Nova revelação escancara delinquência de Bolsonaro
• Relatórios alertaram para perigo da covid-19 • Bolsonaro os ignorou e escondeu • Conduta criminosa pode complicá-lo • Rastreando o “negacionismo de jaleco” • MS salva 12 milhões de doses •
Publicado 31/07/2023 às 16:44 - Atualizado 31/07/2023 às 17:02
A semana terminou com uma informação escandalosa. Trata-se de mais uma comprovação da postura criminosa de Jair Bolsonaro na pandemia. Matéria da Folha relata que o Gabinete de Segurança Institucional e a Abin, comandados pelo general Augusto Heleno e por Alexandre Ramagem, produziram a incrível cifra de 1.000 relatórios a alertar o presidente sobre os perigos da covid-19 e sua alta mortalidade. Os relatórios endossaram todas as recomendações da OMS e projeções de mortalidade em caso de inoperância governamental. Foram enviados entre março de 2020 e julho de 2021, quando o país acumulou cerca de 340 mil óbitos.
Vítimas da pandemia podem ser quase o dobro dos números oficiais
Como afirma a Abrasco, pelo menos 300 mil vidas poderiam ser poupadas se o ex-presidente simplesmente seguisse as recomendações da comunidade científica. Seu negacionismo segue a matar, pois cerca de 5 mil brasileiros morreram de covid em 2023, quase todos não imunizados. Além disso, o número oficial de óbitos está, provavelmente, subestimado. Como mostrou Outra Saúde, o Brasil totaliza, desde o início da pandemia, 1,15 milhões de “mortes excessivas”, isto é, acima da curva demográfica. Trata-se da subnotificação e mortes por outras doenças, que poderiam ter sido rastreadas e combatidas se o governo tivesse desenvolvido estratégias adequadas, ao invés de saturar o sistema de saúde até o limite com as infecções e internações por covid.
Ampliam-se condições para punição do ex-presidente
Não bastasse liderar uma tentativa de golpe de Estado e seguir a agitar suas bases fascistas, o ex-presidente agora é incriminado pela produção de inteligência de seus mais insuspeitos aliados. Com o desarquivamento da investigação de suas responsabilidades na pandemia pelo ministro do STF Gilmar Mendes, as condições para a criminalização de Bolsonaro ficam ainda mais ampliadas. Sua punição não pode tardar. Não há mais o que esperar: é um genocida.
Rastreados os “negacionistas de jaleco”
Atento ao negacionismo militante, o ministério da Saúde lançou, no início do ano, política de monitoramento do discurso de fake news sobre vacinas. É parte da retomada do Programa Nacional de Imunização. A ministra Nísia Trindade já anunciou, inclusive, intenções de processar e punir os médicos que aderiram ao ativismo anticientífico. O Médicos pela Liberdade, coletivo que reúne esses negacionistas de jaleco, já foi condenado pela justiça a pagar multa milionária por disseminar desinformação sobre a covid. Agora, a sociedade brasileira tem mais um instrumento de auxílio na busca por justiça e punição dos criminosos. Levantamento da agência Nova SB e seu Núcleo da Integridade da Informação analisou mensagens de cunho anticientífico transmitidas em redes sociais por profissionais da saúde. O relatório será entregue à ministra.
Pesquisa liga campanha de fake news ao crescimento da desinformação
Como explicou a Folha, o levantamento dividiu as afirmações negacionistas em temas. O mais frequente é o de que as vacinas gerariam riscos de problemas cardíacos, fato jamais comprovado por nenhum órgão de saúde de nenhum país do mundo. A agência também apurou, por meio de entrevistas, a relação entre as crenças negacionistas e os discursos mentirosos. A sondagem confirmou o nexo entre as mentiras difundida e a desinformação social. Ainda hoje, os bolsonaristas da saúde seguem a mentir sobre a vacina bivalente. Grupos como o Médicos pela Liberdade e Médicos pela Vida continuam em sua delinquência criminosa.
Nos Conselhos de Medicina, persiste a ignorância
Já os Conselhos de Medicina, que vivem época de eleição com casos de perseguição a chapas e candidatos considerados de esquerda, seguem sob controle de bolsonaristas e se omitem sobre os crimes aqui descritos. A Associação Paulista de Medicina chegou a sediar lançamento do livro em que o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Marcelo Queiroga, defende as ideias negacionistas que provocaram centenas de milhares de mortes. O eventou contou com a presença do secretário de saúde de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco.
Ministério consegue salvar 12 milhões de doses de vacinas
Como anunciado no início do ano, o Programa Nacional de Imunização seria uma das principais prioridades do novo governo. Em diversos momentos, Nísia Trindade anunciou que a pasta ajudaria a desenvolver novas estratégias de vacinação, em parceria com estados e municípios, mas que a retomada de taxas satisfatórias de cobertura vacinal também é um movimento a ser assumido pela sociedade civil. Em alguns casos, o esforço apresenta resultados. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, relatou um dos casos. “Com o microplanejamento, já fomos a três estados: Amazonas, Acre e Amapá, e fizemos uma grande campanha de multivacinação. O ministério conseguiu salvar R$ 251 milhões em vacinas. Isso é algo que temos que comemorar”, disse ela. Segundo a pasta, o esforço em aplicar imunizantes para variadas doenças que se encontravam perto da data de vencimento conseguiu salvar cerca de 12 milhões de doses.
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