Instituída a Política Nacional de Cuidados Paliativos

• Política Nacional de Cuidados Paliativos • Nísia defende investimento no SUS • 55 milhões tiveram covid • Crianças são as menos vacinadas para a doença • Incorporação de novos medicamentos no SUS • Obra antienchentes em Araraquara •

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Sancionada em dezembro por Lula, a inédita política brasileira de cuidados paliativos começa a ser posta em prática. Na semana passada, durante a marcha dos prefeitos, Nísia Trindade anunciou que o Ministério da Saúde disponibilizará R$ 887 milhões de reais por ano a fim de capacitar cerca de 1.300 Equipes de Saúde da Família para a oferta de cuidados paliativos, tanto em estabelecimentos de saúde como nos territórios e residências. Como já abordado pelo Outra Saúde, trata-se de uma nova fronteira do que se pode chamar de economia do cuidado, o que neste caso inclui os cuidados paliativos como uma nova especialidade da saúde. As equipes serão espalhadas em macrorregiões de saúde de pelo menos 500 mil pessoas e deverão contar com pelo menos uma equipe para cada 400 leitos de internação.

“O conceito dado pela Organização Mundial da Saúde diz que cuidados paliativos são uma estratégia de melhoria da qualidade de vida de pessoas portadoras de doenças que ameaçam a vida. Deve ser ofertado o mais precocemente possível, atenta a quatro aspectos: físico, emocional, social e espiritual. Deve cuidar das pessoas e também dos seus familiares, inclusive na fase de luto. É um conceito bastante ampliado, que tem como objetivo final o alívio da dor total”, define a médica Julieta Fripp, uma das principais lideranças do país na criação de tal política.

Nísia defende mais investimentos públicos em saúde

Na mesma ocasião, a ministra da Saúde defendeu o avanço do Estado brasileiro em suas despesas com saúde. Hoje, investe-se no setor cerca de 4,5% do PIB brasileiro, ainda longe do idealizado por especialistas e órgãos de saúde, que falam em algo em torno de 7% do PIB. A isso se somaria aproximadamente 3% do PIB em gastos privados de saúde, isto é, saído do bolso das famílias, via de regra com planos privados, remédios e insumos. “É importante termos mais financiamento para a saúde e melhorar a gestão. No Brasil, a distribuição entre despesa pública e privada com saúde destoa do que acontece no mundo, nos países em que há sistemas públicos de saúde – sendo que nenhum país tem um sistema universal com a força do Sistema Único de Saúde”, afirmou Nísia. Contraditoriamente, especula-se no Ministério da Fazenda formas de desvincular pisos mínimos de educação e saúde em relação à arrecadação do Estado, o que poderia afastar o Brasil de tais metas de investimento público no SUS.

55 milhões de brasileiros tiveram covid-19

A última PNAD do IBGE atualizou os dados oficiais do Estado brasileiro a respeito da repercussão do coronavírus na população e trouxe um dado impressionante: 27,4% da população do país acima de 5 anos, ou 55 milhões de pessoas de um universo de 200,5 milhões, contraíram a doença ou no mínimo relataram seus sintomas (o que fica presumido como subnotificação) até o primeiro semestre de 2023. Os dados também mostram uma evidente diferença das taxas de internação e desenvolvimento de quadros graves de acordo com o grau de imunização da pessoa. Entre não vacinados e aqueles que tomaram duas ou mais doses, tais condições registraram uma ordem decrescente, isto é, quanto mais imunizados, mais seguros. A pesquisa também tenta detectar impactos da covid longa na população e destaca que cerca de 60% dos brasileiros estão com o esquema vacinal atualizado. 

Menores de idade são vítimas preferenciais do negacionismo

Outro dado importante demonstrado pelo IBGE é que os jovens de até 17 anos são praticamente 50% do grupo de 11,2 milhões de brasileiros não vacinados até hoje contra  covid. Isso sugere que muitos pais e mães se vacinaram, mas não garantiram a mesma proteção a seus filhos. Tal grupo totaliza 14,8% dos brasileiros nesta faixa etária; são 5,5 milhões de não vacinados num universo de 38 milhões. Tal taxa é muito superior aos 5,5% de adultos não vacinados no Brasil. A pesquisa corrobora a repercussão das ações de Bolsonaro e Marcelo Queiroga no sentido de levantar dúvidas, sem jamais demonstrar qualquer respaldo científico, a respeito de supostos riscos de vacinar os mais jovens. No total, cerca de 93% dos brasileiros tomaram alguma dose, índice próximo do que se considera uma cobertura virtualmente universalizada, caso o esquema vacinal esteja atualizado.

SUS receberá remédios para cinco doenças

O Ministério da Saúde anunciou a incorporação de cinco novos fármacos para tratamentos de diferentes doenças: HIV, asma grave, câncer de pulmão e no cérebro e doença de Chron. De acordo com a lei, todos eles devem ser incorporados pelo sistema de saúde e disponibilizados ao público num prazo máximo de 180 dias. No caso da doença de Crohn, uma síndrome intestinal inflamatória crônica, a novidade é um tratamento que monitora a calprotectina fecal, uma proteína que mede a condição inflamatória do órgão, que poderia beneficiar mais de 10.000 portadores, o número mais alto de potenciais beneficiários dos novos medicamentos. O ministério calcula que 14 mil pacientes devem se beneficiar nos próximos cinco anos.

Lula comparece a início megaobra antienchentes em Araraquara

Na sexta, o presidente da República foi a Araraquara participar do momento inaugural do projeto de macrodrenagem de uma antiga área ferroviária que não é mais utilizada. Orçada em R$ 143 milhões, o uso de área federal da inativa malha ferroviária da cidade visa criar um espaço antienchente. A presença de diversos outros ministros no evento evidencia como o governo associa tal obra com a tragédia do Rio Grande do Sul e confere apelo a uma nova agenda de políticas de mitigação e adaptação climática. Em 2022, Araraquara contou com um grande alagamento na cidade, que deixou 6 mortos e a colocou em estado de emergência. Das lideranças do governo federal, estiveram presentes Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Nísia Trindade (Saúde), Márcio França (Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e do presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira.

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