Ministério da Saúde mantém grávidas que já tomaram primeira dose da Astra no limbo da vacinação

Em coletiva, Marcelo Queiroga sustentou que não há evidências de intercambialidade de vacinas. em gestantes Especialistas discordam

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O Ministério da Saúde continua sem oferecer nenhuma solução decente para evitar a morte de gestantes que já tomaram a primeira dose da vacina de Oxford/AstraZeneca e, portanto, estão apenas parcialmente imunizadas. Como se sabe há muito tempo, gestantes (mesmo sem comorbidades) têm mais chance de complicações e morte por covid-19.

Ontem, em coletiva de imprensa, Marcelo Queiroga avisou que essas mulheres não poderão tomar a segunda dose de outra marca – muito embora a pasta tenha suspendido o uso da AstraZeneca no grupo.

A recomendação ainda é a de que as mulheres esperem 45 dias após o puerpério para que possam, enfim, receber a segunda dose do mesmo fabricante. Isso pode significar muitos, muitos meses de intervalo. “A intercambialidade [de vacinas] ainda não está autorizada, seja em grávidas ou em não grávidas. Não há evidência científica acerca de intercambialidade de vacinas em gestantes”, declarou o ministro.

Não é o que dizem a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras. Na segunda-feira, a Febrasgo emitiu uma nota defendendo que essas mulheres podem, sim, fazer uso combinado de vacinas, porque já há muitas evidências sobre a segurança da mistura na população em geral. “De acordo com os dados que temos hoje, não tem problema nenhum de intercambialidade. Se a gestante quiser, ela pode vir a tomar a segunda dose com a vacina preferencialmente da Pfizer, que nós já temos estudos”, explica a ginecologista Cecilia Roteli Martins, presidente da Comissão Nacional Especializada de Vacinas da Febrasgo, na Crescer.

Queiroga afirmou que a vacinação com produtos diferentes está vetada não apenas para grávidas, mas para qualquer pessoa – embora a estratégia esteja sendo permitida em vários países, entre eles o Canadá e o Reino Unido. 

Alguns estados, como o Rio de Janeiro, estavam oferecendo a “mistura” de doses para resolver o problema das gestantes. A capital já disse que vai manter o esquema, à revelia do ministro.

Em tempo: pelo menos o governo federal decidiu que gestantes sem comorbidades também devem ser vacinadas, desde que com os imunizantes da Pfizer ou a CoronaVac. Já é alguma coisa.

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