Presidente da Abrasco: “a sociedade brasileira está decidida a enfrentar o retrocesso”

• Lula é fundamental para uma reorganização do país • Ciência perdeu $ 44 bilhões • Crise climática: perdemos mais um ano • Último manicômio do Brasil fecha as portas • Rotavírus e a falta de vacinas • Falso tratamento de enzimas para emagrecer •

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Rosana Onocko Campos, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) falou sobre as eleições ao Tutameia, canal online dos jornalistas Rodolfo Lucena e Eleonora Lucena. Enfática em manifestar apoio a Lula, ela explicou as diversas razões, do ponto de vista da saúde pública e defesa do SUS, que fazem a vitória do ex-metalúrgico fundamental para a reorganização do país. Além de defender o legado do Plano Nacional de Imunizações, uma das tantas políticas públicas abandonadas pelo atual governo, destacou a necessidade de se fomentar a expansão do SUS, do qual dependem 75% da população. “Hoje, não há mais do que 25% da população no setor privado da saúde. Se eu fosse um governante com o que deveria me preocupar? Com esses 25%, que bem ou mal tem a sua regulação, que também foi ruim e largada, ou com os demais 75% que só dependem do SUS?”

Ciência perdeu R$ 44 bilhões em 12 anos

Relatório do Instituto Sou Ciência, da Unifesp, produzido em parceria com o Instituto Serrapilheira demonstrou em números o tamanho do desmonte da área de Ciência, Tecnologia e Inovação. Entre o arrecadado e de fato executado pelo governo, houve perda de RS 44 bilhões desde 2010. No caso de 2021, a contingência é escandalosa. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia arrecadou mais de R$ 10 bi, porém, pagou apenas R$ 1,8 bi aos projetos de pesquisa contratados. Esse saldo que tinha na conta da Finep foi removido no ano passado e levado para a conta do Tesouro Nacional. Hoje o fundo não tem mais aquele dinheiro, contou Soraya Smaili, coordenadora do estudo, em matéria do jornal O Globo. Tradução: mais dinheiro reservado para alimentar a ciranda financeira lastreada em títulos da dívida pública, que só aumentou no governo Bolsonaro.

ONU fala em ano perdido na contenção das mudanças climáticas

O novo relatório da ONU sobre mudanças climáticas afirma que desde a COP26 de 2021, os planos de corte de carbono dos governos têm sido “lamentavelmente inadequados”. Antonio Guterres, secretário geral da organização, disse em entrevista à BBC que o mundo precisa reforçar imediatamente seu foco no combate à mudança climática. A declaração é quase um pedido desesperado para a COP-27, que será realizada no Egito nos próximos dias, na esteira do total fracasso que foi a edição de 2016, em Copenhague. Por sua vez e não menos enfático, o editorial do NY Times fala da necessidade da vitória de Lula no domingo como contribuição essencial aos acordos climáticos. “A eleição presidencial vai determinar o futuro do planeta e o Brasil precisa, desesperadamente, de um novo presidente”.

Último manicômio do RJ, a Colônia Juliano Moreira fecha as portas

Símbolo de uma psiquiatria violenta e autoritária, a Colônia Juliano Moreira, imenso complexo manicomial, encerrou as atividades. Aberta em 1923, na antiga Fazenda Engenho Novo, chegou a abrigar mais 5 mil pessoas, internadas com diversos diagnósticos de “loucura”, em mais de 70 pavilhões. O local é talvez o mais simbólico da tragédia histórica dos manicômios brasileiros. “Quem entrava não saía”, é uma das frases que marcou o centro psiquiátrico. “São pessoas que viveram 40, 50 anos internadas. A gente, de fato, consegue virar essa página e construir no século 21 um Rio sem manicômios. Hoje estamos completando um ciclo importante na história da reforma psiquiátrica do Rio. A ideia é ter um Sistema Único de Saúde forte capaz de oferecer para as pessoas a melhor qualidade de vida e a integração na vida social da cidade”, disse Hugo Fagundes, superintendente da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro.

Rotavírus: mais uma faceta triste da falta de vacinas

Pesquisa do BMJ com dados hospitalares de 33 países mostrou que um terço das internações de crianças de baixa renda até cinco anos por complicações de diarreia se deve a infecções de rotavírus humano. Outros vírus e bactérias completam a lista que se debruçou em países de baixo nível de desenvolvimento. O estudo, como mostrou matéria da Folha, se baseou em análise de fezes de 26 mil crianças. No caso das crianças latino-americanas, verificou-se menor incidência dos vírus em razão da maior taxa de vacinação. No entanto, o estudo alerta para a redução da cobertura vacinal nos últimos tempos. Apenas metade das crianças nascidas a partir de 2018 estão devidamente imunizadas.

Falsas enzimas, falsos tratamentos para emagrecer

Um dos assuntos do momento na internet brasileira é a moda dos tratamentos para emagrecimento receitados informalmente em redes sociais, em especial o tik tok. Nessa rede, supostos especialistas receitam fórmulas de enzimas ou diuréticos para interessados em perder peso. No entanto, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia alerta que boa parte desses tratamentos estéticos é uma fraude. “Quando a gente fala em enzimas de emagrecimento, passa de 100 medicamentos diferentes e a gama de produtos é cada vez maior. O problema na realidade é chamar de enzima tudo que compreende uma série de vitaminas e medicamentos”, explica o endocrinologista Lucas do Prado Palmiro, em reportagem da Folha. Na matéria, outros especialistas ainda explicam que cada tratamento de emagrecimento precisa ser estudado em sua particularidade, a fim de se chegar a uma combinação correta de substâncias a ser consumida. Em suma, deve-se procurar especialistas credenciados.

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