Alternativa: as promissoras Fazendas Marinhas

E se, em vez de continuar depredando oceanos, ser humano passasse a cultivá-los? Algumas experiências demonstram que tal transição é possível

Por Regina Scharf, em Pagina22

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E se, em vez de continuar depredando oceanos, ser humano passasse a cultivá-los? Algumas experiências demonstram que tal transição é possível

Por Regina Scharf, em Pagina22

Um projeto de maricultura sem fins lucrativos na na costa Long Island, perto de Nova York, acaba de ganhar o badalado prêmio de inovação do Buckminster Fuller Institute, que destaca anualmente soluções para os grandes problemas globais. O projeto GreenWave mereceu a honraria por desenvolver fazendas verticalizadas capazes de produzir grandes volumes de algas, ostras e mariscos num perímetro reduzido do oceano. A unidade-piloto do projeto, em Thimble Islands, produz 25 toneladas de algas e 625 mil unidades de moluscos por ano por hectare.  A iniciativa também tem vantagens socioambientais importantes, pois visa regenerar ecossistemas marinhos e ampliar as possibilidades de sustento das comunidades costeiras. Com um investimento de US$ 30 mil, um barco e licença para explorar uma área de 80 mil metros quadrados, o maricultor que abraça esse sistema pode obter renda anual na faixa de US$ 70 mil. O GreenWave disponibiliza o conhecimento acumulado a quem quiser replicar a iniciativa e oferece programas de treinamento, manuais e colaboração online.

O curta Farming the Sea, em inglês, conta a gênese da iniciativa: a associação de Bren Smith, um pescador que viu sua produtividade despencar devido à sobrepesca e às mudanças climáticas, com pesquisadores da University of Connecticut e restaurateurs, visando melhorar essa tecnologia e inserir as algas no cardápio do cidadão médio.

O método de produção desenvolvido pela Greenwave

O método de produção desenvolvido pela Greenwave

Dana Goodyear especula, em artigo recente da revista The New Yorker que, se Bren Smith e outros produtores conseguirem melhorar o sabor das algas e driblar a rejeição dos consumidores, terão em suas mãos um alimento com potencial de mercado ilimitado. Ela cita Mike Rust, cientista especializado em aquacultura da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), órgão federal americano encarregado da pesquisa oceânica e atmosférica. “Ainda não começamos a explorar o oceano como fonte de alimentos”, diz Rust à jornalista. “Se você quer ter uma visão do futuro, a melhor opção é [o livro] “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Jules Verne”. Ele se refere à dieta da tripulação do submarino Nautilus, do Capitão Nemo, exclusivamente à base de alimentos coletados no oceano.

Há quem aposte que a chave para que as algas conquistem o paladar dos americanos está nos laboratórios da Oregon State University. Um grupo de pesquisadores da universidade anunciou recentemente que patenteou uma nova variedade de alga dulse (Palmaria sp.), originalmente encontrada tanto no Atlântico quanto no Pacífico. Ela pode ser cultivada, cresce  com muita rapidez, tem alto teor proteico e é duas vezes mais nutritiva do que a couve – alimento da moda entre os que promovem dietas saudáveis nos EUA. Mas o pulo do gato está no sabor – a nova variedade de dulse tem sabor vagamente similar ao do bacon. Suinocultores, tremei.

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