Resenha Semanal
13 a 20 de dezembro 2019. A crise da semana ficou por conta dos chocolates criminosos de Flávio Bolsonaro. O clã está em pânico. A chegada do natal traz desafios ao esquerdista…
Publicado 20/12/2019 às 16:46 - Atualizado 20/12/2019 às 17:10
Na depressão causada pela derrota eleitoral da aliança mais interessante que a esquerda já produziu nos últimos anos no Reino Unido, a rachadinha de Flávio Bolsonaro e as ligações do clã com milicianos dominaram o noticiário. Chegou muito perto do presidente e parece que há um consenso no andar de cima que Jair vai ser chamuscado.
A imprensona vem dando repercussão às investigação da MP do Rio de Janeiro, que detalhou o esquema criminoso de Flávio quando deputado, explicitando o papel de Queiroz no esquema, que envolvia várias ligações com o “Escritório do Crime” miliciano.
Por ter imunidade, Flávio não deve ser preso, mas poderia perder o mandato. O maior perigo reside no que pode ser descoberto ao redor das rachadinhas: o assassinato de Marielle. Isso sim poria o governo abaixo.
Nada disso aconteceria sem a anuência de Moro e dos militares. Uma série de fotos que mostram Moro e Bolsonaro juntos, constrangidos um com o outro, repercutiu nas redes.
O clã Bolsonaro está em pânico, eles não tem apoio suficiente no Congresso, desconfiam que Moro (mais popular que Jair) está no mínimo de corpo mole e não segura a Polícia Federal. Entraram com habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal, a quem tanto criticam.
Além disso, por causa da Previdência militar que premia o alto clero mas pune os cabos e sargentos, seu apoio nos quartéis e polícias estaduais pode ter esvaziado. Parte da esquerda, deputados do PSOL, buscaram aproximação com os cabos e sargentos traídos pelo presidente, apesar de críticas dentro da própria esquerda.
Bolsonaro ensaiou vetar o aumento do fundo eleitoral, que financia campanhas, aprovado pelo Congresso. Mas, devido à achocolatagem de Flávio, deve aprovar para evitar impeachment.
O ministro Sérgio Moro consegue avaliar que o governo não tem casos de corrupção. A maneira como a frase é montada permite que seja correta (isto é, não há investigação em andamento) mesmo com a presença de investigados em ministérios: seis ministros enfrentam acusações e suspeitas na Justiça, como (Ricardo Salles, Paulo Guedes e Marcelo Álvaro Antônio), além do réu confesso (Onyx Lorenzoni) – e com Flávio Bolsonaro, que tecnicamente não é do governo.
O chocolate da Kopenhagen agora está vinculado ao crime do senador Flávio… O juiz Luís Carlos Valois usou as redes sociais para ironizar o uso de uma loja de chocolates da empresa para lavar dinheiro proveniente de esquemas de corrupção. O magistrado é a favor da descriminalização da maconha e repetiu argumentos de quem é contra (como o presidente), agora no contexto do escândalo da Kopenhagen:
“Usuário de chocolate é tudo va-ga-bun-do, ficam alimentando o crime. Se não tivesse consumidor de chocolate, não teria o vendedor e as lojas não lavariam dinheiro”.
Saiu no Valor Econômico que aumentou o número de brasileiros que saem do país em busca de melhores condições. Muitos são “famílias de classe média e média alta, muitos profissionais liberais e empresários. O que eu vejo é que o Brasil vem perdendo um tipo de mão de obra importante”.
Resumindo: é a galera que ganhou muito dinheiro no governo do PT, que se formou com qualidade nas universidades públicas, que votou no Bolsonaro e que agora sai fora. Valeu!
O presidente do BNDES admite que não há “caixa-preta” e que as investigações internas para incriminar o PT deram em nada… Até o Marcelo Odebrecht admitiu que o banco não lhes favoreceu.
Lula percorre o país reerguendo o PT e articulando com a esquerda. Por um lado, precisa costurar um novo movimento que pense o futuro e traga propostas ousadas, progressistas e inovadoras para o Brasil. Por outro, tem que defender instituições indefensáveis em suas presentes formas, como o STF. Os movimentos exigem ousadia, mas os políticos e parlamentares preferem a composição com o que existe, reduzindo tudo ao calendário eleitoral.
Um exemplo é a candidatura municipal em São Paulo. Aventa-se a chapa Haddad-Marta Suplicy, o que seria uma composição ofensiva para muitos militantes, que não perdoam a senadora por ter apoiado o golpe de 2016 e viabilizado o governo Temer.
CHEGOU !!
DICAS DE PRESENTES
Em dúvida a respeito de como presentear fora de sua bolha? Abaixo duas idéias que vão cair muito bem…
Karol Eller é lésbica e youtuber, apoiadora de Bolsonaro que foi recompensada com um cargo na EBC. No passado, ela negou que exista homofobia e que o movimento LGBT instrumentaliza o vitimismo – e que o Bozo não é homofóbico. Ela foi agredida a socos e pontapés na Barra da Tijuca por um homem. Em seu depoimento à polícia, disse que foi uma agressão homofóbica.
Já o agressor disse que quem começou a briga foi ela. A delegada, que vinha tratando o caso como violência homofóbica, voltou a trás depois do depoimento do agressor e de ter visto as imagens das câmeras.
Repercutiu bastante na imprensa e na esquerda. No geral, se tomou o caso como exemplar para quem é gay e que apoiou Bozo mesmo assim. Poucos na canhota a agrediram, e a maioria apoiou. Bolsonaro não falou nada diretamente, Moro também não.
De olho nas vendas, as editoras relançaram vários títulos já em circulação no mercado, acrescidos de contribuições originais de personalidades políticas. Grandes presentes!
A imprensa do esgoto teve acesso ao relatório da PF resumindo o caso da operação Spoofing, que prendeu os supostos hackers que teriam invadido os celulares de Dallagnol e outros. Em seu relato, o site busca associar Gregório Duvivier, que aparece em diálogo com um dos hackers, com a seleção de alvos para ataque. O humorista nega que tenha proposto alvos.
Aliás, lendo as postagens na zona proibida – os comentários abaixo das notícias – do Antagonista, deu para notar que tem um tipo de robô Dorista. São mensagens que buscam aproximar o PT e os Bozo: “os bolsonaristas sãos os novos petistas”.
É uma forma de preservar o discurso do antipetismo e do punitivismo, mas ao mesmo tempo tirar Jair do pedestal do anti-Lula. Com o caso dos chocolates de Flávio, essa pauta aparece em várias formulações diferentes.
O Congresso americano votou pelo impeachment do presidente Trump, mas falta a votação no Senado, onde vai ser difícil passar. O auê foi grande, mas não parece ter mudado o cenário político muito profundamente. Mas valeu mesmo assim.
Vimos pelo menos dois casos de homens vestindo símbolos nazistas em shoppings do Brasil. Apesar de ser crime fazer apologia do nazismo, a PM não agiu apesar de acionada em um dos casos, por não saber a posição legal. A emergência de militância aberta e pública da extrema-direita estão pipocando em todo lugar.
A guerra cultural continua, desta vez com ofensivas evangélicas contra o especial de natal do grupo Porta dos Fundos. Tentativa de censura, reclamações ao Netflix… muito barulho!
Por outro lado, uma juíza impediu a realização de um show gospel no Rio de Janeiro, durante o reveillon. Foi a pedido de uma associação dos Ateus, que alegou que seria dar preferência a grupo religioso.
Espártaco era escravo no império romano que reuniu grande exército de seus iguais, rebelando-se contra a ordem escravocrata. Vitoriosos sobre os servos no campo de batalha, os romanos buscavam encontrar o líder dentre os poucos rebeldes que restavam. Ofereceram poupar os revoltosos da infame e escabrosa crucifixão se Espártaco se apresentasse. Ele (no filme o ator Kirk Douglas com sua bala Soft no queixo) ia se apresentar, mas a galera não deixou e gritou o grito de todos os escravos de todas as épocas!
Checa em https://www.youtube.com/watch?v=drxeH6_8QCs
Muita calma! Tudo vai passar e em casa tem carinho:
Além disso, lembre-se:
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