PÍLULAS: Seria inofensiva a publicidade de medicamentos na TV?

• Os danos da publicidade de remédios • Novo caminho para neutralizar genes pode ajudar a tratar câncer no pâncreas • Desmatamento na Amazônia, novos números • A degradação da floresta sob Bolsonaro • Como Freud enxergou o orgasmo feminino •

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Seria inofensiva a publicidade de medicamentos na TV?

Dezenas de produtos farmacêuticos são anunciados, todos os dias, na televisão. A publicidade é permitida por se tratar de drogas que dispensam receita médica. Mas quais as consequências de sugerir seu consumo, apenas com a ressalva de que “a persistirem os sintomas, um médico deverá ser consultado”? Uma pesquisa publicada na Revista de Direito Sanitário – e relatada no Jornal da USP concluiu que a prática não é inofensiva. O estudo analisou peças publicitárias sobre medicamentos voltadas ao público leigo veiculadas em duas emissoras abertas de televisão do Rio de Janeiro durante 7 meses. As 90 peças publicitárias coletadas foram estudadas de acordo com a legislação vigente. Os pesquisadores descobriram que 100% das propagandas continham algo ilícito e prejudicial – especialmente destacar os benefícios dos medicamentos, abafando por completo os riscos e fatores prejudiciais à saúde. 


Surge um caminho para tratar o câncer no pâncreas…
Conhecido por ser pouco científico aos tratamentos hoje disponíveis, o câncer de pâncreas é um desafio à ciência. O avanço da biologia molecular levou a várias terapias contra tumores na mama, tumor e próstata – mas não nesse órgão do sistema digestivo. Agora, surgiu uma esperança para mudar este cenário. Um estudo publicado na revista Cellular Oncology concluiu que a causa do câncer de pâncreas pode estar em genes que não geram o chamado RNA mensageiro, encarregado por sua vez de produzir moldes para proteínas.

Esperança pode ser neutralizar genes que eram vistos como inofensivos
Mais de 95% dos genes humanos são assim. Por isso a genética cataloga-os como produtores de RNAs não codificadores. Mas, ao contrário do que se pensava até agora, eles podem induzir tumores de próstata. Neutralizá-los é, portanto, um possível caminho para um tratamento. “Percebemos que, ao silenciar os lncRNAs, características da célula tumoral foram reduzidas e ela se tornava menos agressiva e maligna porque se proliferavam menos, migrava menos, invadia menos e fazia menos reparo de DNA”, afirma, à Agência Fapesp, Eduardo M. Reis, professor do Departamento de Bioquímica do IQ-USP (Instituto de Química da Universidade de São Paulo).


Desmatamento na Amazônia: o péssimo início de outra estação seca
Devido às condições atmosféricas, o período do ano que começa em junho e se estende até dezembro é o mais propício a queimadas na Amazônia. É a época em que chove menos, o que favorece tanto os (poucos) incêndios naturais na floresta úmida quanto os (muitos) provocados pelos que visam desmatá-la.

36,3% mais queimadas no período Bolsonaro
Mas em 2022, a época está começando especialmente mal para a natureza, segundo revelam dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em junho, houve 2562 focos de incêndio. A alta, em apenas um ano, foi de 11%. Só período de governo de Jair Bolsonaro, o aumento das queimadas já atinge 36,3%. Se medido em termos de área queimada (os que mais importam), o desastre é ainda mais dramático. Só em maio de 2022 foram incinerados 1,4 mil hectares de floresta, um crescimento de devastação de 31% em relação ao ano anterior.


Orgasmo: para examinar um traço de machismo na de Freud

A tentativa de qualificar Sigmund Freud como autor machista padece, muitas vezes, de viés anacrônico. É como se o pai da psicanálise precisasse ter intuído, há cem anos, os rumos que o comportamento afetivo humano – e em especial o das mulheres – tomaria um século depois. Mas uma matéria recém publicada pela BBC ajuda a compreender por que um dos aspectos da teoria de Freud é criticado hoje pelo feminismo. Trata-se da concepção sobre o orgasmo das mulheres. Em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, mostra o texto, Freud tratou de maneira muito distinta o que chamou de desenvolvimento sexual masculino e feminino, ao longo da vida.

Por que tratar o prazer clitoriano como “imaturo”?

Ele acreditava que os homens, desde o início da percepção do sexo, concentram suas atenções em sua glande; ao passo que as mulheres, segundo enxergava, sentem primeiro seu próprio clitóris – para só mais tarde “evoluírem” para a vagina. O sexo clitoriano seria, portanto, uma forma “imatura” de relacionamento. A matéria da BBC relata como, ao longo do século XX, outras análises desmentiram esta ideia e, mais importante, detectaram sua relação com a supremacia masculina. É como se, para Freud, a sexualidade da mulher só se completasse com a penetração peniana. O texto da BBC mostra as pesquisas que apontaram, mais tarde, as limitações desta visão. Vale a leitura.

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