Depoimento de Pazuello à PF confirma crime de Bolsonaro

Presidente teria feito apenas um “pedido verbal” – jamais formal – para que se apurasse a corrupção na compra de vacinas

Foto: Pablo Jacob
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Por Leila Salim

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“Um pedido verbal”. De acordo com Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, foi assim que Bolsonaro ordenou que fossem apuradas as denúncias sobre suspeitas de corrupção envolvendo a compra das vacinas Covaxin. Em depoimento prestado na manhã de ontem à Polícia Federal, o general da ativa repetiu os argumentos que havia apresentado em ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR) para prestar esclarecimentos sobre o caso. 

Pazuello foi ouvido sobre dois inquéritos apurados pela PF: o que investiga se Bolsonaro prevaricou ao não ter comunicado aos órgãos de investigação sobre os indícios de corrupção e o que trata especificamente das suspeitas de irregularidades na negociação da Covaxin. O ex-ministro, que falou na condição de potencial investigado, repetiu que, como toda a comunicação com o presidente foi feita em conversas informais, não há registro que possa comprová-las.

Também no boca-a-boca teria ocorrido o encaminhamento do pedido: Pazuello disse à PF que determinou a Elcio Franco, seu secretário-executivo, que verificasse possíveis problemas no contrato. Segundo ele, a resposta de Franco veio dias depois, afirmando não ter encontrado irregularidades. A apuração do Jornal Nacional conta que o ex-ministro disse à PF não saber como o seu secretário-executivo chegou a essa conclusão. Pazuello teria dito também à PF que, quando Bolsonaro o abordou, não tratou a denúncia como algo grave.

O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), falou ao Valor depois do depoimento de Pazuello. Para o senador, a fala do ex-ministro confirma o crime de prevaricação de Bolsonaro. “Inaugurou no serviço público o pedido de providências informal. Algo que não existe. Não há dúvidas sobre o crime de prevaricação”, disse. Na mesma linha, Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, declarou em seu Twitter que o depoimento de Pazuello expõe a “prevaricação de rebanho”, confirmando que “graves ilegalidades da vacina superfaturada” não foram investigadas. 

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