas mãos the China e do BRICS como um todo. Os membros do grupo tem um perfil de dívida baixo e não devem quase nada ao exterior, comparando-se aos países do G-7, (Brasil, 13% de dívida externa, 35% de dívida líquida total – contra 55,5% em 2002) e já detêm, com pouco mais de 4.3 trilhões de dólares, quase 50% das reservas internacionais do planeta."!
    Num proximo futuro e já presente, nosso país vai ajudar mta gente, coração de mãe.

  4. VIXE MARIA O QUE É ISSO? É BOM OU RUIM?

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