PÍLULAS: O aval da ANS aos planos de saúde

• Presidente da ANS defende decisões recentes a favor dos planos • Incentivo do governo à importação de remédios – mas não à fabricação • Atualizações sobre a varíola dos macacos no Brasil • OMC debate a crise de alimentos • Microplásticos e outras substâncias tóxicas em humanos • Teste com medicamento para Alzheimer não traz boas perspectivas •

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Presidente da ANS defende o aumento abusivo dos planos de saúde

O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, saiu em defesa de duas medidas recentes que favoreceram as operadoras privadas. Em entrevista ao Estadão, ele afirmou que o reajuste de 15% nos planos de saúde e o “rol taxativo” (que limita os procedimentos médicos a que os planos de saúde estão obrigados) visam “defender o beneficiário”. Segundo Rebello, “se começa a não ter critério (serviços oferecidos pelos planos de saúde), temos um problema sob o aspecto econômico, vai aumentar o custo”. O presidente da agência alegou ainda que o aumento dos planos de saúde está relacionado à inflação generalizada, apesar de pesquisas apontarem que os planos de saúde já alcançaram lucros exorbitantes durante a pandemia – portanto, antes da nova facada nos usuários. 


Governo lança novo incentivo à importação de medicamentos

O enorme atraso do Brasil na produção de fármacos poderá ser resolvido por meio de compras no exterior? A Camex (Câmara de Comércio Exterior), vinculada ao Ministério da Economia, prorrogou a redução do imposto de importação sobre insumos relacionados ao combate da pandemia de covid-19, como ocitocina e neostigmina. Desde maio, médicos e hospitais vêm alertando o governo sobre o baixo estoque de medicamentos essenciais de uso pré-hospitalar e hospitalar: dipirona, neostigmina, atropina, amicacina e ocitocina, todos injetáveis. Segundo representantes de associações médicas, a decisão irá ajudar a resolver parte do problema do baixo estoque de remédios. Mas a mudança política essencial – estimular o renascimento da indústria farmacêutica – definitivamente não faz parte do horizonte do atual governo.


Brasil confirma 8º caso de varíola dos macacos 

Rio de Janeiro e São Paulo estão monitorando o estado de saúde de passageiros que estavam em voos nos quais foram confirmados casos de varíola dos macacos. A maioria das infecções confirmadas no país se concentra em São Paulo, seguido pelo Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A contaminação pelo vírus se dá principalmente pelo contato com feridas de pacientes infectados ou por objetos que tiveram contato com as erupções – como roupas. O vírus pode também ser transmitido por meio de secreções respiratórias, mas demanda contato próximo e prolongado. 


O papel da OMC na crise de alimentos

De 12 a 16 de junho ministros de países membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) reuniram-se em Genebra – no primeiro encontro do órgão desde 2017. O tema central foi a insegurança alimentar e a fome, que assombram o mundo todo. A organização apresentou como proposta a redução de barreiras às exportações de alimentos. Desde o início da guerra na Ucrânia, cerca de 30 países passaram a restringir a venda de alimentos ao exterior, com o intuito de garantir uma maior disponibilidade desses bens essenciais a suas populações.  Órgãos internacionais vêm alertando para um grave cenário mundial de fome a partir de 2022. O FMI (Fundo Monetário Internacional) afirmou que a pandemia de covid-19, as mudanças climáticas e a guerra na Ucrânia estão impondo à economia mundial “seu maior teste desde a Segunda Guerra”, numa “confluência de calamidades” que deve lançar milhões de pessoas à fome e à desnutrição.


Microplásticos estão em nosso sangue 

O problema não é só com as tartarugas marinhas: em março, cientistas relataram pela primeira vez a presença de microplásticos no sangue humano. Um estudo internacional analisado por pesquisadores da USP coletou 22 amostras de sangue de doadores anônimos, todos adultos saudáveis, e a presença do microplástico foi detectada em 17 amostras, ou seja, 80% dos participantes. Segundo os cientistas, o material chega no organismo através do consumo de alimentos embalados e de carnes de animais contaminados, além da inalação do ar e consumo de água poluídos com esses resíduos. Ainda não é possível dizer qual o impacto dos microplásticos para a saúde, mas pesquisas preliminares indicam que a presença desses resíduos no tecido pulmonar, por exemplo, pode afetar o desenvolvimento de células tronco pulmonares, prejudicando pulmões em desenvolvimento e a cicatrização das vias aéreas.  


Substâncias tóxicas permanecem por décadas em nosso corpo

Além dos microplásticos, outras substâncias tóxicas, conhecidas como poluentes orgânicos persistentes, ou POPs, também não se degradam com facilidade. Podem permanecer no meio ambiente e no corpo humano – principalmente no sangue e no tecido adiposo – por muitos anos. A jornalista especialista em meio-ambiente Anna Turns, ao escrever um livro sobre o tema, entrou em contato com o pesquisador Bert van Bavel, que analisa a correlação entre a alta exposição das populações e o câncer, entre outras doenças. Ao fazer o exame de seu próprio sangue, a jornalista descobriu presença de diversas substâncias tóxicas – entre elas o DDE, um metabólito do pesticida DDT que não foi mais usado depois dos anos 1970.

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