Agrotóxicos: a porteira aberta no governo Bolsonaro

• Agrotóxicos no governo Bolsonaro • Carlos Gadelha é premiado por trabalho sobre a indústria da saúde • A bagunça nos reajustes de planos de saúde • Usuários sofrem com incorporação da SulAmérica • Acordo de proteção da biodiversidade • Geneterapias e a medicina de negócios •

.

Trabalho de reportagem da Agência Pública e da Repórter Brasil apresenta resultados iniciais do governo Bolsonaro, com destaque para a ministra ruralista Tereza Cristina, em relação aos agrotóxicos. Célere como ninguém na aprovação dos chamados defensivos agrícolas (foram mais de 1,8 mil em quatro anos, cerca de metade banida em outros países), o governo do capitão se despede com a marca de 14,5 mil intoxicações e 439 mortes por agrotóxicos. Escolas, aldeias, lavradores, comunidades vizinhas foram grandes vítimas de tal avanço. A reportagem ainda detalha o perfil das intoxicações: homens negros foram maioria das vítimas. Milhares dos envenenamentos foram por tentativa de suicídio – e a pandemia derrubou notificações. Como se não bastasse, a Câmara dos Deputados avança, no apagar das luzes, o PL 1459/2002, que tira da Anvisa e coloca sob égide do ministério da Agricultura a aprovação de novos agroquímicos. Na prática, foi o que aconteceu.

Pesquisador que pensou o Complexo Industrial da Saúde ganha prêmio de economia

Carlos Gadelha, pesquisador e coordenador do Centro de Estudos Estratégicos Antonio Ivo de Carvalho (CEE/Fiocruz), tirou o segundo lugar na categoria Artigo Científico em premiação realizada pelo Conselho Federal de Economia. O trabalho de Gadelha se intitula O Complexo Econômico-Industrial da Saúde 4.0: por uma visão integrada do desenvolvimento econômico social e ambiental e foi publicado na revista Cadernos do Desenvolvimento v.16, nº28, do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Ao site da Fiocruz, Carlos Gadelha falou que “esse artigo é uma junção do pensamento de economia política com o da saúde pública”. O vencedor foi Benito Adelmo Salomão Neto, autor do artigo Assimetrias e Causalidades entre Receitas de Despesas Públicas no Brasil: Uma Aplicação via Modelos.

Idec recomenda que ANS padronize reajustes de planos

Na Audiência Pública denominada Agenda 2023-2025, que versa sobre a relação entre seguradoras de saúde e usuários, o Instituto de Defesa do Consumidor fez recomendações para que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) melhore algumas regras dos planos de saúde que tem a função de regular. “A partir dos relatos dos consumidores e consumidoras é possível identificar que as reclamações se concentram em quatro pontos principais, sendo eles: alto percentual de reajuste; incapacidade de pagar o valor da mensalidade após o reajustamento; incidência do reajuste anual e do reajuste por idade no mesmo ano e reajuste não informado no momento da contratação. Tais pontos reforçam a necessidade da agência reguladora priorizar o tema em sua agenda de 2023-2025”, conta Marina Paulelli, advogada do Idec.

Usuários reclamam de desmonte da rede SulAmérica

Poucos meses após a absorção da gigante seguradora pela Rede D’or, dona e gestora de hospitais, clínicas e laboratórios, a SulAmérica parece dar motivos para a crítica de seus concorrentes. Matéria do Estadão mostra insatisfação de usuários de planos privados de saúde que não puderam continuar tratamentos em locais onde já vinham sendo feitos, em razão de um inexplicado descredenciamento de diversos estabelecimentos de saúde pela seguradora. O número de reclamações na ouvidoria da ANS dobrou neste período. Empresas concorrentes tentaram impedir sua absorção pela Rede D’or por entenderem que haveria uma competição desleal, uma vez que a nova dona da SulAmérica poderia passar a encaminhar os novos clientes a estabelecimentos que prestam serviços em saúde dentro de sua rede. Mas o CADE, como mostrou Outra Saúde, deu sinal verde para mais este avanço do capital financeiro no setor.

COP-15: nações avançam sobre proteção à biodiversidade

Se as recentes cúpulas climáticas têm fracassado na afirmação de entendimentos entre as nações a respeito de metas de redução de carbono e transição a um novo modelo de desenvolvimento, a 15ª Cúpula da Biodiversidade de Montreal teve um desfecho mais positivo. É certo que o caráter de tais encontros não é deliberativo e a execução de suas intenções passa por intrincadas conjunturas políticas de cada país envolvido. De toda forma, a COP-15 da biodiversidade foi selada com acordo entre as partes pela preservação de um terço do planeta no sentido de se atingir as metas da Agenda 2030 do desenvolvimento sustentável. Tido como histórico pelo secretário geral da ONU, Antonio Guterres, o encontro, como resumiu matéria da BBC, terminou com a aprovação de pautas como o uso responsável da biodiversidade, preservação e recuperação de espécies, compensação por usos da natureza e compartilhamento de avanços de pesquisas biocientíficas.

Geneterapias e o preço da medicina de negócios

Reportagem do New York Times traduzida pela Folha fala das possibilidades de cura de doenças raras através de tratamentos genéticos. No entanto, o atual estágio de tais terapias é incipiente e os custos dos medicamentos desenvolvidos ainda se encontram em faixas exorbitantes. “Nosso sistema de saúde não está em condições financeiras de pagar o preço que as empresas farmacêuticas pedem por esses novos fármacos, não importa quão revolucionários sejam”, disse Merith Basey, diretora executiva do grupo de defesa de pacientes Patients For Affordable Drugs Now. Outro obstáculo, a exemplo do que já publicou o Outra Saúde, é a própria eficácia de tratamentos tão caros. Promessa de revolução na medicina quando de seu aparecimento, as geneterapias ainda esbarram em obstáculos biológicos.

Leia Também: