Bahia: MST avança para fortalecer o direito à saúde universal

No último sábado, foi celebrada a formação de Agentes Populares da Saúde no Campo para atuar de norte a sul no estado. Assim avança a articulação das pautas de Saúde e o acesso em regiões onde o Estado não chega, e o fortalecimento da luta pela Reforma Agrária

Atuação de Agente Popular de Saúde em Pernambuco, 2021. Foto: Campanha Mãos Solidárias
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Durante a pandemia, os esforços para ampliar os cuidados coletivos contra o coronavírus nas periferias urbanas e rurais culminaram na mobilização de movimentos sociais e organizações de Saúde para consolidar a formação dos Agentes Populares de Saúde. O trabalho comunitário, realizado por meio de cursos teóricos e práticos, tem como público preferencial lideranças comunitárias, residentes dos territórios da ação e que somam esforços aos serviços do SUS, atuando junto aos Agentes Comunitários da Saúde e à equipe de Saúde da Família. Iniciado em 2020, o projeto já conta com mais de 2 mil agentes voluntários atuando. Nesse momento de crise global, a articulação posiciona as pautas de saúde como indispensável também para o projeto político da Reforma Agrária.

No último sábado, durante o 34º Encontro Estadual do MST na Bahia, foi celebrada a formatura de 43 agentes populares do campo. Ao todo, de acordo com a sanitarista e uma das coordenadoras do projeto, Paulette Cavalcanti, a campanha de formação já é aplicada em seis estados do Nordeste e reforça a ampliação do acesso à saúde: “Esse espaço foi um momento para discutir a importância desse novo sujeito dentro da pauta da saúde e dentro da pauta da reforma agrária. A gente vê que uma grande quantidade de acampamentos e assentamentos são excluídos do sistema de saúde e não tem agentes comunitários, que é [programa] oficial do governo”.

No Ceará, a agente e militante do MST, Vera Mariano, ressalta a experiência do trabalho de formação nos próprios roçados e do diálogo próximo com as famílias. Conta que na sua região são cinco brigadas que trabalham nas zonas rurais, atuando em doze acampamentos e um assentamento do Movimento. As três regiões do estado cearense, no litoral, Sertão dos Inhamuns e Sertão Central, contam com uma articulação de formações presenciais e online com o apoio da Fiocruz e do Conselho Estadual de Saúde.

Cavalcanti, que é pesquisadora do departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz e uma das coordenadoras do Projeto Mãos Solidárias/Periferia Viva, conta que há um primeiro momento de formação, quando são explicadas quais as características biológicas da covid, seguido de orientações e práticas pedagógicas como oficinas, cadastramento e mapeamento comunitário, serviços e direitos. “A gente parte para discutir as formas de prevenção, desde como lavar as mãos, até o cuidado para não tocar nos olhos, nariz, na boca, o uso de máscaras. Os cuidados que a gente tem com as pessoas que estão ao nosso redor para manter uma distância de um metro e meio e uma lista das atribuições que o Agente Popular deve desempenhar na sua comunidade”, além de formar sobre a importância da campanha de vacinação.

Uma cartilha didática de subsídio à formação de Agentes Populares da Saúde está disponível em versão online no site da campanha Mãos Solidárias, e teve no apoio de sua construção a Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares, Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), Fundação Rosa Luxemburgo, com materiais produzidos por uma grande rede de profissionais do campo da saúde – sanitaristas, enfermeiros, assistentes sociais, entre outros.

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