Saúde vai financiar estudo sobre dose de reforço para CoronaVac – e isso é bom

Trabalho será coordenado pela Universidade de Oxford e vai testar necessidade e efeitos de terceira dose da própria CoronaVac e de outras vacinas

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou ontem que a pasta encomendou um estudo para avaliar a necessidade e os efeitos de uma terceira dose de imunizante a quem recebeu a CoronaVac há mais de seis meses.

O trabalho vai ser coordenado pela pela pesquisadora da Universidade de Oxford Sue Ane Clemens. De acordo com ela, haverá quatro grupos de voluntários, cada um tomando um reforço diferente: Pfizer, AstraZeneca, Janssen e a própria CoronaVac.

Os testes devem começar em até duas semanas e vão envolver 1,2 mil participantes de São Paulo e Salvador. Não foram dados muitos detalhes sobre o escopo da pesquisa, mas, ainda segundo Clemens, os resultados devem sair em novembro. Se a terceira dose for considerada necessária, a aplicação pode começar até o fim do ano.

Na semana passada, o debate sobre a proteção da CoronaVac especificamente para a população idosa reacendeu após a publicação de um estudo (preprint) sobre isso. Ao avaliar informações de pessoas vacinadas, os autores já haviam detectado antes que a efetividade contra doença sintomática caía bastante com a idade.

O novo artigo vai além e trata de hospitalizações e mortes. No geral, a proteção para maiores de 70 anos foi de 59% contra hospitalizações e 71,4% contra mortes, o que não é mau; no entanto ela foi menor para pessoas com mais de 80 anos: apenas 43% contra hospitalizações e 50% contra óbitos. 

Nesta terça, em seu boletim semanal sobre a covid-19, a OMS incluiu esse estudo num apanhado dos dados já disponíveis sobre o desempenho das vacinas no mundo real.

Tanto Clemens quanto Queiroga ressaltaram que ainda não há estudos sobre a efetividade da CoronaVac no longo prazo. No início desta semana, cientistas chineses apontaram que na maior parte das pessoas o nível de anticorpos cai a um patamar baixo demais após seis meses; por esse mesmo motivo, em meados de julho pesquisadores chilenos que testam a CoronaVac recomendaram a aplicação de uma terceira dose da vacina.

Ontem, o governo uruguaio anunciou que todos os que receberam duas doses do imunizante da Sinovac há pelo menos 90 dias poderão receber mais uma, da Pfizer/BioNTech. Na Tailândia, Emirados Árabes e Bahrein, a administração dos reforços já começou. No entanto, não ainda não há estudos concretos mostrando os resultados disso, de modo que a iniciativa brasileira é bastante bem-vinda.

O Butantan não vai participar da pesquisa, que em São Paulo vai ser conduzida pela Unifesp. O presidente do instituto, Dimas Covas, disse achar o estudo “bom”, mas reclamou de não ter sido sequer avisado pelo Ministério da Saúde: “O ruim é só não termos sido comunicados. Poderíamos, sem dúvida, ter sido comunicados. Isso seria uma medida até de extrema gentileza a educação para com o produtor da vacina”.

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