Mortes por hipertensão arterial atingem nível mais alto

• Hipertensão mata cada vez mais, pela piora de vida e após a pandemia • Primeiro caso de gripe aviária no Brasil • Butantan trabalha em nova vacina contra a doença • Regiões de Saúde em São Paulo? • Enfermagem britânica empobrecida •

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O ministério da Saúde informou que a mortalidade por hipertensão arterial atingiu seu maior patamar em 10 anos. Com estabilidade entre 2011 e 2019, os números deram um salto de praticamente 50% a partir de 2020. O número de hipertensos aumentou 3,7% nos últimos 15 anos e atinge 26,3% da população. “É de fundamental importância o diagnóstico precoce para determinar o tratamento. Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível que as pessoas tenham acesso a uma vida mais saudável”, explicou Maria del Carmen Molina, diretora do Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do ministério da Saúde. Resta saber se é realmente possível aos brasileiros seguirem a recomendação trivial…

Determinantes sociais de saúde

Como preconizado por especialistas em saúde coletiva, os indicadores de saúde de uma sociedade não são meros reflexos de suas condições objetivas de existência, relações produtivas e sociais. Portanto, para entender um determinado fenômeno é necessário analisar as múltiplas dimensões de seu aparecimento. Os números mostram que a hipertensão arterial matou mais gente a partir da pandemia. Necessidades de isolamento social que fizeram uma grande quantidade de pessoas suspenderem acompanhamento médico, desmonte permanente do SUS mesmo na pandemia, desmobilização de agentes comunitários de saúde (que poderiam seguir a monitorar pacientes com busca ativa), desmantelamento do Farmácia Popular (fundamental no acesso dos mais pobres aos remédios necessários), políticas econômicas que destroem o poder de compra das pessoas (e diminuem seu tempo livre para atividades físicas), poluição ambiental e pouco acesso à alimentação saudável configuram uma soma de fatores que explica o aumento de mortes por tal condição no Brasil.

Primeiro caso de gripe aviária em humanos no Brasil

Um funcionário de um parque público de 61 anos é o primeiro brasileiro diagnosticado com gripe aviária nesse novo surto. Com sintomas leves, o homem está em observação e isolamento, sem necessidade de internação. O surto do vírus já levou ao abate de mais de 100 milhões de aves no hemisfério norte, afeta a oferta alimentar no mercado e pela primeira vez migrou para lugares mais quentes do mundo. Por ora, a transmissão entre humanos não parece prosperar, mas a potência da epidemia do vírus H5N1 foi inédita a partir do último inverno do hemisfério norte. O ministério da Saúde reforçou orientações de monitoramento de casos no país.

Butantan começa a desenvolver vacina contra gripe aviária

Dono de uma importante instalação fabril, o Instituto Butantan já iniciou os trabalhos para o desenvolvimento de uma vacina contra a gripe aviária para humanos. A instituição visa alcançar um imunizante eficaz contra suas duas principais cepas, H5N1 e H8N1, que, apesar da baixa incidência entre humanos, têm uma taxa brutal de letalidade: 53% – vinte vezes maior que a covid-19 a título de comparação. A previsão é de que o Butantan consiga desenvolver a nova vacina em cerca de um ano e outras farmacêuticas de grande porte também trabalham nesta direção, como a GSK, que já tem contrato assinado de fornecimento com a OMS.

São Paulo planeja criar “regiões de saúde” para diminuir filas cirúrgicas

Idealizadas na criação do SUS, as regiões de saúde são uma ideia de organizar a política de saúde de estados e municípios de acordo com os condicionantes específicos de cada área e suas possibilidades de conexão. Em São Paulo, o governo acena com a concretização de tal preceito para tentar agilizar a fila das cirurgias, de modo que haja uma centralização das informações a este respeito, o que facilitaria a distribuição da demanda de acordo com as capacidades e necessidades de cada região de saúde do estado e da própria oferta concreta de serviços de saúde. “Qual é o plano na regionalização de trazer força de trabalho ou equipamentos para atender o SUS? Isso precisa ficar muito claro”, questiona Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, que defende mais investimentos para a concretização do plano.

Enfermeiras em estado de pobreza no Reino Unido

Não é só no Brasil que a agenda neoliberal continua a destruir a qualidade de vida das maiorias sociais. Na Inglaterra, profissionais da saúde, em especial enfermagem, têm mantido uma forte agenda de protestos e até greves contra a série de retrocessos que vivem na pele, desde excesso de trabalho a perda do valor real de seus salários. O governo britânico já fez uma proposta de reajuste, mas mal dá conta da correção inflacionária do último ano, que atinge cerca de 10% na Europa. Como mostra matéria doMorning Star, enfermeiras têm relatado dificuldade de permanecer no sistema público de saúde e na própria profissão. Como todo governo comprometido com o capital financeiro, a resposta é que não há dinheiro para melhorar a proposta. Karma McKeefery, representante da enfermagem, afirma que “é hora de lutarmos pela nossa profissão”. Já Anna Pichierri afirma se tratar de “uma luta contra os governos conservadores racistas e antitrabalhadores”.

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