Governo britânico quer mais restrição a vapes
• Reino Unido volta atrás e quer banir cigarros eletrônicos • Direito ao aborto na constituição francesa? • 521 municípios receberão vacina contra dengue • O ano mais quente no Brasil • Aquíferos do mundo estão secando •
Publicado 30/01/2024 às 17:09 - Atualizado 31/01/2024 às 17:09
O Reino Unido se vê às voltas com um preocupante crescimento do consumo dos cigarros eletrônicos entre jovens de 14 a 18 anos e estuda medidas drásticas de coibição. O primeiro-ministro Rishi Sunak fala inclusive em criar leis que conduzam os países do reino a se tornarem 100% livres de tabaco, através de restrições progressivas ao seu consumo entre as pessoas nascidas a partir de 2009.
No entanto, a ideia colide diretamente com uma recente vitória da indústria do tabaco, que conseguiu introduzir no NHS, o sistema público de saúde, o uso dos cigarros eletrônicos como método de diminuição do vício em fumar. Tal política (como se pode ver aqui e aqui) acabou de ser instituída e usa do malicioso argumento de que poderia ajudar o sistema a economizar até 500 milhões de libras. Num contexto em que anos de orientação econômica neoliberal levaram o sistema de saúde britânico à exaustão, tal tática mostrou-se eficaz.
“As crianças estão sendo recrutadas e presas desde cedo ao uso de cigarros eletrônicos e podem ficar viciadas em nicotina. Eu exorto os países a implementarem medidas rigorosas para impedir a adesão, a fim de proteger os seus cidadãos, especialmente as suas crianças e jovens”, comentou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
França estuda tornar direito ao aborto constitucional
Diante de um mundo que vê avanços de expressões políticas ultraconservadoras e neofascistas, a Assembleia Nacional Francesa recebe impulso de suas forças progressistas para evitar que a direita local inclua tal pauta na agenda política. No dia 24/1, foi apresentado por Mathilde Panot, do partido França Insubmissa, um projeto que visa incluir o direito da mulher ao aborto na própria constituição do país. “Há alguns anos, as mulheres na Polônia, Hungria, Itália e Eslováquia nunca teriam imaginado que este direito lhes seria novamente tirado. Digo-lhes que a mesma extrema-direita que prevalece nestes países quer tomar o poder em França e aplicar a mesma doutrina”, atacou Panot, em referência direta a Marine Le Pen, maior liderança da ultradireita do país, e Gerard Larcher, conservador que preside o Senado. Nos Estados Unidos, o direito ao aborto também sofreu um retrocesso, em 2022, quando a Suprema Corte derrubou a proteção constitucional que havia sido garantida por uma decisão histórica de 1973.
Como será feita a vacinação contra dengue
O primeiro lote de 750 mil vacinas de dengue do laboratório japonês Takeda já está no Brasil. Com isso, o Ministério da Saúde definiu a estratégia para distribuir a limitada quantidade de imunizantes. Serão priorizados 521 municípios cujos focos da doença ameaçam maior quantidade de pessoas. Crianças de 10 a 14 anos também contarão com a preferência. O Brasil comprou as 6,5 milhões de doses que a Takeda tem condições de entregar ainda em 2023 e já garantiu a compra de mais 9 milhões para 2025.
São necessárias duas aplicações da QDenga (nome do produto) por pessoa para completar o esquema vacinal, de maneira que neste ano apenas 3,25 milhões de brasileiros poderão receber a inédita vacina contra a doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti. Como explicou o sanitarista Gonzalo Vecina ao Outra Saúde, ações de prevenção seguem fundamentais para conter a epidemia da doença e “será necessária muita inteligência epidemiológica para distribuir as vacinas disponíveis”.
2023, o ano mais quente também no Brasil
O observatório Copernicus, da Agência Espacial Europeia, confirmou, nos primeiros dias do ano, que 2023 foi o ano mais quente do planeta nos últimos 100 mil anos. “Simplesmente não havia cidades, livros, agricultura ou animais domésticos no planeta, da última vez que a temperatura esteve tão alta”, alertou Carlo Buontempo, diretor do observatório. E uma matéria da revista Pesquisa Fapesp mostra que o Brasil não foi exceção, como confirmam os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), que faz registros desde 1961. A média de temperaturas de 2023 foi 0,03 ºC mais alta que o último ano recorde, 2015. Danielle Ferreira, meteorologista do Inmet, explica que o colapso climático já é uma realidade do presente: “Tudo indicava que teríamos um 2023 mais quente do que o normal. Enfrentamos nove ondas de calor ao longo do ano passado. Tivemos um inverno bem atípico, com poucas entradas de massa de ar, e uma primavera com atraso nas chuvas para a parte central do país. Em dezembro, no início deste verão, também houve pouca chuva”, resumiu.
Pesquisa mostra diminuição dos aquíferos no mundo
A revista Nature fez um levantamento que analisou os volumes de água de 1,7 mil sistemas aquíferos subterrâneos. A conclusão: 70% deles estão em constante diminuição. O estudo ainda mostra que cerca de um terço destes reservatórios de água doce vivem queda de 10 centímetros anuais e 12% chega a perder meio metro por ano em volume de água. O hidrologista Scott Jasechko, um dos autores do estudo, tenta dar o tom merecido à gravidade do problema. “Observações do mundo real – 300 milhões delas em centenas de milhares de poços em todo o mundo – mostram duas descobertas principais. Uma delas é que o rápido declínio das águas subterrâneas está, infelizmente, generalizado em todo o mundo, especialmente em locais secos onde as terras agrícolas são extensas. E, em segundo lugar, e ainda pior, o declínio das águas subterrâneas acelerou, se é que alguma coisa aconteceu, ao longo das últimas quatro décadas numa parcela desproporcionalmente grande da massa terrestre global”.
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