Tiros e armas químicas na Avenida Ipiranga

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Em São Paulo, polícia militar usa gás-pimenta e balas de borracha para reprimir protesto pacífico contra aumento das passagens de ônibus. Depois, obriga manifestantes a apagar arquivos que registravam violência

Por Diego Zanchetta, no Estadão online

SÃO PAULO – Cerca de 200 estudantes protestaram, no início da noite de ontem, no centro de São Paulo, contra o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,70 para R$ 3. Por volta das 19h, o grupo fechou a Avenida Ipiranga, na frente da Praça da República. Houve confronto com a Polícia Militar.

Segundo a PM, 26 jovens foram detidos e não houve feridos. De acordo com os estudantes, 31 manifestantes foram detidos e dez ficaram feridos – uma garota teria levado seis pontos na cabeça. O Movimento Passe Livre, que organizou o protesto, contabilizou cinco feridos.

A manifestação foi organizada em redes sociais da internet, como Orkut e Twitter. Os estudantes não conseguiram caminhar nem 15 minutos antes da intervenção da PM. Logo no início da passeata, quando tentavam fechar a Ipiranga, os estudantes foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo, gás de pimenta e balas de borracha.

“Era uma manifestação pacífica para chamar a atenção das autoridades da Prefeitura e dos vereadores da Câmara Municipal. E fomos recebidos com balas de borracha”, criticou a estudante Juliana Esposito, de 27 anos, uma das organizadoras da manifestação. Houve correria dos estudantes pelas Ruas Barão de Itapetininga e 24 de Maio. Parte do grupo se refugiou na Galeria Metrópole. “Os PMs entraram dentro da galeria e fizeram todos os estudantes que estavam com filmadoras e máquinas fotográficas apagarem os arquivos. Foi um abuso total de autoridade. Nos encurralaram dentro da galeria, que sempre foi um território livre dos jovens”, disse o estudante Pablo Franco, de 18 anos.

Após o tumulto na República, os estudantes se reuniram na frente do Teatro Municipal. Mas, com todas as ruas e praças do centro cercadas por viaturas da Força Tática, o grupo desistiu da passeata. A Praça Dom José Gaspar, por exemplo, ao lado da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, continuava cercada por policiais às 21h15.

A PM admitiu “uso de armas químicas” para desobstruir a Avenida Ipiranga. Mas negou acusação de truculência.

A passagem do ônibus subiu para R$ 3 no dia 5. Foi o segundo ano consecutivo de reajuste. Segundo o prefeito Gilberto Kassab (DEM), o acréscimo é necessário para custear a construção de novos terminais de ônibus e a ampliação da frota dos coletivos.

Em São Paulo, polícia militar usa gás-pimenta e balas de borracha para reprimir protesto pacífico contra aumento das passagens de ônibus. Depois,

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2 comentários para "Tiros e armas químicas na Avenida Ipiranga"

  1. Alexandre disse:

    Mandou bem Chamusca, Essa policia só conseque perseguir camelôs e trabalhadores , se houver um roubo ou qualquer outro crime e for próximo de um local que tenha camelôs eles preferem correr atraz do camelô, enfim que lixo é o transporte público em Sâo Paulo, se parecem com aqueles trens que carregavam pessoas pros campos de concentração na Segunda Guerra, o modus operandi é o mesmo e a ideologia não tem diferença nenhuma , vivemos em tempos extremamente Fascistas e as pessoas não se dão conta de que as coisas vão ficando cada vez mais violentas contra o povo, como se Terrorismo contra o cidadão fosse normal.

  2. jurandir chamusca disse:

    Estive ontem no ato. Sou professor sub-empregado do Estado de São Paulo. Para quem no Brasil não sabe, em São Paulo existe uma coisa chamada “professor com contrato precário”. Trata-se de uma contratação sem concurso para suprir a falta de professores da rede estadual de ensino. Trata-nos como sub-empregados fazedores de bico. Estudei cinco anos no bacharelado da Letras-USP e mais quatro na licenciatura para que eu possa aprender a como ser um professor. Não sou um caso à parte, como eu existem milhares de pessoas muito competentes na mesma situação.
    Já na polícia militar não existe esse tipo de contrato temporário de trabalho, polícia no nosso estado é considerado muito mais importante do que professores e alunos, os bicos que eles fazem normalmente ou são para serem jagunços de puteiro, gigolôs de prostitutas ou segurança de boca, entre outras atividades educativas que tanto nos enchem de orgulho.
    Vamos ao ato.
    Caminhamos do teatro municipal até a praça da República (república lembram, coisa pública, lá dos romanos, esqueci um pouco, sei lá). O percurso foi: viaduto do chá, Praça do Patriarca (da república), rua Direita, Quinze de Novembro (essa data me lembra algo), rua São João, rua Ipiranga (me lembra de algum grito por uma coisa que não conquistamos) e praça da República. Nada aconteceu entre os manifestantes que pudesse dar motivo para o que aconteceu depois.
    Como sabemos, os arautos da sabedoria do nosso estado – os jagunços do PSDB -, têm um grande fetiche em brandir seus instrumentos fálicos e educativos para a população que paga seus salários. Não sabemos se isso é em contrapartida à falha de seus membros (entendam como quiserem) ou se é porque o prefeito da nossa cidade, aliado dos tucanos, é chegado num cassetete (não me entendam mal, não falo de falos), gosta que batam não sei se de apanhar também, cada um com seus fetiches. Não gosto de uma coisa nem outra, os nossos membros (pessoas do ato) trabalham normalmente sem precisar dessas coisas que apimentam a relação membros da sociedade x membros do estado. Não somos tarados, psicopatas de fardas e cargos. Somos alunos, professores, bancários, desempregados, povo. Essa apimentadinha, esse choro lacrimogêneo, esse brandir de pistolas não é conosco. Deixamos para os tarados nas suas orgias e troca-trocas de caserna.
    Nada aconteceu no ato que justificasse a violência, isto claro sob o nosso ponto de vista humanista, do lado de lá, motivo é o que não falta.
    Vamos ao ato!

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