Estudos tentam fechar o cerco sobre a origem do corona

Pesquisadores estadunidenses acreditam que o vírus surgiu mesmo no mercado de Huanam, em Wuhan, China. Fizeram uma criteriosa análise dos dados disponíveis. Novos estudos virão, provavelmente, inclusive pelo caráter político do assunto

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Dois grupos de cientistas sistematizaram diversos tipos de dados existentes sobre o mercado de Huanan, na cidade chinesa de Wuhan, onde pode ter surgido o vírus causador da covid, em 2019. Após um respeitável esforço estatístico, os pesquisadores acreditam ter chegado a resultados conclusivos, reportou o New York Times. Os estudos extraíram o máximo das ferramentas de análise e convenceram diversos especialistas no assunto, reportou o jornal, enquanto outros cientistas acreditam que ainda se deve pesquisar mais.  

“Analisando uma ampla gama de dados”, escreveu o diário, “incluindo genes de vírus, mapas de bancas de mercado e a atividade de mídia social dos primeiros pacientes com Covid-19 em Wuhan, os cientistas concluíram que o coronavírus estava muito provavelmente presente em mamíferos vivos vendidos no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, no final de 2019, e sugeriu que o vírus se espalhou para as pessoas que trabalhavam ou faziam compras lá em duas ocasiões distintas”.

O biólogo evolutivo Michael Worobey, da Universidade do Arizona, coautor dos dois estudos, enfatiza a visão de conjunto proporcionada pela análise estatística, dizendo que ela propicia “uma imagem extraordinariamente clara de que a pandemia começou no mercado de Huanan”. É muito importante determinar a origem de novos patógenos para entender melhor tais episódios e construir formas de proteção epidemiológica. O aparecimento do vírus da covid foi estudado em janeiro de 2021 em uma missão patrocinada pela Organização Mundial da Saúde.

No entanto, lembra o New York Times, a OMS deixou muitos pesquisadores insatisfeitos. O próprio Worobey assinou uma carta, com 17 outros cientistas, em maio de 2021, pedindo mais investigações sobre as origens da covid – incluindo, diz o jornal, a possibilidade de que o Sars-CoV-2 tenha escapado de um laboratório a alguns quilômetros de Huanam. Os estudos de agora são de fato uma tentativa de preencher essa lacuna.

Para isso, mapearam cuidadosamente uma série de casos que haviam identificados em 2021 pela missão da OMS: 164 casos de Covid-19 em Wuhan ao longo de dezembro de 2019. Sua localização não era bem conhecida, mas a análise procurou estimar sua posição mais provável no mapa de Wuhan. Selecionaram um conjunto de casos e encontraram uma área de maior densidade no entorno do mercado. Um local relativamente pequeno, conforme a reportagem, em uma cidade de 11 milhões de pessoas.

A amostra escolhida para a análise reuniu mais casos além daqueles identificados pela OMS – como os registrados pelo aplicativo Weibo, uma mídia social pela qual pessoas com covid podiam procurar ajuda médica. A isso juntaram análises genéticas disponíveis sobre o vírus na região. Novos estudos virão, provavelmente, mas terão uma bela base para avançar mais.

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