Por dentro dos Conselhos de Medicina

Sem ocultar proximidade ideológica com Bolsonaro, CFM tem sido omisso na pandemia

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“Estamos com uma pandemia dessas. Os conselhos de medicina o que poderiam dizer? Primeiro, a coisa mais simples e imediata: usem máscara e evitem aglomerações. Você viu o Conselho [Federal, o CFM] dar essa mensagem para a população? Uma coisa tão simples como essa”. A crítica de Drauzio Varella na última reportagem do Intercept traduz bem o quanto a atitude do CFM tem sido danosa durante a pandemia. 

Nem dá para chamar de inação: o Conselho até agiu, mas justo dando cobertura a Jair Bolsonaro em sua obstinação pelo “tratamento” com hidroxicloroquina. Em abril do ano passado, um parecer entregue pelo presidente do CFM, Mauro Ribeiro, autorizava os médicos a prescreverem a droga, incluisive nos casos leves, se julgassem necessário. A primeira fala da entidade contra os tratamentos precoces veio só recentemente, depois do escândalo do TrateCov. Mesmo assim foi tímida – e no fim de semana Ribeiro publicou um artigo na Folha dizendo que na verdade o Conselho vai continuar respeitando a “autonomia” dos médicos.

Voltando ao Intercept, o repórter Leonardo Martins conversou com ex-presidentes de conselhos regionais e ex-conselheiros que, anonimamente, falaram do alinhamento ideológico entre essas entidades e Jair Bolsonaro. É uma matéria interessante, principalmente para quem não acompanha de perto esse terreno. Além do CFM, o texto também enfoca o Cremesp, maior conselho regional do país, e lembra detalhes da polarização política nas últimas eleições para a chefia. Elas aconteceram em outubro de 2018, junto com as eleições presidenciais, e tiveram o mesmo tom – com fake news e gritos contra petismo, socialismo etc. Venceu a chapa que era contra tudo isso aí.

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