Quem poderia imaginar?

Mesmo com todos os sinais, Saúde diz que piora da pandemia era “imprevisível”

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil
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O Ministério da Saúde pediu a liberação de créditos extraordinários, que não entram no teto de gastos, para lidar com a pandemia. Precisar de dinheiro, precisa. Mas tem um problema: a Constitução só permite esse tipo de recurso em casos urgentes e imprevisíveis, enquanto os previsíveis devem estar no orçamento. Então a pasta alegou em seu pedido (obtido pela Folha) que o avanço da covid-19 no país este ano era “incerto” até o fim do ano passado. A visão foi sustentada por dois argumentos: o de que havia “perspectiva de imunização” da população e o de que o número de mortes estava caindo.

Ok, a qualidade dos dados brasileiros é muito ruim, temos poucos testes PCR, deixamos os que existem estragando em um depósito e acabamos avaliando as curvas de contágio tardiamente, quando aumentam ou diminuem as internações e mortes. Só que, até levando isso em conta, qualquer um poderia prever que 2021 começaria muito mal. Em novembro do ano passado, imprensa e especialistas comentavam o tempo todo o ‘repique’ ou a ‘segunda onda’ no país, com um cristalino aumento das internações na maior parte dos centros urbanos;  os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) também estavam em alta.

Quanto à “perspectiva de imunização”, o argumento é mesmo um escárnio. No fim do ano não havia nenhuma vacina liberada pela Anvisa e era óbvio que, mesmo houvesse autorização, o país tinha poucas doses garantidas.  

O pedido do Ministério foi feito no dia 29 de janeiro e, segundo o jornal, passa por avaliações jurídicas internas para respaldar a justificativa. 

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