Brasileiros querem taxar produtos nocivos à saúde

• Jovens deixaram de usar camisinha? • Covid ainda não é doença sazonal • Tarcísio não regulamenta maconha no SUS • Clima e doenças não-transmissíveis • Ozonioterapia em tratamentos oculares •

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Os brasileiros querem que cigarros, ultraprocessados e bebidas alcoólicas paguem bastante imposto para serem menos consumidos. Uma recente pesquisa do Datafolha, encomendada pela ACT Promoção de Saúde, não deixa dúvidas: 94% das pessoas ouvidas  aprovam o aumento de impostos para produtos nocivos à saúde, noticiou a Folha de São Paulo. Mais: 73% se disseram favoráveis ao financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) com as quantias arrecadadas com essa taxação. Há divergências quanto a quais produtos devem ser taxados – 79% defendem os impostos mais altos para o tabaco, 71% também os defendem para o álcool, e 57% ainda defenderiam o fim dos incentivos fiscais para setores que produzem artigos que prejudicam o meio ambiente. Mas, em todos os casos, percebe-se que o sentimento é majoritário. Existe precedente: fora do Brasil, o caso do Chile, recentemente divulgado por Outra Saúde, aponta que a taxação – especialmente quando combinada com várias outras – é uma medida eficaz na redução do consumo de bebidas açucaradas e outros ultraprocessados.

Infecções sexualmente transmissíveis em alta entre jovens

As ISTs estão em alta em todas as faixas etárias da população brasileira – 1 milhão de novos diagnósticos foram registrados só em 2019. Chegou ao fim, inclusive, uma sequência histórica de vários anos de queda nos casos de HIV/aids, que voltaram a subir naquele mesmo ano. Mas, como aponta uma matéria da Folha de São Paulo, a alta entre os jovens é a que mais preocupa os profissionais da saúde: nesse segmento, o uso de preservativos no ato sexual caiu de 47% para 22% em apenas dois anos. A falta de educação sexual adequada e as barreiras (econômicas, sociais, culturais) ao acesso aos métodos de prevenção são apontadas como fatores para essa queda. Mas a redução das taxas de vacinação, em especial contra o HPV, também pode ter sido determinante para o crescimento dos diagnósticos de IST. A reversão do desmonte das políticas públicas de prevenção é um primeiro passo para frear essa alta – mas as autoridades devem exercer a inventividade na criação de estratégias contra esse problema, pois só essa medida pode não ser o suficiente.

A covid ainda não tem um padrão sazonal previsível

Quando pensamos nas doenças respiratórias, muitas vezes já pensamos na sequência na época do ano em que elas são mais comuns onde vivemos: o inverno, ou a época de chuvas, a depender da latitude do Brasil de que estamos falando. Mas o que uma pesquisa noticiada pelo jornal de saúde norte-americano Stat indica é que, diferente da gripe, a covid-19 não possui um padrão sazonal de infecções, ou pelo menos ainda não há um que seja identificável a partir dos dados oficiais. Os especialistas entrevistados pelo site divergem: alguns crêem que a doença desenvolverá futuramente um padrão sazonal, outros não. Maria Van Kerkhove, da equipe técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a covid, acredita que ela já possui uma “periodicidade”, mas não uma que seja ligada às condições climáticas. “A cada cinco ou seis meses”, ela diz, “é possível ver ondas de infecção, mas não a nível nacional e nem hemisférico”.

Canabidiol no SUS em SP ainda não saiu do papel

Ainda em janeiro, Tarcísio de Freitas assinou a Lei Estadual 17.618/2023, que prevê o fornecimento gratuito do canabidiol (CBD) em São Paulo pelo SUS. Porém, 8 meses depois, o CBD ainda não está disponível aos paulistas, por falta de regulamentação da legislação. O GT Canabidiol, que ficou encarregado de formular as diretrizes dessa regulamentação, divulgou uma nota pública denunciando a situação. Os parlamentares, pesquisadores e associações que o compõem reivindicam por meio do documento a “imediata publicação da regulamentação da Lei 17.618/2023, contemplando neste momento as patologias consensuadas, já que o retardamento implica diretamente na saúde e na qualidade de vida da população que carece da medicação e não possui recursos financeiros para adquiri-la”. Para que o trabalho dessas pessoas não se perca e para que os pacientes tenham acesso ao tratamento que precisam, espera-se que o governo Tarcísio, apesar de sua inclinação obscurantista, atenda ao chamado.

Doenças-não transmissíveis ligadas às mudanças climáticas preocupam a OMS

De acordo com um relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), até o final do século, é possível que ocorram até 9 milhões de mortes anuais por razões ligadas ao clima. Muitas dessas teriam como causa a subnutrição, o calor ou doenças transmitidas por vetores. Porém, um artigo de três diretores da OMS para o Health Policy News argumenta que é preciso voltar as atenções para a incidência das mudanças climáticas sobre as doenças não-transmissíveis, em especial as cardiovasculares. A COP-28, eles apontam, é o principal espaço de discussão da agenda internacional de meio ambiente. Sua data está se aproximando e, ao que tudo indica, não haverá nenhum debate em torno dessas doenças. O risco é grave: as mortes podem seguir aumentando sem nenhuma resposta organizada.

CBO diz não à ozonioterapia em tratamentos oculares

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) se manifestou em nota para afirmar que não vê evidências “sólidas” para a eficácia da ozonioterapia no tratamento de doenças oculares e reforçar que “a adoção dessa abordagem como terapia médica (principal ou complementar) é desaconselhada”. O documento reproduzido pela Agência Brasil responde à recente e inesperada sanção da Lei 14.648/23, que autoriza a prescrição dessa técnica em caráter complementar, pelo Governo Federal. O Conselho defende ainda “que o uso amplo dessa abordagem pode potencializar problemas de saúde”, ao potencialmente afastar os pacientes de terapias de eficácia comprovada. A nota critica ainda “a disseminação de informações falsas induzindo [o uso da ozonioterapia] por pacientes de alta complexidade”, em referência à série de inverdades bolsonaristas que prejudicaram muitas pessoas durante a pandemia da covid-19.

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