Novos cursos de medicina vinculados ao Mais Médicos

• Como o Ministério da Saúde vê a Saúde Digital • Força para a Atenção Primária? • Dengue relacionada com desmatamento e garimpo • Doenças de mosquito em alta • Hepatite A em SP •

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Nesta quarta, 5/10, o Ministério da Educação lançou edital de abertura de novos cursos de medicina, para um total de 5,7 mil vagas. Proibida por portaria do governo de Michel Temer em conluio com o CFM em 2018, a abertura de novos cursos esteve proibida e ocorria apenas por meio de liminares da justiça. O CFM alegou que faria um grupo de trabalho para analisar a pertinência da abertura de novos cursos. Nenhuma reunião chegou a ser feita pela autarquia dominada pela extrema-direita – que também apoiou a destruição do Mais Médicos por Jair Bolsonaro, responsável pela criação de um vazio assistencial que atingiu pelo menos 60 milhões de brasileiros, em especial fora dos grandes centros. O edital do MEC segue a lei do Mais Médicos e criou critérios para abertura de novos cursos que visam formar médicos em áreas historicamente carentes de tais profissionais.

“A análise por parte do governo vai considerar o projeto pedagógico do curso; plano de contrapartida a ações e programas do Sistema Único de Saúde (SUS) na região onde o curso estiver localizado; oferta de bolsas para os estudantes; plano de implantação de residência médica; entre outros”, explicou matéria do Terra. “Estudos internacionais mostram que a interiorização de cursos com a residência são aspectos fundamentais para fixação de médicos. Na lei dos Mais Médicos já previmos incentivo de fixação com formação, com especialização. Não é possível pensar em fixação sem esses elementos”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade, cuja pasta ajudou o MEC na elaboração da proposta. O governo crê que poderá criar até 2 mil novas vagas e considera que o país precisa formar mais 10 mil médicos nos próximos anos.

Ana Estela Haddad e Nísia comentam Simpósio de Saúde Digital

Realizado entre segunda e terça-feira (2 e 3/10) no Centro de Convenções Rebouças, o 1º Simpósio Transformação Digital no SUS reuniu os mais importantes membros do ministério da Saúde e contou com a participação de diversos pesquisadores e palestrantes. No centro dos debates, o inexorável avanço da digitalização do sistema de saúde e seus desafios. Entre eles, como destacou o Outra Saúde, o avanço de políticas públicas na promoção desta nova fronteira dos serviços à saúde num contexto no qual o grande capital está à frente e prepara-se para vender seus serviços, de olho nos dados dos pacientes, ao Estado. “Não é só a implantação dessa ou daquela tecnologia, mas de ser orientada pelas forças políticas e econômicas que fortaleçam a ideia de uma cultura e política em saúde que seja para todos, que seja inclusiva”, afirmou Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do ministério e principal idealizadora do evento.

Para Nísia, digitalização reforça Atenção Primária

Já a ministra da Saúde, Nísia Trindade, presente ao segundo dia do seminário, destacou a importância de avanço tecnológico na principal ponta do sistema de saúde, a atenção primária, porta de entrada dos pacientes no SUS e responsável pela grande maioria dos atendimentos. “Entre outras ações na transição digital, temos a estratégia e-SUS APS, que busca reestruturar em todo o Brasil as informações da Atenção Primária, e a adoção em nossa rede do aplicativo Gestão para Hospitais Universitários (AGHU), parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e o ministério da Educação. No Seminário, me veio uma imagem da inauguração da Infovia. Em uma unidade de saúde fluvial, à beira do Amazonas, pessoas eram atendidas via telessaúde por médicos de diferentes especialidades. Isso é conectividade significativa, a evolução do SUS que reforça seu sentido humano”, comentou.

Dengue tipo 3 é nova ameaça no radar

Sem grandes surtos há cerca de 15 anos, o Brasil volta a observar casos de dengue tipo 3 no norte do país. Com menores taxas de saneamento e na esteira de um momento de crescimento do desmatamento, garimpo ilegal e poluição de rios, não é à toa que a região aumentou sua vulnerabilidade a infecções pelo mosquito aedes aegypti. “As secretarias estaduais e municipais de Saúde, e o ministério [da Saúde] precisarão priorizar a capacitação dos médicos e enfermeiros, no sentido de reconhecer as formas graves de dengue e intervir. Estamos no mês de setembro e já temos quase mil mortos por dengue no país. Você consegue resolver tudo na medicina, menos a morte”, alertou Kleber Luz, da Sociedade Brasileira de Infectologia. O retorno deste sorotipo da dengue preocupa também porque a imunidade da população é menor do que em relação às outras três variantes da dengue.

Doenças transmitidas por mosquitos voltam a assustar

Reportagem do NY Times mostrou que infecções e mortes causadas por mosquitos voltaram a crescer, revertendo uma curva do que se considera uma batalha centenária contra múltiplas doenças. Malária, que segundo a matéria é a doença que mais matou na história da humanidade, e enfermidades transmitidas pelo aedes aegypti estão em nova curva ascendente e as razões principais seriam as alterações climáticas. Graças a este fruto da intervenção humana nos ecossistemas, tais doenças passaram a ter vetores em locais nunca antes afetados. Chamaram atenção, por exemplo, a chegada da dengue na França e o primeiro caso de malária nos EUA em 20 anos. Outro fator fundamental foi a evolução da capacidade dos insetos em resistir aos produtos químicos desenvolvidos para afastá-los dos ambientes habitados pelos seres humanos.

Hepatite A volta a crescer em São Paulo

Após 225 casos neste ano, a prefeitura da capital paulista emite alerta sanitário de hepatite A e visa intensificar ações de prevenção e controle do vírus nos pacientes. Geralmente, a taxa de recuperação é alta, mas uma minoria de casos atinge quadro clínico grave que pode levar à morte. Para crianças, existe vacina para a doença causada pelo vírus HAV e que pode ser transmitida por más condições sanitárias, contato sexual ou ainda por meio de alimentos contaminados. No sistema público, a vacina é garantida para portadores de outros tipos de hepatite, vírus HIV/aids e imunossuprimidos. Para os demais, há vacina apenas na rede privada.

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