Lula reabre o Conselho de Segurança Alimentar

• Ultraprocessados e mortes evitáveis • China cria remédio contra covid mais barato que a Pfizer • Fim do teste de cosméticos em vertebrados • A pavorosa mineração no fundo do mar •

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Fome: Brasil reativa Consea

Lula assinou na manhã desta terça-feira (28/2) o decreto que reativou o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), órgão que faz parte da política pública de combate à fome no país, principal prioridade do novo presidente. Fechado em 2019 por Bolsonaro, o órgão é um braço do Sistema Nacional de Segurança Alimentar. Em suas ações mais importantes, ajudava na efetivação de distribuição de alimentos e compra de estoques mínimos por parte do governo federal, instrumento que se aliava a uma política de apoio à agricultura familiar e pequenos proprietários. Por tabela, também exercia um papel na contenção dos preços de alimentos, cuja inflação atingiu pelo menos 40% só nos últimos três anos. A ex-presidente do órgão e nutricionista Elisabetta Recine e o colegiado diretor foram reempossados nos cargos que ocuparam até a desativação do Consea. Como mostrou o Brasil de Fato, militantes de movimentos sociais de reforma agrária comemoraram com um “banquetaço”.

Ultraprocessados, responsáveis por 10% das mortes precoces no Brasil

Uma reportagem da revista Pesquisa Fapesp destacou dois estudos brasileiros recentes que apontam uma associação estatística significativa entre o consumo em excesso de alimentos ultraprocessados e problemas de saúde ou mortes. O primeiro trabalho, publicado no American Journal of Preventive Medicine, foi feito a partir de uma modelagem epidemiológica, que descobriu que, em 2019, pelo menos 57 mil óbitos prematuros (entre 30 e 69 anos) foram causados pelo exagero em ultraprocessados. De acordo com essa pesquisa, a proporção diária de alimentos ultraprocessados na dieta dos brasileiros varia entre 13% e 21% – e a saúde pública brasileira se beneficiaria com a sua redução. O cálculo dos pesquisadores é que reduzir em 10% a quantidade de alimentos ultraprocessados na dieta evitaria 5,9 mil mortes, enquanto uma redução de 20% pouparia 12 mil óbitos. Já uma diminuição de 50% no consumo resultaria em 29,3 mil vidas salvas anualmente. O segundo estudo, que saiu na JAMA Neurology, indica ter encontrado uma associação entre o consumo excessivo de ultraprocessados e uma piora da performance cognitiva. Para isso, acompanhou e avaliou voluntários por oito anos e concluiu que aqueles com consumo maior desse tipo de alimentos tiveram perdas cognitivas mais aceleradas – embora ainda não se saiba dizer por quê.

China cria antiviral mais barato que paxlovid

Aprovado em fevereiro pela Administração Nacional de Produtos Médicos da China, o 3CL, que também será conhecido como Simnotrelvir/Ritonavir ou ainda Xiannuoxin, é um medicamento antirretroviral aplicado oralmente que visa coibir o vírus da covid. Trata-se de um similar do paxlovid, desenvolvido pela Pfizer com a mesma finalidade. A diferença é que ele custa mais barato. Ainda que os US$ 107 sejam um valor relevante, é apenas um quinto dos US$ 530 que custa uma caixinha com paxlovid. A administração Biden tem acordo para compra de 20 milhões de unidades do remédio, ao passo que as grandes empresas do ramo já auferiram mais de US$ 90 bilhões de lucro somente em relação ao coronavírus. Subsidiado pelo Estado, após a fase 3 de estudos ficou constatado que o 3CL reduz a carga viral dos infectados com nível médio de sintomas até dois dias mais rapidamente que o padrão usual.

Brasil não usará mais animais em testes de cosméticos

O governo brasileiro proibiu o uso de animais vertebrados, como cachorros, ratos e coelhos, em pesquisa científica e no desenvolvimento e controle da qualidade de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que utilizem em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia já comprovadas cientificamente. A medida não afeta o desenvolvimento de vacinas e medicamentos, mas servirá para regular testes de produtos que já têm em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia comprovadas cientificamente. As empresas têm dois anos para atualizar suas políticas e adotar um plano de métodos alternativos reconhecidos pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Mineração… agora no fundo do mar?

Reportagem da Wired conta que uma nova forma de mineração submarina está sendo testada pela empresa internacional The Metals Company. A empresa utiliza um sistema para coletar polimetálicos nódulos, que contêm metais importantes para a fabricação de carros elétricos, como cobalto, lítio e cobre. A mineração é realizada por meio de um robô controlado remotamente que recolhe as pedras do fundo do oceano e as envia de volta ao navio. Há um entrave para a corporação: a mineração de profundidade é proibida internacionalmente. E apesar da insistência do CEO Richard Barron em afirmar que a mineração de profundidade é menos prejudicial do que a terrestre, muitos cientistas estão preocupados com as consequências da extração no ecossistema marinho. Os nódulos são uma parte crítica do ecossistema que suporta várias espécies e remover uma grande quantidade deles pode ser irreversível e liberar grandes quantidades de carbono no oceano. O processo de coleta dos nódulos também pode criar sedimentos tóxicos e plâncton, sufocando criaturas em camadas superiores da coluna de água. Os ruídos e luzes emitidos pelos veículos de coleta podem, ainda, interferir na navegação e na alimentação de organismos aquáticos.

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