MS libera R$151 mi para vacinação nos estados e municípios

• Novo tratamento para Alzheimer é promissor, mas há riscos relevantes • Johnson & Johnson libera patente de remédio para tuberculose • Altas temperaturas na China e EUA •

Créditos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
.

Em nota publicada ontem em seu site, o ministério da Saúde informou que destinará R$ 151 milhões aos estados e municípios para incentivar a multivacinação de crianças e adolescentes. A ministra da Nísia Trindade também anunciou a medida no congresso do Conasems, realizado nesta segunda-feira. Desde o início do governo Lula, a retomada das vacinações tornou-se uma das principais preocupações da equipe ministerial, após o desfinanciamento e a desestruturação de ações nesta área durante no pós-golpe de 2016 — o que gerou taxas insuficientes de imunização para diversas doenças. O Movimento Nacional pela Vacinação e os repasses financeiros reforçados são alguns dos esforços empreendidos para a recuperação de índices mais seguros e estáveis. Em consequência de surtos de doenças — já erradicadas no Brasil — em países vizinhos, estados como Amazonas, Acre e Amapá já iniciaram a multivacinação. Os demais devem iniciá-la em agosto.

… e planeja liberar o piso da enfermagem no próximo contracheque

O ministério declarou que pretende garantir que o piso salarial conquistado pelos trabalhadores da enfermagem caia nas contas já no próximo mês, informa a Agência Brasil. Segundo nota, “foi realizado com êxito um amplo processo de levantamento de dados dos profissionais da enfermagem junto aos estados e municípios, o que permitirá melhor apuração dos valores a serem repassados a cada ente da federação”. O governo também se compromete a pagar nove parcelas do piso ainda neste ano. Muitos enfermeiros já podem comemorar, mas nem todos. O piso, uma luta acompanhada de perto pelo Outra Saúde, ainda não está garantido para toda a categoria: o STF decidiu no fim do mês passado que os servidores públicos já poderão recebê-lo, mas que os empregados na iniciativa privada deverão entrar em negociação coletiva com as entidades patronais para, só então, chegar a um acordo sobre a remuneração. Os próximos 60 dias – prazo estipulado pelo Supremo – serão decisivos.

Nova droga promete avanços no tratamento do Alzheimer…

Nesta semana, as editorias de saúde dos meios de comunicação tradicionais noticiaram os novos resultados das pesquisas com o donanemabe, remédio para o Alzheimer desenvolvido pela Eli Lilly, empresa farmacêutica estadunidense. A substância atuaria como um anticorpo para eliminar a beta-amiloide, uma proteína que se acumula no cérebro, retardando a progressão da síndrome nas pessoas afetadas. Em testes clínicos, o medicamento reduziu em até 35% a perda cognitiva associada à doença em pacientes em estágio inicial, e em 20% nos casos mais avançados. É possível que o donanemabe traga um salto de qualidade ao tratamento do Alzheimer – mas, em geral, os efeitos colaterais do fármaco não foram noticiados.

… mas apresenta sérios efeitos colaterais

Na revista científica Science, profissionais destacaram os “riscos relevantes de sangramento e edema cerebral que podem ser fatais” associados à nova droga: 37% dos participantes da pesquisa desenvolveram anormalidades de imagem relacionados a amiloide (ARIA, na sigla em inglês), e um quarto tiveram edemas cerebrais com risco de óbito. A farmacêutica que desenvolveu o medicamento já o submeteu à avaliação das autoridades reguladoras estadunidenses. Em entrevista ao The Guardian, o ex-primeiro-ministro conservador David Cameron – hoje, presidente de uma ONG de caridade voltada para o Alzheimer  – descreveu os resultados como um avanço, apontando a urgência da regulamentação do medicamento. No entanto, os especialistas em geriatria consultados pela Science sugerem que é preciso mais calma antes que se gere uma corrida insensata pela utilização do donanemabe.

Farmacêutica vai liberar patente de remédio para tuberculose em 96 países

Em uma decisão considerada “inesperada” pela Science, a farmacêutica Johnson & Johnson – dona da patente da bedaquilina – anunciou que suspenderá a cobrança de seus direitos de propriedade sobre a droga em países de renda média e baixa. A substância é considerada uma das mais eficazes no combate à tuberculose multirresistente, que afeta principalmente as regiões mais empobrecidas. A revista científica calcula que 96 países serão beneficiados com a possibilidade de produção de genéricos e de redução do preço do fármaco. A negociação, cujos resultados bem-sucedidos vieram a público nesta semana, foi conduzida pela Parceria das Nações Unidas pelo Fim da Tuberculose. Em abril, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) haviam convocado a J&J a “renunciar ao monopólio” da bedaquilina. Representantes da organização entrevistados pela Science insistem que a farmacêutica estadunidense deveria estender a suspenção da patente da droga para todos os países, já que ela consta na lista de remédios essenciais da OMS.

Temperaturas de 50º C nos EUA e na China serão o novo normal?

Uma onda de calor sem precedentes tomou o Hemisfério Norte nas últimas semanas, com temperaturas recorde sendo registradas em diferentes pontos da Ásia, Europa e América do Norte. A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU voltada para o estudo e a ação climática, alerta que esse cenário aterrador poderá ser “o novo normal em um mundo aquecido pelas mudanças climáticas”, informou a BBC. “O clima extremo está tendo um grande impacto na saúde humana”, disse o secretário-geral da OMM Petteri Taalas. Ele adverte que a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa é uma tarefa urgente. Entrevistada pela emissora pública do Reino Unido, a pesquisadora Hannah Bloke alertou que, em 2022, 61 mil pessoas morreram na Europa devido ao calor extremo – e que sem ações para combater a crise climática, uma cifra similar deverá ser registrada neste ano.

Leia Também: