Emissões de carbono na Amazônia dobraram nos anos Bolsonaro

• Dados do desastre ambiental sob Bolsonaro • Farmácias públicas terão de informar estoque de medicamentos • Saúde mental em João Pessoa • Solidão e depressão em idosos • Amamentação e sistema digestório • Direito ao congelamento de óvulos? •

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Pesquisadores liderados por Luciana Gatti, do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicaram artigo na revista Nature que deixa claro o passivo ambiental deixado pelo governo Bolsonaro. Assinado por mais de 30 pesquisadores, de universidades brasileiras e estrangeiras, o trabalho apresenta dados sobre o desmatamento entre 2010 e 2020. Nesse período, os pesquisadores fizeram 742 voos em avião de pequeno porte para coletar amostras dos níveis de monóxido e dióxido de carbono. Foram impressionantes 89% e 122% de aumento das queimadas em 2019 e 2020, respectivamente, em relação ao período anterior. No intervalo, também foi registrada diminuição nas chuvas e aumento de 0,6% da temperatura média.

Quanto às atividades realizadas no período que contribuíram para o aumento das emissões de carbono, os pesquisadores registraram que houve aumento de 80% no desmatamento; 42% nas áreas queimadas; 693% na exportação de madeira bruta saindo da Amazônia; 68% na área plantada de soja; 58% na área plantada de milho; e 13% do rebanho bovino dentro da Amazônia, enquanto diminuiu no resto do Brasil. O artigo defende que o avanço da degradação do bioma está diretamente relacionado à diminuição do uso dos aparatos de repressão e inibição de crimes ambientais, como multas e tomada de máquinas usadas para desmatamento ilegal. 

Vale lembrar que o dia 10 de agosto de 2019 ficou conhecido como o Dia do Fogo. Foi quando madeireiros e outros usurpadores de recursos naturais, em ação incentivada pelo então ministro Ricardo Salles, avançaram sobre a floresta com centenas de focos de incêndios simultâneos. O evento provocou escuridão no céu de cidades do Sudeste, causada pela fumaça que se deslocava. Já em 2020, foi a vez do Pantanal experimentar a sanha extrativista de Salles, quando novas queimadas conjuntamente orquestradas destruíram quase 4 milhões de hectares do bioma.

Nova lei exige publicidade de estoques de farmácias públicas

Foi publicada nesta quarta, 23/8, a Lei 14.654, que entrará em vigor em janeiro de 2024. Ela determina que as drogarias públicas conveniadas ao Farmácia Popular publiquem seus estoques de medicamentos na internet, a fim de facilitar a busca de cidadãos. A medida vale para farmácias geridas diretamente pelo SUS, seja em unidades básicas, ambulatoriais ou hospitalares. O projeto tem origem em proposta de 2019 do ex-deputado federal Eduardo Cury (PSDB-SP), para quem “os pacientes perdem tempo e dinheiro nas visitas constantes às farmácias e não conseguem obter o remédio indicado, o que é, no fim das contas, um enorme desrespeito com os usuários da rede pública de saúde”. Com a retomada dos investimentos no programa Farmácia Popular, esvaziado à época da elaboração desta proposta, espera-se sobretudo que a cidadania não tenha preocupação com o abastecimento de remédios, em especial aqueles incluídos na lista de gratuidades para beneficiários do Bolsa Família.

Ataques conservadores à saúde mental de João Pessoa

Uma longa reportagem do Brasil de Fato detalha ataques e perseguições políticas a profissionais e estruturas da Rede de Atenção Psicossocial de João Pessoa, capital da Paraíba. A matéria, que entrevista profissionais de forma anônima para evitar retaliações, relata demissões e fechamento de locais de atendimento, em notório confronto com os profissionais, coletivos e redes de familiares que aplicavam os princípios da reforma sanitária no tratamento e acompanhamento dos assistidos. Os acontecimentos também coincidem com a realização da Conferência Municipal de Saúde Mental, ocorrida em maio de 2022. Os entrevistados também apresentam relatos de abusos de gestores que balizavam suas práticas nos tratamentos “manicomiais”, práticas já condenadas pela comunidade científica. O atual prefeito da cidade é Cícero Lucena, do partido Progressistas, também ex-governador e senador. Luis Ferreira de Sousa era secretário de saúde quando começaram as perseguições – se desligou do cargo em 6/8. Janine Lucena, filha do prefeito, é a secretária interina. Para além das perseguições, a matéria relata uma dinâmica de desmonte e abandono dos serviços de saúde mental da cidade.

Solidão e depressão em idosos brasileiros

Mais de um terço dos idosos no Brasil, cerca de 34%, apresentam sintomas depressivos, enquanto 16% relatam sentimentos de solidão, revela um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa, baseada nas respostas de 7.957 indivíduos com 50 anos ou mais para a primeira edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), aponta que a solidão é mais frequente entre as mulheres e está correlacionada com má qualidade do sono e autoavaliação negativa da saúde. A presença desses sentimentos é mais notável em idosos que sempre se sentem solitários. O risco de desenvolver depressão dobra para aqueles que vivem sozinhos, devido à falta de relações de suporte – o que compromete o envelhecimento saudável. A relação entre solidão e depressão tem implicações preocupantes, já que ambos os estados podem levar a comportamentos prejudiciais à saúde, destacam os especialistas.

A interrupção precoce da amamentação pode afetar estômago e intestino

Pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) que faziam estudos com ratos descobriram que o desmame precoce leva a alterações significativas no crescimento do estômago e intestino, que podem persistir na fase adulta, contribuindo para o surgimento de distúrbios gastrointestinais. Segundo o Jornal da USP, nos roedores, a diminuição da mucosa intestinal dificulta a absorção de moléculas, enquanto o aumento no crescimento do estômago resulta em maior número de células com modificações genéticas. O estudo, publicado no Journal of Cellular Physiology, baseou-se em ratos cuja amamentação foi interrompida aos 15 dias, mostrando que o período ideal de 21 dias de amamentação evita essas complicações. A pesquisa ressalta a necessidade de estudos clínicos em humanos para compreender melhor os efeitos do desmame precoce e suas complicações gastrointestinais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação até os dois anos, enfatizando seus benefícios para o crescimento e desenvolvimento infantil, e o estudo reforça a importância dessa prática.

STJ decide que seguro deve garantir congelamento de óvulos

Em mais um episódio da judicialização da relação entre usuários e planos privados de saúde, o STJ decidiu que uma mulher de 24 anos diagnosticada com câncer de mama tem direito de ter seus óvulos congelados – com a empresa seguradora garantindo o custeio do procedimento. Segundo o despacho do juiz, a mulher tem direito à preservação de seus óvulos pois isso se enquadraria na concepção de planejamento familiar, série de práticas previstas nos contratos do serviço privado de saúde.

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