PÍLULAS | Colômbia: Petro projeta sistema universal de Saúde

• Casos de malária e HIV aumentam na África • Maconha medicinal no Ceará • Fiocruz cria índice para medir desigualdade na pandemia • Biocombustíveis nos EUA • Queimadas e o derretimento das geleiras •

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Colômbia: Petro projeta sistema universal de Saúde

O recém-eleito presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já tem um plano para a Saúde – e ele se baseia em reverter a lógica mercantilista e apostar no atendimento universal. Nos últimos anos, o setor privado esteve em expansão, e o sistema como um todo apresenta falhas graves de cobertura e garantia de saúde para os colombianos mais pobres. Na proposta de Petro, fica clara a intenção de mudança: “Em nosso governo, garantiremos o direito fundamental à saúde por meio de um sistema único, público, universal, preventivo e preditivo, participativo, descentralizado e intercultural, independente da capacidade de pagamento, rentabilidade econômica ou intermediação administrativa e financeira”. O texto relembra a importância de abordar os determinantes sociais da saúde, como água, moradia, alimentação e trabalho. Busca acabar com a segmentação, que faz com que haja vários subsistemas. E planeja criar um Conselho Nacional de Saúde, que garanta que a governança do sistema esteja nas mãos de trabalhadores, pacientes e comunidade científica.


África: crescem os casos de malária e HIV pós-covid

Malária, tuberculose, HIV e doenças tropicais vêm aumentado em diversos países do continente africano nos últimos anos, especialmente devido à interrupção de diagnósticos e tratamentos por causa da pandemia de covid-19. Em 2020, havia uma estimativa de 241 milhões de casos de malária e 627 mil mortes – 95% em países africanos. Foram 14 milhões de casos a mais e 69 mil óbitos a mais em comparação com 2019. Mais uma vez, os esforços internacionais para enfrentar o problema são pífios. Agora, farmacêuticas e entidades privadas – que sempre deram pouca atenção às doenças no continente – alardeiam doações de até US$ 4 bilhões. Em uma conferência, delegados dos países africanos decidiram usar as doações para o combate prioritário à malária, visando cortar em 90% o aumento do número de casos.


Ceará pode ter política pública para uso de maconha medicinal

No Ceará, 400 pessoas fazem uso da maconha medicinal para tratar doenças como dores neuropáticas e fibrose cística – 24 têm habeas corpus para o cultivo da planta. Agora, o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (Cepod), ligado à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), vai enviar à Assembleia Legislativa um projeto de lei para criar política pública específica para esse tratamento. Visa capacitar trabalhadores da saúde, garantir o fornecimento dos medicamentos canabinoides pelo SUS, incentivar as associações de pacientes para que a terapia seja democratizada e apoiar a pesquisa sobre a planta em universidades públicas.


Novo índice para medir desigualdade na pandemia e suas descobertas

Mesmo com o auxílio emergencial, a desigualdade no Brasil piorou, como um todo. Para compreender o tamanho do problema, pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) elaboraram um índice que mede os efeitos das desigualdades sociais em saúde na pandemia no Brasil – o IDS Covid-19. Suas primeiras descobertas estão sendo publicadas em site especial do projeto. A principal é que a disparidade entre regiões Norte-Nordeste e Sul-Sudeste se intensificou. O IDS-COVID-19 foi calculado com base em dados socioeconômicos, sociodemográficos e de acesso aos serviços de saúde. O índice foi construído a partir de bases de dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010, do Cadastro Nacional dos Equipamentos de Saúde (CNES) para capturar números de leitos de UTI e respiradores, e do Índice Brasileiro de Privação (IBP), que leva em consideração a renda, educação e condições de domicílio.


EUA mantêm produção de biocombustíveis e ampliam risco de fome global

Os Estados Unidos deverão ceder à pressão do agronegócio e continuar com a produção de biocombustíveis, apesar do aumento do preço de alimentos e da crise que se avizinha. Feito a partir de vegetais como o milho, o etanol é uma opção de combustível que pode ter menos impacto no meio ambiente do que o petróleo. Mas sua produção pressiona o preço dos alimentos mundo afora. Os EUA são há anos o maior produtor mundial de etanol como combustível, geralmente destilado do milho e misturado à gasolina. O presidente Joe Biden está às voltas com as eleições parlamentares de novembro e reduzir a produção de biocombustíveis poderia ser impopular em alguns estados agrícolas importantes, uma vez que essa produção aumenta o mercado do milho e óleo.


Queimadas aceleram derretimento de geleiras

Pesquisadores canadenses que estudam o derretimento das geleiras em seu país perceberam o impacto das queimadas nesse processo, que vem se acelerando. São duas as principais correlações. As queimadas contribuem para tornar o clima do planeta mais quente e seco, o que incide diretamente sobre o gelo. E o aumento do depósito de  fuligem sobre as geleiras  torna sua superfície mais escura. Em consequência, elas perdem capacidade de refletir a luz solar, e o processo de derretimento é 10% mais rápido. 

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