Seringas: MS não tem estoques; número é insuficiente em sete estados

Ministério informou ao STF que estados têm 80 milhões de seringas e agulhas, mas distribuição é desigual

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O Ministério da Saúde enviou ontem um documento ao STF informando como estão os estoques de seringas e agulhas para a vacinação contra a covid-19. Disse que não tem estoques próprios, justificando que a compra é geralmente feita pelos estados; quanto a eles, haveria ao todo 80 milhões unidades, que “podem ser mobilizadas, imediatamente, para o início da vacinação”. Os dados excluem São Paulo, que não enviou informações ao governo federal – mas divulgou em dezembro ter 71 milhões de seringas e agulhas. O número chama a atenção, já que praticamente equivale à soma de todos os outros estados.

A distribuição é mesmo desigual. Segundo a pasta, sete estados não teriam estoque suficiente para suprir a demanda inicial caso houvesse disponibilidade imediata das 30 milhões de doses – essa é a quantidade necessária para imunizar, em duas doses, os grupos prioritários da primeira fase do plano nacional (trabalhadores de saúde, idosos com mais de 75 anos ou institucionalizados, população indígena e de comunidades ribeirinhas). Eis os sete: Acre, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Santa Catarina. 

Uma observação curiosa: na semana passada Estadão fez um levantamento junto às secretarias estaduais de saúde e, segundo as informações enviadas por elas, haveria 192 milhões de seringas e agulhas disponíveis ao todo. Tirando São Paulo (que respondeu), ainda restariam 121 milhões. E a Bahia, que pelos dados do Ministério não tem insumos suficientes, apareceu na pesquisa do jornal como o terceiro estado com maior volume declarado: 13 milhões. Não sabemos a que se devem essas discrepâncias. 

O documento do Ministério afirma ainda que está tomando “todas as medidas possíveis e necessárias” para garantir a disponibilidade dos insumos, mas essa lista é um tanto infeliz. Cita o pregão que conseguiu apenas 7,9 milhões de seringas das 331 milhões previstas – o que foi considerado um “fracasso” pela própria pasta – e diz que serão feitas novas licitações para a compra de 290 milhões de unidades. Além disso, fala no aumento (de 40 milhões para 190 milhões) do quantitativo a ser adquirido via Opas, a Organização Pan-Americana da Saúde. O detalhe aqui é que, mesmo para os 40 milhões iniciais, a pasta demorou três meses para responder à Opas se ia ou não querer fazer a compra, como revelou O Globo esta semana. E, quando finalmente decidiu, optou pelo prazo de entrega mais demorado. Por fim, o texto menciona a requisição de 31,5 milhões de seringas feita à indústria brasileira, com previsão de disponibilidade ainda este mês. 

O envio dessas informações ao STF se deve ao fato de que, na quinta-feira passada, o ministro Ricardo Lewandovski deu um prazo de cinco dias para que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informasse sobre os insumos necessários à vacinação. A decisão de Lewandovski foi em função de um pedido da Rede Sustentabilidade para que o governo comprovasse o estoque de seringas e agulhas da União e dos estados.

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